"A única coisa permanente é o estado de contínua mutação" é uma afirmação atribuída a um filósofo pré-socrático de nome Heráclito que, segundo historiadores, viveu na Grécia, no período compreendido entre os anos 535 a.C e 475 a.C. (aproximadamente). "Mudar e mudar para melhor são duas coisas diferentes." é um provérbio alemão.
Por que trago tal afirmação e tal provérbio para esta
postagem? Porque ela e ele proporcionam-me algum entendimento sobre o que é
dito por Carl Rogers em Um Novo Mundo – Uma Nova Pessoa. A afirmação leva-me a entender que, independentemente, do
que cada pessoa faça e / ou deixe de fazer, surgirá sempre Um Novo Mundo. O provérbio leva-me a entender que Um Novo Mundo "melhor" que o anterior
é algo que depende do surgimento de Uma
Nova Pessoa "melhor" que a predominante nas versões anteriores.
Entendimento que têm tudo a ver com o que digo no espaço intitulado "Quem sou eu" (onde o blogueiro
descreve seu perfil): sou "Alguém que acredita que a qualidade de uma
sociedade é resultado das ações de todos os seus componentes".
Entendida a dependência citada no parágrafo anterior, esta
postagem prossegue destacando alguns trechos que mais chamaram minha atenção no
excelente texto de Carl Rogers. Afinal, ela contém reflexões que o texto
provocou em mim. Dito isto, segue uma compilação de algumas coisas ditas por
Carl Rogers em relação à Nova Pessoa:
onde ele as encontrava; algumas de suas qualidades; ao mundo que resultará de
sua atuação e aos tipos de pessoas que estarão abrangidos por ela.
Onde Carl Rogers as
encontrava
Encontro-as entre jovens homens e mulheres de blue jeans que desdenham a maior parte
dos valores da cultura de hoje para viver de novas formas. Entre aqueles que
estão descobrindo um lugar para os sentimentos tanto quanto para o pensamento
em suas vidas. Entre aqueles que eles estão desenvolvendo um senso de
comunidade baseado na confiança e no respeito, criando harmonia na diversidade,
uma harmonia que se ajusta a este mundo novo.
Algumas de suas qualidades
Não gostam de viver em um mundo compartimentalizado –
corpo e mente, saúde e doença, intelecto e sentimento, ciência e senso comum,
indivíduo e grupo, sadio e insano, trabalho e divertimento. Em lugar disto,
empenham-se no sentido de uma totalidade de vida, experienciando o pensamento,
o sentimento, a energia física, a energia psíquica, a energia curadora, todos,
de uma forma integrada.
Vivem a vida como um processo, como um fluxo de energia,
uma transformação. A vida rígida, estática, não atrai mais. Vivem numa relação
confortável com a natureza, um parentesco responsável. A idéia de
"conquista da natureza" é um conceito a que são avessos. Vêem que
poder sobre os outros é simplesmente uma outra forma de conquista, igualmente
inaceitável e a que são igualmente avessos. Experienciam sua relação com os
outros como parte de sua relação com a natureza. Esta relação fundamenta a
construção de comunidades em uma escala humana, o seu flexível modo de lidar
com problemas comuns.
Em termos de relação
com a natureza acrescento aqui a seguinte afirmação de Leon Tolstoi: "Uma das primeiras
condições para a felicidade é que o elo entre o homem e a natureza não seja
quebrado."
São fundamentalmente indiferentes a posses materiais,
confortos e recompensas. Dinheiro e símbolos de status material não são objetivos deles. São pessoas que buscam, e
seu questionamento é de uma natureza essencialmente espiritual. Querem
encontrar um significado e objetivo na vida que transcenda ao indivíduo.
São abertas à experiência, a novos modos de ver, a novos
modos de ser, a novas idéias e conceitos e a um recentemente descoberto mundo
de sentimentos. Dão aos sentimentos um lugar igual ao que dão ao intelecto,
porque desafiam a tradição e não dão bons conformistas.
São interessadas pelos outros, ávidas para serem úteis
quando a necessidade é real. Seu interesse é um interesse suave, não moralista,
não avaliativo. Suspeitam de "pessoas que ajudam" profissionalmente.
Têm uma antipatia por qualquer instituição altamente
estruturada, inflexível, burocrática. Acreditam que a instituição deve existir
para as pessoas, e não o inverso. Serão um grande quebra-cabeça nos negócios e
para as companhias, porque não podem ser controladas por grandes folhas de
pagamento ou de promoções, e porque para elas as pessoas têm uma maior
prioridade do que os lucros.
Têm uma confiança em sua experiência e uma profunda
descrença pela autoridade externa. Fazem seus próprios julgamentos morais,
mesmo que desobedeçam abertamente a leis que consideram injustas.
E ao ler o parágrafo anterior,
o método das recordações sucessivas traz-me à mente a seguinte opinião sobre o
livro Fernão Capelo Gaivota, do escritor norte-americano Richard
Bach.
"Para as pessoas que inventam as suas próprias
leis quando sabem ter razão; para as que têm um prazer especial em fazer coisas
bem feitas, nem que seja só para elas; para as que sabem que a vida é algo mais
do que aquilo que os nossos olhos vêem [...] Fernão Capelo Gaivota é uma
história com sentido. Para todas as outras, ela será na mesma uma aventura
sobre a liberdade e o vôo para além de limites provisórios."
Rejeitam a hipocrisia, a mentira e a conversa dúbia de
nossa cultura. Em nossa cultura tecnológica – com sua ênfase em moldar o homem
para que se adapte à máquina, com seus anseios de consumir toda a natureza,
expelindo fora os resíduos tóxicos, sem nenhuma consideração para com o futuro
– elas serão pessoas desajustadas.
O mundo que resultará
de sua atuação
Este mundo novo será mais humano e humanitário. Explorará
e desenvolverá as riquezas e capacidades da mente e do espírito humanos. Será
um mundo que valorizará a pessoa individual, o maior de nossos recursos. Será
um mundo mais natural, com um renovado amor e respeito pela natureza.
Desenvolverá uma ciência mais complexa e humana, baseada em conceitos novos e
menos rígidos. Sua tecnologia objetivará o engrandecimento das pessoas, ao
invés da exploração delas e da natureza. Liberará a criatividade, à medida que
os indivíduos sentirem o seu poder, suas capacidades, sua liberdade. Deve ser
um mundo mais humano, com mais lugar para indivíduos que são integrados e
totais. Esta é, pelo menos, minha entusiasmada esperança.
Tipos de pessoas que estarão abrangidos por ela
Quem será capaz de viver neste mundo completamente
estranho e novo? Acredito que serão aqueles jovens na mente e no espírito – e,
frequentemente, isto significa dizer aqueles que são igualmente jovens de
corpo. A eles se juntarão pessoas mais velhas que absorveram os conceitos em
transformação.
E
ao ler a frase final do parágrafo anterior, o método das recordações sucessivas
traz-me à mente uma afirmação do extraordinário escritor uruguaio Eduardo
Galeano que considero perfeita para encerrar estas reflexões: "Somos
o que somos e ao mesmo tempo o que fazemos para mudar o que somos."
*************
Portanto, para
os que não se enquadrem no grupo dos jovens na mente e no espírito, deixo
aqui um veemente apelo: esforcem-se para tornar verdadeira a afirmação de Eduardo
Galeano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário