Tendo o dom de escrever livros, Mario Sergio Cortella (1954),
filósofo, escritor, educador, palestrante e professor universitário brasileiro,
já publicou mais de vinte livros, entre eles alguns que, segundo revelação
feita em um vídeo que assisti no You Tube, surgiram a partir de cenas por ele
presenciadas que nele provocaram a seguinte exclamação: isso dá um livro!
Desprovido desse dom de Cortella, o máximo que consigo é
publicar postagens, algumas delas surgidas de forma análoga à revelada por ele:
a partir de coisas que ouço, vejo ou leio e que em mim provocam a seguinte exclamação:
isso dá uma postagem! Foi assim que surgiu esta. Ao ouvir, recentemente, em uma
propaganda de um programa intitulado GNT.DOC
em que é dita a frase que intitula esta postagem exclamei: isso dá uma postagem! Feito este preâmbulo, vamos à postagem.
"Com reflexão a gente muda". O problema é que,
como diz um antigo provérbio alemão, "Mudar
e mudar para melhor são duas coisas diferentes." Portanto, se o desejo for mudar para melhor,
é imprescindível que as reflexões levem a esse fim.
"Com conversa a gente reflete", pois a conversa
é um dos melhores meios de conseguir obter diferentes visões de uma determinada
coisa: as visões de cada um de seus participantes. Diferentes visões que,
consequentemente, propiciam um melhor conhecimento das coisas. Como diz José
Saramago, em um documentário intitulado Janela da Alma, e usando um
linguajar bem lusitano, "Para conhecer as coisas há que dar-lhes a volta; dar-lhes
a volta toda". Sim, dar-lhes a volta toda, pois como defende a postagem
publicada em 19 de dezembro de 2011, "Todo ponto de vista é a vista de
um ponto". Dar-lhes a volta toda para conhecer melhor as coisas e,
consequentemente, conseguir fazer melhores reflexões a seu respeito.
"Com conversa a gente reflete; com reflexão a gente
muda.", eis a afirmação que intitula esta postagem. Afirmação que,
no meu entender, sugere a seguinte indagação: Por que a gente deve mudar?
Indagação que eu respondo recorrendo ao primeiro parágrafo da resposta dada a
outra indagação: a que intitula a primeira postagem deste blog. Postagem publicada
no primeiro dia de fevereiro de 2011. Nossa! Quantos "primeiros"! Segue a referida resposta.
"Porque acredito em uma afirmação atribuída a Caio Graco: 'Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas'."
Portanto, se a nossa intenção
for mudar este mundo para que algum dia ele faça jus ao termo civilização é
imprescindível que nós mudemos. Acreditar que são as pessoas que mudam o mundo,
a partir de algo que mude as pessoas, eis a crença que levou-me a criar um
blog. Crença manifestada também pelo escritor
brasileiro Luiz Ruffato (1961) em uma declaração reproduzida no segundo
parágrafo da primeira postagem deste blog: "Ainda acredito na capacidade da literatura de modificar o mundo
modificando cada um dos leitores. Foi assim comigo". Sim, "quem
muda o mundo são as pessoas". As pessoas mudadas por algumas coisas.
Coisas entre as quais estão incluídos os livros e as conversas. "Daqui
a cinco anos você estará bem próximo de ser a mesma pessoa que é hoje, exceto
por duas coisas: os livros que ler e as pessoas de quem se aproximar", eis
uma afirmação de Howard Hendricks que, por concordar muito, uso como ilustração
no blog. Sim, as pessoas de quem se aproximar; de quem se aproximar e
conversar. Sim, os livros e as conversas mudam as pessoas, e é por isso que
gosto demais dessas duas coisas.
"Com conversa a gente reflete; com
reflexão a gente muda". Para melhor ou para pior, dependendo da qualidade
da conversa ou da falta de conversa. Falta de conversa, e sobra de falação, eis
duas coisas que enxergo como fatores que contribuem para que este mundo esteja do
jeito que está. Não, falar e conversar não são a mesma
coisa; são coisas muito diferentes. Que conversar e falar são coisas muito
diferentes é algo que pode ser entendido até musicalmente. O próximo parágrafo
reproduz um trecho, para mim bastante significativo, da música Same mistake,
interpretada por James Blunt.
And maybe someday we will meetE talvez algum dia nós nos encontremosAnd maybe talk and not just speakE talvez possamos conversar e não apenas falar
Sim, falar e conversar são
coisas muito diferentes. Diferença que não focalizarei nesta postagem para não
alongá-la demais, mas que é focalizada na postagem publicada em 31 de maio de
2011 sob o título A necessidade de
conversar. Postagem que incluo entre as que mais gostei de ter publicado, e que é também uma das provocadas por
algo que ouvi. Algo que ouvi e deixou-me perplexo. Não, não darei spoiler algum sobre o que deixou-me
perplexo. O que faço é dizer que vale a pena ler tal postagem.
Se "Com conversa a gente reflete",
é com conversa com indivíduos dos diferentes grupos sociais que a gente pode refletir
sobre como melhorar a conflituosa convivência verificada entre nós e eles, e dessa
forma caminhar no sentido de, algum dia, este mundo em que tais grupos convivem
possa fazer jus ao termo civilização. Conversar com indivíduos de grupos sociais
que, por falta de conhecimento correto sobre eles, são por nós classificados
como estranhos. E ao falar em conversar com estranhos, vem-me à mente algo que
ouvi da minha filha e que reproduzo a seguir.
Ao saber que meu genro comprara para presentear-me um livro
intitulado "Falando com estranhos: O que deveríamos saber sobre as
pessoas que não conhecemos", publicado, no Brasil, em 2019, ela
disse-lhe o seguinte: Meu pai já faz isso, Edu. Sim, trocando a palavra Falando por Conversando, até porque o título original, em inglês, é Talking to Strangers, o título descreve algo que eu já faço, e há muito tempo,
pois, há muito tempo, entendi que conversar é, simplesmente, uma necessidade
humana. Entendimento espalhado pela postagem já citada no segundo parágrafo acima:
A necessidade de conversar. Quanto à confusão que é feita com os verbos
falar e conversar, sem precisarmos ir mais longe para verificá-la, o próprio
tradutor do livro que recebi como presente já nos oferece uma demonstração.
Quanto ao complemento do título do livro - "O que deveríamos saber sobre as pessoas que
não conhecemos", digo o seguinte. Enxergo o interesse em saber como
vivem as pessoas que não conhecemos como algo, simplesmente, imprescindível à
construção de um mundo que preste; um mundo em que seja reencontrado o sentido
comunitário. Sentido que Severino Antônio, Ph.D., educador e escritor, considera
que foi perdido no mundo contemporâneo. O texto reproduzido no próximo
parágrafo foi extraído do documentário O Começo da Vida.
"Uma das grandes solidões do mundo contemporâneo é a perda de comunidade. Perdemos esse sentido comunitário, a criança precisa disso. Ela precisa de crianças, ela precisa de pessoas, não só quando falta alguém da família, mas como um acréscimo; ela precisa dessa ampliação. Isso muda tudo. Cada criança pertence à comunidade, pertence, na verdade mesmo, pertence à humanidade inteira.", diz Severino Antônio.
Embora o
texto refira-se as crianças, no meu entender, ele é aplicável a todos os
integrantes deste insano planeta. Até porque, aqueles que não são mais crianças,
um dia já foram. "Todas as pessoas grandes foram um dia crianças. Pena que
sejam poucas as que se lembram disso", eis uma inesquecível afirmação do
extraordinário Antoine de Saint-Exupéry. Sobre o documentário O Começo da
Vida, há uma postagem publicada em
05 de abril de 2017, intitulada Algumas
passagens marcantes do documentário "O Começo da Vida".
Termina na próxima quinta-feira
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