Continuação
de terça-feira
"Temos desafios que vão exigir cooperação em relação a novas doenças, à mudança climática, à insegurança alimentar, à circulação de bens de consumo, à empregabilidade. Isso tem que ser resolvido de modo colaborativo, coletivo, mundial, porque vivemos numa aldeia global. O que acontece num lugar gera impactos no mundo inteiro, não há como negar. Atentos a isso, vamos ter que colaborar mais.", diz Renato Noguera.
Ou seja, temos desafios que, mais do que uma profunda
transformação, exigirão de nós uma verdadeira virada pelo avesso, pois de indivíduos
competitivos teremos que nos tornar indivíduos cooperativos; colaborativos. Até
porque, como diz Terry Orlick [1945 – 2021], no livro Vencendo a competição, "Apesar do mau uso de suas teorias,
Charles Darwin afirmou claramente que, para a raça humana, o valor mais alto de
sobrevivência está no senso moral e na cooperação – e não na competição.".
Sim, "vamos ter que colaborar mais", simplesmente, para conseguirmos
sobreviver.
"Também precisamos evitar as fantasias salvacionistas no âmbito de vida pública.", diz Renato Noguera.
No meu entender, mais do que "evitar as fantasias
salvacionistas no âmbito de vida pública", o que precisamos é eliminá-las,
pois enquanto prosseguirmos acreditando que cabe a algum salvacionista a
responsabilidade de resolver problemas que nos afligem, jamais assumiremos a
responsabilidade de resolvê-los, e consequentemente eles se eternizarão. E ao
falar em assumir responsabilidade, vem-me à mente um diálogo apresentado em um episódio do
programa televisivo intitulado Pedro pelo
mundo, no qual, em viagem a Tanzânia, Pedro Andrade conversa com Maria
Sarungi-Tsehai, empresária, ativista e responsável pela campanha Muda Tanzânia.
- Quando falamos na Tanzânia, falamos num país que está mudando, passando por um momento muito positivo, muito otimista, mas ainda há muita pobreza, por exemplo.- Sim.- O que precisa mudar?- Acho que dois aspectos precisam mudar. Um deles, e o mais importante: A atitude precisa mudar para todos nós. A atitude que temos como cidadãos é uma atitude passiva. Quando falamos dos nossos problemas, dizemos que o governo deveria fazer assim ou assado. E o governo não é a solução. Por quê? Porque mesmo que você queira que o governo faça algo é sua obrigação de cidadão pressionar o governo para fazer essa mudança. O governo, por sua vez, também precisa mudar de atitude. A verdade é que o povo conhece a saída. Escute o povo e aja! Atitude e ação. Precisamos de ação agora. Se dissermos "Vamos esperar mais cinco anos e talvez o governo mude e algo aconteça", nada vai mudar! Problemas não desaparecem. Depende de nós resolvê-los.- Acho que gente como você pode mudar o mundo.- Eu também acredito. Todos nós podemos!- Obrigado.- Obrigada.
Sim, como diz Maria Sarungi, "Problemas não desaparecem. Depende de nós, de todos
nós, resolvê-los".
Como resolvê-los? Com "Atitude e ação", duas coisas que todos nós precisamos agora,
segundo ela. O episódio reproduzido acima consta também da
postagem publicada em 11 de janeiro de 2022 sob o título Esperançar. Uma postagem que segundo minha "insuspeita" opinião vale
a pena ler.
"Somos muito mais amorosos do que o individualismo quer nos fazer crer. Em tempos críticos, o filósofo Renato Noguera se apoia em saberes ancestrais para acordar em nós o sentido de comunidade e pertencimento."
"Apoiar-se em saberes ancestrais para acordar em nós o sentido de comunidade e
pertencimento.", pois segundo ele, "Somos muito mais amorosos do que
o individualismo quer nos fazer crer.", eis a pretensão de Renato Noguera,
um doutor em filosofia, docente no Departamento de Educação e Sociedade da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador do Laboratório de Estudos
Afro-Brasileiros e Indígenas que teve a mente e o coração fertilizados por
mestres como Ailton Krenak, Davi Kopenawa, Mãe Stella de Oxóssi, Nêgo Bispo,
Sobonfu Somé e Sandra Benites.
"Ter a
mente e o coração fertilizados por mestres que apoiados em saberes ancestrais tentam
acordar em nós o sentido de comunidade e pertencimento", ou seja,
o amor pelo coletivo, eis uma condição imprescindível para transformarmo-nos em
cooperadores na construção de uma coletividade que algum dia faça jus ao termo
civilização.
"O mundo que criamos, como resultado de nosso pensamento, tem agora problemas que não podem ser resolvidos se pensarmos da mesma forma que quando os criamos. Não podemos resolver nossos problemas usando o mesmo tipo de pensamento que os criou. Portanto, é imprescindível uma nova maneira de pensar. É preciso entender que uma nova maneira de pensar não é pensar coisas novas: é pensar de outra maneira."
De quem são as palavras acima? De Albert Einstein. Por
que cito-as nestas reflexões? Porque, no meu entender, "pensar de outra maneira" pode ser interpretado como pensar à luz de saberes ancestrais.
"Apoiar-se em saberes ancestrais para acordar em nós o
sentido de comunidade e pertencimento, pois somos muito mais amorosos do que o
individualismo quer nos fazer crer."
eis o que faz o filósofo Renato Noguera nestes tempos críticos. Tempos
críticos em que o que está desperto em nós é o ódio coletivo. Sim, é preciso acordar
em nós o amor pelo coletivo para que não venhamos a dar veracidade à seguinte
afirmação de Martin Luther King: "Teremos
de nos arrepender nesta geração não tanto das ações das pessoas perversas, mas
dos pasmosos silêncios das boas pessoas."
"Apoiar-se em saberes ancestrais para acordar em nós o
sentido de comunidade e pertencimento",
eis o que todos nós precisamos fazer, pois como disse Nelson Mandela, "Para
ser feliz é preciso viver em coletividade, em harmonia com quem está a sua
volta, e isso é ubuntu." Ler a postagem publicada em 17 de novembro de
2015 sob o título Ubuntu, eis, na minha "insuspeita" opinião, uma boa ideia.
"Apoiar-se em saberes ancestrais para acordar em nós o
sentido de comunidade e pertencimento"
e dessa forma adquirir sabedoria suficiente para combater a ignorância
humana trazida à tona em vários países (inclusive neste em que sobrevivemos) deste
insano planeta por ocupantes do cargo de governantes (sic) inteiramente desprovidos
daquilo que intitula o texto que provocou estas reflexões: o amor pelo
coletivo. E ao falar em ignorância humana, trago para estas reflexões algo que
encontrei em um vídeo publicado ontem no endereço https://www.youtube.com/watch?v=jobj0o8zSE4.
"O Bolsonaro é uma autoimagem de muitos brasileiros: racista, homofóbico, misógino, sádico e subletrado. Todo mundo tem um Bolsonaro perto de si dizendo diariamente o que ele tem dito: um amigo, um marido, um tio, um avô, um colega de trabalho. Bolsonaro não é um mito, Bolsonaro é o espelho da ignorância humana." (André Nascimento Pontes, professor de Lógica do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas).
Será que faz sentido afirmar que o professor André
Nascimento Pontes optou por não situar-se entre os citados por Martin Luther
King quando ele diz que "Teremos
de nos arrepender nesta geração não tanto das ações das pessoas perversas, mas
dos pasmosos silêncios das boas pessoas."?
No meu entender, sim, e no de vocês? E nós, como pretendemos situar-nos em
relação à afirmação de Martin Luther King?
"Ter a mente e o coração fertilizados por mestres que apoiados em saberes ancestrais tentam acordar em nós o sentido de comunidade e pertencimento", eis a tarefa que cabe a todos que almejem cooperar para que algum dia este planeta atinja um estágio evolutivo que possa fazer jus ao termo civilização. É com a intenção de ajudá-los a perceberem a imprescindibilidade de engajarem-se em tal tarefa que a próxima postagem espalhará um texto intitulado A sabedoria dos povos indígenas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário