O Livro do Elixir acrescenta: "Se o
homem correto (mago branco) usar o meio errado, o meio errado atuará de um modo
correto. (...) No entanto, se o homem errado usar o meio correto, o meio
correto atuará de modo errado".
(Extraído do livro O SEGREDO DA FLOR DE OURO - Um Livro de Vida Chinês, de C. G.
Jung e R. Wilhem)
Extraída de um livro
publicado em fins de 1929, onde é dito ter sido extraída de outro (cuja época
de publicação não consegui descobrir), a afirmação acima foi colocada nesta
postagem com a intenção de iluminar a leitura de um texto publicado na edição
de 22 de março de 2019 do jornal Folha de
S.Paulo, e reproduzido a seguir.
Reforma da Previdência: o futuro está em jogo
Em vez de
equilíbrio, proposta deve piorar situação
O Brasil precisa saber
o que está em questão com a reforma da Previdência apresentada pelo governo
Bolsonaro. É verdade que o aumento da expectativa de vida traz um debate sobre
o financiamento do sistema previdenciário. É verdade que precisamos enfrentar
privilégios para assegurar direitos. Mas a proposta do governo não resolve
nenhuma dessas questões e ainda cria novos problemas. O marketing de uma "Nova
Previdência", que garanta as aposentadorias no futuro, não para em pé.
O grande objetivo da
reforma é fazer uma transição radical de modelo: desmontar a Previdência
pública, com suas três fontes de financiamento – trabalhador, empregador e
Estado – e colocar em seu lugar o regime de capitalização, financiado
unicamente pelos próprios trabalhadores e gerido por bancos privados.
Ao contrário do regime
de solidariedade entre gerações, consagrado na Constituição de 88, na
capitalização impera o cada um por si.
Quem pode faz poupança
individual nos bancos e garante uma aposentadoria com dignidade. Quem não pode
estará condenado a condições indignas de aposentadoria ou a trabalhar até
morrer.
O argumento de que as
pessoas vão poder optar pelo INSS ou a capitalização é uma falácia. Por duas
razões. Primeiro, num país com 37 milhões de trabalhadores informais é absurdo
supor que a maioria conseguirá comprovar 20 anos de contribuição; 40 anos,
então, nem se fale. Já com as regras atuais, apenas 29% se aposentam por tempo
de contribuição. As mulheres e trabalhadores rurais serão ainda mais afetados
com o endurecimento das regras.
A segunda razão é que
o direito de escolha do trabalhador não existe numa economia com alto
desemprego. Se quiser optar pelo INSS, a empresa terá de entrar com sua cota de
contribuição. Na Previdência privada, ela estará desobrigada. Alguém acredita
que uma empresa contratará quem opte pelo regime público?
O objetivo é impor a
capitalização como modelo. A questão é que nele não cabem todos. O Chile é um
exemplo. Após a implantação da capitalização na ditadura de Pinochet, o país
produziu um surto de miséria entre idosos. Hoje, 80% dos aposentados recebem
menos de um salário mínimo, por não conseguir garantir poupança individual.
A parte mais covarde é
a "alternativa" oferecida aos que não consigam entrar no jogo da
capitalização: benefícios sociais abaixo do salário mínimo. O Benefício de
Prestação Continuada (BPC) garante hoje um salário para idosos pobres, a partir
dos 65 anos. Atende 5 milhões de pessoas, representando em média 80% de sua
renda. É a garantia de comida na mesa para muita gente. A proposta é permitir
esse ganho apenas a partir dos 70anos e, aos 60, garantir um valor pífio de R$
400.
Os efeitos contra os
mais pobres são devastadores. E também afetam a economia do país. As aposentadorias
e benefícios previdenciários representam a maior movimentação econômica para
70% dos municípios brasileiros. Como disse reservadamente um prefeito da base
bolsonarista a um amigo governador: "Se aprovar isso, na minha cidade não
se vende mais nem um quilo de carne".
Em vez de permitir um
equilíbrio da Previdência, a reforma deve piorar a situação. E não apenas pelo
efeito depressor na economia, mas também porque – com a Previdência privada –
muitos deixarão de contribuir para o INSS. O resultado será uma
descapitalização da Previdência pública, podendo, aí sim, criar um rombo
insustentável, especialmente na transição. O objetivo de Paulo Guedes não é
equilibrar a Previdência, mas entregá-la aos bancos.
Não é verdade que a
única saída para o Brasil é fazer uma reforma que ataca direitos. É preciso ter
coragem para enfrentar privilégios do poder econômico. Só a renúncia fiscal do
INSS, com desonerações e isenções, representa cerca de R$ 57 bilhões ao ano. A
taxação de fortunas, grandes heranças e lucros e dividendos – que defendemos
nas eleições do ano passado – poderia representar arrecadação de R$ 120 bilhões
ao ano para Previdência e políticas sociais. E por que não implementar um
Imposto Especial sobre o Lucro dos Bancos, como fez a Hungria em 2010 para sair
da crise?
O que está em jogo é que
futuro que queremos: uma sociedade baseada no princípio da solidariedade, que
acolha seus idosos, ou então no "cada um por si", que leve a maioria
deles a uma aposentadoria indigna. A hora de definir é agora. Ainda dá tempo.
Vamos hoje às ruas de todo o país em defesa de nossos direitos.
*************
O Livro do Elixir acrescenta: "Se o
homem correto (mago branco) usar o meio errado, o meio errado atuará de um modo
correto. (...) No entanto, se o homem errado usar o meio correto, o meio
correto atuará de modo errado".
Inspirado no que é acrescentado pelo Livro do Elixir e considerando o que é dito no texto intitulado Reforma da Previdência: o futuro está em
jogo, o Blog Espalhando ideias
acrescenta: Se o ministro mal intencionado usar o meio correto ou o meio
errado, o meio usado atuará de modo errado e o povo estará desgraçado.
Um ministro mal
intencionado cujo "objetivo não é equilibrar a
Previdência, mas entregá-la aos bancos.", como é dito
nessa afirmação que (no texto apresentado nesta postagem) aparece poucas linhas
acima de uma indagação para a qual, no meu entender, ela é a resposta perfeita.
Qual é a indagação? "E por que não implementar um Imposto Especial sobre o
Lucro dos Bancos, como fez a Hungria em 2010 para sair da crise?".
"Não é verdade que a única saída para o Brasil é fazer uma reforma
que ataca direitos. É preciso ter coragem para enfrentar privilégios do poder
econômico.", diz o autor do texto. Não, não é de coragem que se
precisa para enfrentar privilégios do poder econômico, é de vontade, digo eu.
Vontade que jamais existirá enquanto os defensores da imprescindibilidade da adoção
de medidas drásticas para solucionar o que quer que seja não forem afetados - prejudicialmente
- por tais medidas. Será que faz sentido acreditar que indivíduos mancomunados
com o poder econômico algum dia terão vontade de enfrentar tal poder? Será que faz
sentido acreditar na existência do Coelhinho da Páscoa? Ou será que a
existência mais provável é a do Bicho Papão?
"A hora de definir é agora. Ainda dá tempo. Vamos hoje às ruas de
todo o país em defesa de nossos direitos.", eis a
conclamação que encerra o texto publicado no dia 22 de março. E para quem essa
conclamação não chegou a tempo, segue a seguinte recomendação. Nessa história
de Reforma da Previdência jamais adote aquele deplorável comportamento mostrado
em "Não sobrou ninguém...",
pois adotar tal comportamento será querer rever um filme no qual no final a
gente morre.
Quem é o autor do
texto intitulado Reforma da Previdência:
o futuro está em jogo? Guilherme Boulos, ex-candidato à Presidência da
República pelo PSOL (2018) e militante da Frente Povo Sem Medo. Por que deixei
para citar o autor somente agora? Porque, devido à existência de algo
denominado preconceito, creio que fazê-lo antes tiraria de muitos (as) a vontade
de ler a postagem. Portanto, partindo do princípio que ter vontade de fazer o
que é preciso ser feito é algo difícil de existir (como é dito no segundo parágrafo
acima), tudo que eu tinha que fazer era evitar que alguém perdesse a vontade de
ler esta postagem. Afinal, na Reforma da
Previdência: o futuro está em jogo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário