Após ter descoberto
(em 2014) a existência de um dia para celebrar o silêncio, jamais deixei de
publicar uma postagem alusiva a tal dia. A deste ano espalha ideias
apresentadas em um texto publicado na internet em 24 de fevereiro de 2019 no
endereço https://epocanegocios.globo.com/Vida/noticia/2019/02/silencio-por-favor-ausencia-de-barulho-pode-turbinar-o-cerebro-e-criatividade.html.
A explicação para a presença da expressão entre parênteses no título da
postagem é a seguinte: a postagem feita em 14 de maio de 2015 (com retardo de uma semana
nela explicado) é intitulada Silêncio, por favor.
Silêncio, por favor: ausência de barulho
pode turbinar o cérebro e a criatividade
Vivemos cercados de som
e barulho, mas o que acontece quando nos deparamos com o verdadeiro silêncio?
O barulho do trânsito, sirenes estridentes,
vozes altas, alertas de mídia social – tudo pode ser avassalador na vida de
alguém, mas ainda assim a ausência de som tem sido associada à solidão, ao
tédio ou à tristeza. "Vivemos na era do barulho. O silêncio está quase
extinto", afirma o filósofo e aventureiro Erling Kagge. E ele diz isso com
propriedade: Erling explorou o poder do silêncio e tornou-se a primeira pessoa
a alcançar os "três pólos" do norte, sul e o cume do Everest. Mas por
que precisamos de silêncio, como o perdemos e onde poderíamos encontrá-lo
novamente?
Silêncio permite que
nos sintamos 'presentes'
"A Antártida é o lugar mais quieto em que eu já estive", diz
Erling. "Ali, estava cada vez mais atento ao mundo do qual faço
parte." Ele explica como o silêncio que encontrou em sua expedição
permitiu que se sentisse mais "presente": "Eu não estava nem
entediado nem interrompido. Eu estava sozinho com meus próprios pensamentos e
ideias... Eu estava presente em minha própria vida".
Obviamente não podemos ir todos para um deserto gelado a qualquer
momento, mas talvez seja possível encontrar um espaço silencioso - um quarto,
algum canto silencioso de um jardim ou um cubículo de banheiro - pode nos
ajudar a tirar um momento da correria de nossas rotinas diárias e a nos
reconectar com nós mesmos.
Erling acredita que todos nós podemos encontrar nosso "silêncio
interno" e sugere "ficar de pé no chuveiro... sentado em frente a um
fogo crepitante, nadando em um lago na floresta, ou dando um passeio por um
campo. Todas essas podem ser experiências de quietude perfeita."
O silêncio nos dá
espaço para pensar
O silêncio é "uma chave para desbloquear novas formas de
pensar", diz Erling, e a ciência apoia a teoria do filósofo. Mesmo sem o
estímulo do som, nossos cérebros permanecem ativos e dinâmicos.
Um estudo de 2001 realizado por neurocientistas da Universidade de
Washington descobriu que havia uma função cerebral "modo padrão":
eles concluíram que um cérebro "em repouso" ainda estava em ação,
constantemente absorvendo e avaliando informações. Pesquisas subsequentes
mostraram que esse "modo padrão" também nos ajuda a refletir.
O artigo Frontiers in Human Neuroscience, de 2013, afirma que, mesmo
quando o cérebro repousa, ainda é capaz de processar informações no que eles
chamam de "espaço de trabalho consciente". Silêncio e descanso podem
ser a chave para o nosso melhor pensamento criativo e nossas maiores ideias.
O silêncio é uma
ferramenta poderosa de conversação
"O silêncio é uma das grandes artes da conversa", disse o
famoso orador romano Cícero. Na conversa ou no debate, é fácil esquecer o poder
do silêncio - mas ficar quieto pode ser uma ferramenta muito eficaz, e é uma
opção que todos temos à disposição. Ao fazer uma pausa, você pode falar com
mais calma e sabedoria: o silêncio pode ser o espaço entre uma explosão inútil
de sentimento e uma resposta ponderada. Isso também mostra confiança em um
argumento. "Nada fortalece mais a autoridade do que o silêncio",
afirmou Leonardo da Vinci.
Mas, além de nos ajudar a derrotar um adversário, ele pode nos ajudar a
fortalecer nossos relacionamentos. Ao ficar em silêncio, você está naturalmente
ouvindo mais e dando aos outros a oportunidade de compartilhar.
O silêncio pode
realmente ajudar nossos cérebros a crescerem
Em 2013, a
bióloga Imke Kirste estava testando os efeitos do som nos cérebros dos ratos.
Os resultados foram surpreendentes: os sons não tiveram impacto duradouro, mas
duas horas de silêncio por dia estimularam o desenvolvimento celular no
hipocampo - a parte do cérebro que ajuda a formar as memórias.
Não era o som em si, mas a própria ausência que criava novas células no
cérebro dos ratos. Embora o crescimento de novas células cerebrais não tivesse
necessariamente benefícios para a saúde, essas células pareciam se tornar
neurônios funcionais. Se uma ligação entre o silêncio e a geração de neurônios
puder ser estabelecida em humanos também, há uma chance de que o silêncio possa
ser usado para ajudar pacientes com condições como demência e depressão.
O silêncio é o antídoto
a redes sociais
"As notificações da tela de um celular podem ser viciantes",
adverte o filósofo e aventureiro Erling Kagge. "Quanto mais somos
inundados, mais desejamos nos distrair. Verificamos e revisamos nossos
telefones como um bandido armado, na tentativa de obter satisfação." Mas,
em vez de encontrar satisfação, ele afirma que essa forma de ruído gera
ansiedade e sentimentos negativos. "Podemos ficar viciados nas mídias
sociais, mas isso não significa que estamos felizes." "O
silêncio", diz Erling, "é o oposto de tudo isso. É sobre entrar no
que você está fazendo, e não viver com outras pessoas e outras coisas".
Pode ser um pensamento assustador, mas tente um jejum tecnológico de
algumas horas. Conquiste estas rupturas devagar até que você possa passar um
dia inteiro sem seu telefone ou tablet e veja como você se sente depois dessa
experiência.
O silêncio ajuda a
aliviar o estresse
A enfermeira britânica Florence Nightingale escreveu que "o ruído
desnecessário é a mais cruel ausência de cuidados que pode ser infligida a
pessoas doentes". Ela argumentava que todo som desnecessário poderia
causar temor, angústia e perda de sono para pacientes em recuperação. A
pesquisa moderna apoia os pontos de vista dela elaborados no século 19: foram
descobertas correlações entre pressão alta e ruído crônico - como o de estradas
e aeroportos.
O ruído também pode resultar em níveis elevados de estresse - acredita-se
que as ondas sonoras ativam a amígdala, que está associada à formação da
memória e à emoção, causando uma liberação de hormônios do estresse. Esse
processo pode ocorrer mesmo enquanto dormimos. O silêncio, no entanto, tem o
efeito oposto: ajuda a liberar a tensão no cérebro e no corpo. Um estudo
publicado na revista Heart descobriu que dois minutos de silêncio podem ser
ainda mais calmos do que ouvir música "relaxante".
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Para não alongar ainda mais esta postagem alusiva ao Dia do Silêncio encerro-a destacando apenas um pequeno trecho do
texto nela apresentado. Um trecho que reproduzo no próximo parágrafo por nele enxergar
uma sugestão irrecusável aos integrantes do mundo em que vivemos: um mundo onde estamos conectados a tudo, menos
a nós mesmos.
"Pode ser um pensamento assustador, mas tente um jejum tecnológico de algumas horas. Conquiste estas rupturas devagar até que você possa passar um dia inteiro sem seu telefone ou tablet e veja como você se sente depois dessa experiência."
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