sábado, 29 de setembro de 2018

Reflexões provocadas por "O Discurso Final"

"O filme é de 1940 e é possível perceber que nada mudou de lá pra cá. Às vezes penso que realmente não existe esperança para a humanidade.", diz a remetente do e-mail, referindo-se ao célebre discurso apresentado no final do filme O Grande Ditador.
Ou seja, 78 anos depois, a mensagem espalhada pelo filme pode produzir efeito contrário ao pretendido pelo seu genial autor. Apresentando uma brilhante e contundente sátira a Adolph Hitler e um surpreendente clamor pela paz, em um filme lançado durante a Segunda Guerra Mundial, por meio de um Discurso Final nele proferido, Charles Chaplin espalha uma mensagem humanitária que está longe de ser ultrapassada. Uma mensagem de esperança que jamais provocará desânimo em quem confiar nas seguintes palavras de Chaplin: "Aos que me podem ouvir eu digo: 'Não desespereis!'. A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano.".
Uma mensagem que no vídeo sugerido na postagem anterior (https://www.youtube.com/watch?v=qPQ-hG7er8I) é apresentada precedida das seguintes palavras:
Despertar
Eu só posso te mostrar o caminho
Mas você tem que andar por ele!
O discurso de Charles Chaplin
Uma mensagem da qual, como exemplo do caminho mostrado por Charles Chaplin, mas pelo qual temos que andar, selecionei o seguinte trecho:
"Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! (...) Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade!"
Não, não é como a possibilidade de obtenção de um mundo melhor sem que nada precisemos fazer para merecê-lo que deve ser vista a mensagem de Chaplin, e sim como um chamado para que juntos construamos tal mundo, como se pode deduzir das seguintes palavras:
"Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de fazê-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos este poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice."
A mensagem de Chaplin é um verdadeiro chamado para avaliarmos o quão ainda estamos equivocados em relação ao que somos; ao que os nossos conhecimentos nos tornaram; e ao que, de fato, precisamos:
"Não sois máquinas! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!"
"Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."
"Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.", adverte-nos Chaplin. E nós, como temos procedido em relação a tal advertência? Como a interpretamos? E ao citar a vida, as palavras de Chaplin me fazem lembrar a intenção deste blog. Qual é ela? Espalhar ideias que ajudem a interpretar a vida e provoquem ações para torná-la cada vez melhor.
Provocar ações para tornar a vida cada vez melhor, eis a intenção! Portanto, classifico como providencial o recebimento do e-mail que provocou a postagem anterior, e, consequentemente, estas reflexões. Reflexões que propiciam uma oportunidade de "conversarmos" sobre dois modos possíveis de agir diante de situações e circunstâncias com as quais não gostaríamos de nos defrontar. Quais são esse dois modos? Entregarmo-nos ao desânimo ou buscarmos ânimo para enfrentá-las. Entendendo que, nesta vida (e em qualquer outra), construir algo que preste é algo que compete a todos, entre os dois modos de agir, ficarei sempre com o segundo. Afinal, como é dito no Quem sou eu (espaço para descrever o perfil do mantenedor do blog), sou alguém que acredita que a qualidade de uma sociedade é resultado das ações de todos os seus componentes.
E ao falar em buscar ânimo para enfrentar situações e circunstâncias adversas, creio que cabe lembrar que estamos no mês em que são promovidas campanhas de prevenção ao suicídio. Campanhas que estimulam as pessoas a esforçarem-se para entender que, apesar de toda e qualquer adversidade que a vida possa lhes trazer, viver é algo que sempre valerá a pena. E ao dizer isto, uma sinistra parceria do método das recordações sucessivas com a "lei" das coincidências traz para esta postagem a seguinte recordação:
"Olá!
Adorei o que você escreveu.
Fiquei comovida. É por essa e outras que vale a pena estar vivo."
E se após a tempestade vem a bonança; após a recordação vêm as coincidências. De quem são as palavras acima? Da mesma pessoa que enviou o e-mail que provocou o espalhamento de O Discurso Final. Quando elas foram ditas? Em 12 de setembro de 2014, em um comentário (feito por e-mail) sobre a postagem intitulada "Vale a pena viver?", publicada em 08 de setembro de 2014.
E os e-mails continuam chegando! Em resposta à postagem anterior, recebi, de um temporário colega de trabalho que tornou-se um eterno amigo, um e-mail do qual extraí as seguintes palavras:
Guedes,
Com certeza, todos nós estamos carentes, mas vale lembrar que o próprio Chaplin é um símbolo de "resiliência".
Em Declínio e queda do Império Romano, escrito entre 1776 e 1778, Edward Gibbon mostra-nos que tudo que acontece hoje, sempre aconteceu, em todos os sentidos e níveis, que quisermos estudar.
Porém, viver vale a pena, e o mundo precisa ser melhor depois de nós...
Ou seja, mais uma pessoa toca no assunto carência de conversar! (A postagem publicada em 31 de maio de 2011 é intitulada A necessidade de conversar). Mais uma pessoa afirma que viver vale a pena. Mais uma pessoa entende que melhorar o mundo é uma tarefa que compete a todos nós...
Encerrando estas reflexões que me deram bastante trabalho para tentar organizá-las (será que consegui?), devido à verdadeira "avalanche" de ideias e recordações que veio à minha mente (muitas delas descartadas com a finalidade de não tornar esta postagem ainda maior), segue algo dito na resposta à remetente do e-mail que provocou a postagem anterior, e, consequentemente, estas reflexões.
Quanto à afirmação "Às vezes penso que realmente não existe esperança para a humanidade.", creio que enquanto existirem pessoas que se interessem pela melhoria do mundo em vivem, por menor que seja, a esperança jamais deixará de existir. Lembra da história do beija-flor diante do incêndio? Pois é. Por mais insignificante que possam parecer as nossas ações, no meu entender, devemos ter sempre em mente aquela atitude do beija-flor.
P.S. Após cinco dias com ideias e recordações fervilhando em minha mente e o descarte de algumas delas, devido ao tamanho do texto, no momento de ir ao blogger para publicar esta postagem, veio à minha mente uma recordação que eu não deveria deixar de acrescentar aqui, e eu explico.
Em uma postagem em que no primeiro parágrafo é dito - "Às vezes penso que realmente não existe esperança para a humanidade." – eu não poderia deixar de incluir duas mensagens passadas por um filme intitulado Cidade da Esperança, lançado em 1992. A primeira passada em uma frase pronunciada por uma personagem que se dedica a um trabalho social e caritativo, e que é mais ou menos assim: "Na vida temos três opções: fugir, observar, participar." A segunda, não lembro quem a passa no filme, mas lembro que é intitulada Canto de Guerra Suaile, e é mais ou menos assim: "Só a luta dá sentido à vida. O triunfo ou a derrota estão nas mãos dos deuses. Festejemos a luta!"
Ufa! Consegui terminar a postagem!

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