"Esta não é a natureza original com
que nascemos, mas uma segunda natureza adquirida e modelada pela sociedade.
(...) Torna-nos alienados de nós mesmos, de nossa verdadeira essência.", eis duas afirmações extraídas do excelente texto
de Ernani Eustáquio publicado na edição de JUL / AGO 2021 de Sophia, e reproduzido
na postagem anterior. Afirmações que, no meu entender, têm tudo a ver com uma de Vladimir Maiakovski (1893-1930),
poeta, dramaturgo e teórico russo: "Cada um, ao nascer, traz sua dose de amor. Mas os empregos, o
dinheiro, tudo isso, nos resseca o solo do coração."
Ressecamento que considero
explicável por uma afirmação do filósofo e educador indiano Jiddu
Krishnamurti (1895 – 1986), citada por Ernani
Eustáquio em seu texto O desmonte do eu:
"Somos todos
indivíduos programados, condicionados." Sim,
indivíduos programados,
condicionados para desprezar uma afirmação de Teilhard
de Chardin que considero a mais significativa que encontrei nesta vida:
"Não somos seres humanos vivendo uma experiência espiritual, somos seres
espirituais vivendo uma experiência humana". Desprezando ou ignorando tal
afirmação, a imensa maioria dos integrantes da pretensa espécie inteligente do
universo segue por esse percurso que a gente chama de vida acreditando em
coisas nocivas a si mesmas que lhes são apresentadas como verdades que precisam
ser colocadas em prática. Um exemplo de tais coisas? A diplomação na "educação para a
vitória", citada por Ernani Eustáquio e
reproduzida no próximo parágrafo.
"Diplomados na 'educação para a vitória' – pois desde crianças ensinam-nos a colocar a vitória como objetivo, em todos os nossos empreendimentos -, tornamo-nos competitivos, os membros ideais para o sistema onde fomos educados e onde vivemos."
Não, a competição não é constituinte
do biológico, e sim um fenômeno cultural promovido pelas diversas estruturas
desta sociedade. "Não existe competição sadia. A competição é
um fenômeno cultural e humano e não constituinte do biológico", eis uma afirmação de Humberto Maturana, doutor em alguns ramos da
biologia. E para encerrar o assunto competição nesta postagem, pois existem várias
postagens sobre o assunto neste blog, segue uma passagem do livro do Dr. Terry Orlick,
um dos principais defensores da desenfatização do espírito competitivo,
intitulado Vencendo a competição.
"Darwin ficou amargurado por suas teorias terem sido distorcidas e terem ajudado a perpetuar o mito da vitória-a-qualquer-custo e a ideia de que os 'perdedores' merecem ser esmagados. Entretanto, apesar do mau uso de suas teorias, Charles Darwin afirmou claramente que, para a raça humana, o valor mais alto de sobrevivência está no senso moral e na cooperação – e não na competição."
"Nesse
processo 'educacional' está embutido o esforço de nossa
modelagem segundo o padrão aceitável pela sociedade. Se não respondermos
positivamente a esses padrões, corremos o risco de ser marginalizados. (...)
Perdemos a nossa liberdade de ser. Passamos a ser autômatos responsivos, em comportamento,
a padrões implantados em nossa mente." eis mais um trecho do excelente texto de Ernani Eustáquio que leva-me a uma
associação com algo lido anteriormente. Ao ler "Perdemos a nossa liberdade de ser", imediatamente, vem-me à mente um relato feito por
Roberto Crema no livro Eu Maior – Uma reflexão sobre
o autoconhecimento e a busca da felicidade,
organizado e editado por Fernando Schultz a partir de um documentário homônimo.
"A minha história é a história de alguém que sempre se sentiu um prisioneiro. Quando eu tinha 11 anos, meus pais me colocaram num reformatório por engano. Oficialmente, o local era um colégio interno, mas alguns adolescentes estavam lá presos, por terem cometido crimes. Lá fiquei durante um ano e pude me aprofundar nessa vivência de ser um prisioneiro. A experiência me fascinou de tal forma que, anos mais tarde, já adulto, eu quis fazer serviços voluntários na Papuda, que é um presídio em Brasília. Foi lá que me dei conta de que a grande diferença entre os presos da Papuda e o resto de nós é que lá eles sabem que são prisioneiros, enquanto aqui nos iludimos achando que somos livres. É mais fácil arrebentar as paredes de uma Papuda do que conseguir transcender os grilhões que nos prendem à ignorância de nós mesmos! Em última instância, como bem dizem os orientais, a prisão é maya, a ilusão. É você não saber quem é, de onde vem nem para onde vai. E, como dizem os bons navegantes, nenhum vento é favorável para aquele que não sabe aonde quer chegar. Já a liberdade é precisamente a pessoa tomar consciência e assumir a autoria da própria existência. Não é uma tarefa fácil, mas creio que é a nossa tarefa, capaz de trazer felicidade e dar sentido às nossas vidas."
"Se dar conta de que a grande diferença
entre os presos de uma penitenciária e o resto de nós é que lá eles sabem que
são prisioneiros, enquanto aqui nos iludimos achando que somos livres", eis algo que a imensa maioria da
pretensa espécie inteligente do universo não consegue fazer durante esse percurso
que a gente chama de vida. Sim, libertar-se de uma prisão reconhecida como tal
será sempre mais fácil do que de uma que não se percebe. Sim, "a liberdade é precisamente a pessoa tomar consciência e assumir a
autoria da própria existência. Não é uma tarefa fácil, mas creio que é a nossa
tarefa, capaz de trazer felicidade e dar sentido às nossas vidas." E ao falar em "não ser uma tarefa
fácil", o velho método das recordações sucessivas leva-me a trazer para
esta postagem uma afirmação que não à toa é usada como ilustração neste blog.
"Ser apenas você mesmo, em um mundo que se esforça ao máximo para torná-lo igual a todos os outros - significa enfrentar a mais árdua batalha que um ser humano pode enfrentar, sem jamais poder abandoná-la."
O autor da citação? O poeta,
pintor, ensaísta e dramaturgo norte-americano Edward Estlin Cummings (1894 – 1962),
usualmente abreviado como e. e. cummings, em minúsculas, como ele assinava e publicava.
"Na
realidade, em função dela, não 'somos'; passamos a ser o que querem que
sejamos.", eis a última frase do excelente
texto de Ernani Eustáquio. Sim, passamos a ser o que querem que sejamos até porque,
como é dito em um trecho atribuído
ao psicanalista, filósofo humanista e sociólogo alemão Erich Fromm (1900 –
1980) no livro Análise
Transacional da Propaganda, de Roberto Menna Barreto, publicado em 1981, também passamos a querer o que supomos que devemos querer.
"O HOMO CONSUMENS vive na ilusão de SABER O QUE QUER (cigarros Minister) quando de fato ele QUER O QUE SE SUPÕE QUE DEVA QUERER. 'A fim de aceitar isso, é mister perceber que saber o que realmente se quer não é relativamente fácil, como a maioria das pessoas imagina, porém um dos problemas mais árduos que todo ser humano tem de solucionar. É um encargo de que tentamos furiosamente abster-nos, aceitando objetivos pré-fabricados como se fossem nossos. O homem moderno está disposto a correr grandes riscos ao procurar alcançar metas que supõe serem 'dele'; no entanto, tem um medo tremendo de assumir os riscos e a responsabilidade de fixar para si as suas próprias metas.'"
"A liberdade é
precisamente a pessoa tomar consciência e assumir a autoria da própria
existência. Não é uma tarefa fácil, mas creio que
é a nossa tarefa, capaz de trazer felicidade e dar sentido às
nossas vidas." [Roberto
Crema] (...) "Ser apenas você
mesmo, em um mundo que se esforça ao máximo para torná-lo igual a todos os
outros - significa enfrentar a mais árdua batalha que um
ser humano pode enfrentar, sem jamais poder abandoná-la." [e. e. cummings ] (...) "Perceber
que saber o que realmente se quer não é relativamente fácil, como a maioria das pessoas imagina, porém um dos problemas mais
árduos que todo ser humano tem de solucionar." [Erich Fromm]. Os grifos são meus. Grifos que uso para chamar
atenção para a árdua tarefa de evitarmos o desmonte do eu. Com a intenção de encorajá-las
(os) a enfrentar essa árdua tarefa segue um tag
usado como ilustração neste blog.
Um comentário:
Eu estava passando pelo processo de divórcio quando encontrei o Dr. Ajayi um grande homem espiritual online. Nunca pensei que eu e meu marido um dia voltaríamos juntos. Somos abençoados com três filhos e casados há 12 anos, mas ele estava disposto a jogar tudo isso fora apenas porque ele conheceu uma nova mulher, mas o Dr. me ajudou a realizar um poderoso feitiço de amor que o fez esquecer a mulher que ele acabou de conhecer e o divórcio foi cancelado, agora estamos vivendo em paz em nossa casa com um vínculo mais forte, entre em contato com o Dr. Ajayi no Whatsapp / Viber: +2347084887094 ou Email: drajayi1990@gmail.com ele vai te ajudar também, ele também prepara ervas para vários tipos de doenças, caso você tenha algum problema de saúde para te curar também.
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