"Afinal, metade da humanidade é mulher. E, a outra metade, filha
de mulher."
(Frei Betto, Tribuna da Imprensa, 7 de março de 1996,
Jesus e as mulheres)
No dia
08 de março do longínquo ano 2008, usando uma antiga "ferramenta" de
comunicação denominada "e-mail", enviei para uma pequena lista de
colegas de trabalho uma mensagem alusiva ao Dia
Internacional da Mulher. Desde então passei a enviar uma mensagem alusiva a
tal dia para uma quantidade de destinatárias cada vez maior e a ter que lidar
com um grau de dificuldade também cada vez maior para elaborar tais postagens.
Afinal, elaborar frequentemente textos sobre um mesmo tema requer uma
inspiração que nem sempre se tem. Dificuldade da qual eu não poderia eximir-me após
receber em 2009 uma mensagem que continha as seguintes palavras:
"Obrigada por vir tornando o Dia da Mulher cada vez mais aguardado!Acredita que eu já havia pensado: 'será que esse ano o Guedes vai lembrar de nós???'"
A
criação deste blog, em fevereiro de 2011, fez com que a mensagem passasse a ser
enviada não só para as destinatárias da minha lista de e-mails, mas também para
os destinatários, o que ocorre até hoje, pois, por mais incrível que possa
parecer, o e-mail ainda é uma opção como "ferramenta" de comunicação.
A postagem de 28 de fevereiro de 2018 é intitulada "E o e-mail,hein?".
Diante
da dificuldade citada no primeiro parágrafo, o jeito é providenciar a mensagem
com antecedência procurando nas minhas leituras algo que tenha a ver com essa
data que considero uma das mais significativas. Sendo assim, o texto que seria
publicado hoje já estava pronto quando a postagem anterior foi publicada. Que
seria, pois um comentário sobre a postagem anterior enviado via e-mail por uma
ex-colega de trabalho levou-me a mudar de ideia, e eu explico. Explicação que
começa com a reprodução do comentário recebido.
"Oi, Guedes, meu amigo!Faz tempo que não me manifesto, mas hoje, diante deste texto tão verdadeiro e realista, resolvi me expressar.Como sempre, seus textos são mt bem escritos e, não raro, nos fazem parar e pensar, ou repensar a vida, repensar o mundo no qual vivemos.Eu ainda não tinha terminado de ler tudo e já estava questionando que quase nada havia mudado, mesmo depois de quase 100 anos. Até que no final, foi esta conclusão que foi chegada. Mas a frase final resumo tudo: 'O futuro da humanidade não será decidido pelas relações entre nações, mas pelas relações entre homens e mulheres.' Mas acrescento que para que o futuro da humanidade caminhe para o bem de todos (utopia), esses homens e mulheres têm que ser homens e mulheres de bem, boa índole, bom caráter, comprometidos de verdade com um melhor futuro pra todos, para as gerações vindouras; que resolvam se relacionar entre si com esse propósito ... mas aí eu acordo.Excelente dia pra você.Forte abraço.?????."
Composta
de reflexões sobre o futuro do trabalho, a postagem anterior foi finalizada
fazendo referência ao próprio futuro da humanidade, dizendo que ele será
decidido pelas relações entre homens e mulheres e fazendo uma chamada para a postagem
alusiva ao Dia Internacional da Mulher.
Coincidentemente (?) foi o final da postagem que provocou a manifestação da amiga
"que faz tempo não se
manifestava" e que levou-me a
trocar o texto que seria espalhado no dia de hoje. Dito isto, releiamos o
trecho final do comentário recebido.
"Mas para que o futuro da humanidade caminhe para o bem de todos (utopia), esses homens e mulheres têm que ser homens e mulheres de bem, boa índole, bom caráter, comprometidos de verdade com um melhor futuro pra todos, para as gerações vindouras; que resolvam se relacionar entre si com esse propósito ... mas aí eu acordo."
E já
que aí ela acorda, creio que seja esse o momento propício para apresentar, não
só a ela como também a quem ler esta postagem, algumas considerações sobre duas
coisas a que ela se refere em seu comentário: utopia e sonho. No que tange à
utopia, cito como ela é enxergada por Slavoj Zizek e por Eduardo Galeano.
"Quando me dizem 'você é um utópico', digo: 'a única utopia de fato é acreditar que as coisas podem seguir indefinidamente seu curso atual'. (Slavoj Zizek [1949], filósofo esloveno, nascido na antiga Iugoslávia)."A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar." (Eduardo Galeano [1940 – 2015], jornalista e escritor uruguaio).
No que tange
ao sonho, cito como ele é enxergado por Zalkind Piatigorsky e por Miguel de Cervantes.
"A realidade de hoje, foi o sonho de ontem; o sonho de hoje, será a necessidade de amanhã; e, em todas as épocas zombou-se dos sonhadores..." (Zalkind Piatigorsky [1935 – 1979], poeta e juiz de direito brasileiro)."Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha junto é o começo da realidade". (Miguel de Cervantes [1547 – 1616], escritor, dramaturgo e poeta espanhol).
Sim, como diz a minha amiga, "Para que
o futuro da humanidade caminhe para o bem de todos (utopia), esses homens e
mulheres têm que ser homens e mulheres de bem, boa índole, bom caráter,
comprometidos de verdade com um melhor futuro pra todos, para as gerações
vindouras; que resolvam se relacionar entre si com esse propósito".
Homens
e mulheres entre os quais nós estamos incluídos, caras pálidas! Homens e
mulheres que passem a enxergar "uns
as outras", como
possuidores (as) dos mesmos direitos e da responsabilidade pelos
mesmos deveres.
Homens
e mulheres que, assim como Slavoj Zizek, entendam que "a única utopia de fato é acreditar que as coisas podem
seguir indefinidamente seu desastroso curso atual".
Homens e mulheres que, assim como Eduardo Galeano,
entendam que embora, por mais que se caminhe, jamais se alcance a utopia, é
caminhar em direção a ela que leva-os (as) a não deixarem de caminhar em direção
a algo que faça jus ao termo civilização. "Defino civilização, em termos gerais, como progresso tanto
espiritual quanto material em todas as esferas de atividade, acompanhado por um
desenvolvimento ético dos indivíduos e da humanidade.". O autor dessa
definição? Albert Schweitzer (1875 – 1965), Prêmio Nobel da Paz em 1952. A
postagem de 04 de setembro de 2016 é intitulada "Albert Schweitzer – Um integrante da boa elite (I)". As de 09 e 15 de
setembro são as partes (II) e (final).
Homens
e mulheres que assim como Zalkind
Piatigorsky, acreditem que o sonho de hoje, será a necessidade de amanhã. E que
assim como Miguel de Cervantes, entendam que se o que é sonhado
sozinho é apenas um sonho; o que é sonhado por muitos é o que dá início a uma
nova realidade.
Enfim, homens e mulheres que aproveitem este Dia Internacional da Mulher para refletir sobre tudo o que foi conseguido
por elas até hoje e sobre tudo o que falta ser feito por eles para que, algum
dia, como diz a minha amiga em seu comentário, "homens e mulheres resolvam se relacionar entre si com o seguinte
propósito": "tornar o futuro da humanidade
algo melhor para todos."
Afinal, repetindo mais uma vez o que disse o escritor inglês D. H. Lawrence (1885 – 1930), "O futuro da humanidade não será decidido pelas relações entre
nações, mas pelas relações entre homens e mulheres." Ainda acordadas (os)?
Quanto ao texto que seria espalhado neste dia e que foi trocado
pelo apresentado acima, apesar da citada dificuldade cada vez maior em elaborar
um texto alusivo ao Dia Internacional da
Mulher, guardá-lo para publicá-lo no próximo ano é algo que não está em
meus planos. Até porque, uma coisa que não deve constar nos planos de quem quer
que seja, é a garantia de ainda estar presente nesta dimensão em datas
vindouras, principalmente nos de quem já tenha chegado à terceira, e última,
idade. Sendo assim, minha pretensão é publicar brevemente o texto que seria
espalhado hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário