"O
filme é de 1940 e é possível perceber que nada mudou de lá pra cá. Às vezes
penso que realmente não existe esperança para a humanidade.", diz a
remetente do e-mail, referindo-se ao célebre discurso apresentado no final do filme
O Grande Ditador.
Ou seja, 78 anos
depois, a mensagem espalhada pelo filme pode produzir efeito contrário ao
pretendido pelo seu genial autor. Apresentando
uma brilhante e contundente sátira a Adolph Hitler e um surpreendente clamor
pela paz, em um filme lançado durante a Segunda
Guerra Mundial, por meio de um Discurso Final nele proferido, Charles
Chaplin espalha uma mensagem humanitária que está longe de ser ultrapassada. Uma mensagem de esperança que jamais provocará desânimo
em quem confiar nas seguintes palavras de Chaplin: "Aos que me podem ouvir eu digo: 'Não desespereis!'. A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto
da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso
humano.".
Uma mensagem que no vídeo sugerido na postagem anterior (https://www.youtube.com/watch?v=qPQ-hG7er8I)
é apresentada precedida das seguintes palavras:
Despertar
Eu só posso te mostrar o caminho
Mas você tem que andar por ele!
O discurso de Charles Chaplin
Uma mensagem da qual, como exemplo do
caminho mostrado por Charles Chaplin, mas pelo qual temos que andar, selecionei
o seguinte trecho:
"Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! (...) Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade!"
Não, não é como a possibilidade de obtenção de um mundo melhor sem
que nada precisemos fazer para merecê-lo que deve ser vista a mensagem de
Chaplin, e sim como um chamado para que juntos construamos tal mundo, como se
pode deduzir das seguintes palavras:
"Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos este poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice."
A mensagem de Chaplin é um verdadeiro chamado para avaliarmos o quão
ainda estamos equivocados em relação ao que somos; ao que os nossos
conhecimentos nos tornaram; e ao que, de fato, precisamos:
"Não sois máquinas! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!"
"Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."
"Sem essas virtudes, a vida será de
violência e tudo será perdido.", adverte-nos Chaplin. E nós, como temos procedido
em relação a tal advertência? Como a interpretamos? E ao citar a vida, as
palavras de Chaplin me fazem lembrar a intenção deste blog. Qual é ela? Espalhar
ideias que ajudem a interpretar a vida e provoquem ações para torná-la cada vez
melhor.
Provocar
ações para tornar a vida cada vez melhor, eis a intenção! Portanto, classifico
como providencial o recebimento do e-mail que provocou a postagem anterior,
e, consequentemente, estas reflexões. Reflexões que propiciam uma oportunidade de "conversarmos" sobre dois modos possíveis de agir
diante de situações e circunstâncias com as quais não gostaríamos de nos
defrontar. Quais são esse dois modos? Entregarmo-nos ao desânimo ou buscarmos
ânimo para enfrentá-las. Entendendo que, nesta vida (e em qualquer outra),
construir algo que preste é algo que compete a todos, entre os dois modos de
agir, ficarei sempre com o segundo. Afinal, como é dito no Quem sou eu (espaço para descrever o perfil do mantenedor do blog),
sou alguém que acredita que a qualidade
de uma sociedade é resultado das ações de todos os seus componentes.
E ao falar
em buscar ânimo para enfrentar situações e circunstâncias adversas, creio que
cabe lembrar que estamos no mês em que são promovidas campanhas de prevenção ao
suicídio. Campanhas que estimulam as pessoas a esforçarem-se para entender que,
apesar de toda e qualquer adversidade que a vida possa lhes trazer, viver é algo que sempre valerá a pena. E
ao dizer isto, uma sinistra parceria do método das recordações sucessivas com a
"lei" das coincidências traz para esta postagem a seguinte recordação:
"Olá!Adorei o que você escreveu.Fiquei comovida. É por essa e outras que vale a pena estar vivo."
E se após a tempestade vem a bonança;
após a recordação vêm as coincidências. De quem são as palavras acima? Da mesma
pessoa que enviou o e-mail que provocou o espalhamento de O Discurso Final. Quando elas foram ditas? Em 12 de setembro de
2014, em um comentário (feito por e-mail) sobre a postagem intitulada "Vale a pena viver?", publicada em
08 de setembro de 2014.
E os e-mails continuam chegando! Em resposta à postagem anterior,
recebi, de um temporário colega de trabalho que tornou-se um eterno amigo, um e-mail
do qual extraí as seguintes palavras:
Guedes,Com certeza, todos nós estamos carentes, mas vale lembrar que o próprio Chaplin é um símbolo de "resiliência".
Em Declínio e queda do Império Romano, escrito entre 1776 e 1778, Edward Gibbon mostra-nos que tudo que acontece hoje, sempre aconteceu, em todos os sentidos e níveis, que quisermos estudar.
Porém, viver vale a pena, e o mundo precisa ser melhor depois de nós...
Ou seja, mais uma
pessoa toca no assunto carência de conversar! (A postagem publicada em 31 de
maio de 2011 é intitulada A necessidade de conversar). Mais uma pessoa afirma que viver vale a pena. Mais uma pessoa
entende que melhorar o mundo é uma tarefa que compete a todos nós...
Encerrando estas
reflexões que me deram bastante trabalho para tentar organizá-las (será que
consegui?), devido à verdadeira "avalanche" de ideias e recordações que
veio à minha mente (muitas delas descartadas com a finalidade de não tornar
esta postagem ainda maior), segue algo dito na resposta à remetente do e-mail que
provocou a postagem anterior, e, consequentemente, estas reflexões.
Quanto à afirmação
"Às vezes penso que realmente não
existe esperança para a humanidade.", creio que enquanto existirem
pessoas que se interessem pela melhoria do mundo em vivem, por menor que seja,
a esperança jamais deixará de existir. Lembra da história do beija-flor diante
do incêndio? Pois é. Por mais insignificante que possam parecer as nossas
ações, no meu entender, devemos ter sempre em mente aquela atitude do
beija-flor.
P.S. Após cinco dias com ideias e recordações fervilhando em
minha mente e o descarte de algumas delas, devido ao tamanho do texto, no
momento de ir ao blogger para
publicar esta postagem, veio à minha mente uma recordação que eu não deveria
deixar de acrescentar aqui, e eu explico.
Em uma postagem em que
no primeiro parágrafo é dito - "Às
vezes penso que realmente não existe esperança
para a humanidade." – eu não poderia deixar de incluir duas
mensagens passadas por um filme intitulado Cidade
da Esperança, lançado em 1992.
A primeira passada em uma frase pronunciada por uma
personagem que se dedica a um trabalho social e caritativo, e que é mais ou
menos assim: "Na vida temos três opções: fugir, observar, participar." A segunda, não lembro quem a
passa no filme, mas lembro que é intitulada Canto
de Guerra Suaile, e é mais ou menos assim: "Só a luta dá sentido à vida. O triunfo ou a derrota estão
nas mãos dos deuses. Festejemos a luta!"
Ufa! Consegui terminar
a postagem!
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