terça-feira, 16 de abril de 2013

Ducentésima postagem ou "Quanto pior melhor"

A simples leitura do título desta postagem pode provocar uma de três reações:
- Naqueles que estejam estreando em visitas a este blog, a suspeita quanto à sanidade mental de seu mantenedor;
- Naqueles que já leram, neste blog, algumas coisas estranhas, o seguinte pensamento: agora ele pirou de vez!
- Naqueles que pertencem à minoria capaz de lidar com ideias diferentes daquelas que a maioria, sob a alegação de possuir bom senso, aceita por absoluta falta de senso crítico, a satisfação de ler um texto que contraria a ditadura do senso comum, esse grande responsável por manter tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Dito isto, passemos ao texto que redigi com a finalidade de registrar a ducentésima postagem deste blog. E para começá-lo, defino que nele a palavra ducentésima significa segunda centésima, e explico. A segunda postagem deste blog é intitulada O Fenômeno do Centésimo Macaco, e foi ao associar segunda postagem com centésimo macaco que escolhi a ducentésima postagem para focalizar uma ideia que considero a segunda opção para esta civilização solucionar seus graves problemas (engendrados por ela mesma), caso seja incapaz de colocar em prática a ideia passada pelo Fenômeno do Centésimo Macaco.
Fenômeno que, em linhas gerais, mostra que ao atingir certa quantidade de praticantes de uma determinada ação, esta passa a ser parte do inconsciente coletivo e, consequentemente, a ser adotada pela maioria. O problema é que tal fenômeno funciona tanto para o bem quanto para o mal, o que leva ao seguinte resultado. Considerando que os praticantes do mal são mais audaciosos do que os do bem e que a maioria não é do mal tampouco do bem, e sim omissa, a consequência é que, a cada dia que passa, as coisas vão de mal a pior, e foi por esse motivo que escolhi quanto pior melhor como tema desta postagem.
Mas o que será que faz as coisas irem de mal a pior? O fato de a maioria dos integrantes desta sociedade considerar-se isenta de responsabilidade pelo que de ruim nela ocorre, e partindo dessa equivocada consideração abster-se de agir no sentido de encontrar soluções para os males com os quais, infelizmente, acostumou-se a conviver apenas reclamando, mas nada fazendo para eliminá-los. É impressionante a "força de vontade" com que a maioria exime-se da obrigação de buscar soluções (na verdadeira acepção da palavra) para males como a violência e seus derivados (criminalidade e guerras) cujo crescimento exponencial põe em risco a própria (ou seria imprópria) continuidade da espécie humana (sic).
Estou sendo alarmista? Quem afirmasse que o Titanic poderia afundar também seria considerado como tal, mas como vocês devem saber ele afundou. Qual foi a causa ou as causas? Especialistas divergem quanto a elas, mas para mim a principal delas é a seguinte: a arrogância humana de ter construído um navio cujo afundamento era impossível. E sendo algo impossível, ele não fora preparado para enfrentar um possível naufrágio. É por acreditar ser impossível a ocorrência de determinadas coisas indesejáveis que ao ocorrerem elas nos encontram despreparados para enfrentá-las. É o que eu denomino efeito Titanic. Faz sentido imaginar que esta civilização poderá algum dia "afundar" como consequência de não estar preparada para enfrentar a violência que nela atinge um grau a cada dia mais alarmante?
Colocada a questão do alarmismo, volto a focalizar o comportamento adotado por esta sociedade cuja maioria é composta de indivíduos omissos em relação a sua participação na construção de um futuro melhor para eles próprios. É lamentável constatar que enquanto não forem diretamente atingidos pelos males oriundos de seu impróprio comportamento, e muitas vezes mesmo após terem sido, a maioria dos indivíduos insiste em prosseguir agindo de forma equivocada, em suportar tais males e não se dispor a atuar no sentido de extingui-los.
Para quem (no seu perfil em seu blog) diz ser alguém que acredita que a qualidade de uma sociedade é resultado das ações de todos os seus componentes, é desanimador constatar o lamentável comportamento da tal da espécie inteligente do Universo. Foi com a intenção de encontrar algo capaz de reanimar-me que recorri a comportamentos de espécies classificadas como "inferiores". E ao fazê-lo, neles encontrei algo que respalda o que defendo nesta postagem. Diante de situações que, de alguma forma, os faça considerar que sua sobrevivência esteja em risco, os integrantes de espécies classificadas como "inferiores" jamais deixam de buscar uma solução para a situação ameaçadora. Muito recentemente, uma meiga gatinha que vive na vila onde fica a casa onde moro, e que há 43 dias (após uma cirurgia) ela passou a frequentar, protagonizou uma dessas situações. É com base na referida atitude por parte de tais seres que compartilho com vocês a seguinte crença:
No processo de crescente piora de males como a violência e seus derivados (criminalidade e guerras) que ameaçam cada vez mais as condições de sobrevivência neste planeta, acredito que haverá um momento em que tais condições ficarão insuportáveis até mesmo para a apática espécie inteligente do Universo. Considerando que é a insuportabilidade que a levará a agir em prol da melhora das condições de vida neste planeta, resta-me espalhar a ideia de que quanto pior melhor, pois só assim o "imprescindível" ponto de insuportabilidade será alcançado o quanto antes.
Vocês já ouviram falar que o aprendizado pode ser feito pelo amor ou pela dor? Pois é. Fazê-lo por meio da adoção de boas práticas propagadas pelo Fenômeno do Centésimo Macaco (segunda postagem), pode, no meu entender, ser considerado um aprendizado pelo amor. Fazê-lo por intermédio de ações provocadas pela insuportabilidade oriunda da ideia de quanto pior melhor (ducentésima postagem) pode ser considerado um aprendizado pela dor. Infelizmente, a tal da espécie inteligente do Universo até hoje tem preferido aprender pela dor.
Eu estava concluindo este texto quando encontrei a seguinte citação atribuída a Confúcio. "Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão; que é o mais nobre; segundo, por imitação, o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo." O primeiro método, que é o mais nobre, eu não consegui associar a algo dito nesta postagem, mas posso associar ao que deve ser feito após a sua leitura: refletir sobre o que nela é dito. O segundo, que é o mais fácil, eu associei ao Fenômeno do Centésimo Macaco. O terceiro, que é o mais amargo, eu associei à insuportabilidade oriunda da ideia quanto pior melhor.
Postar coisas estranhas é algo que já fiz algumas vezes, mas a denominação "espécie inteligente do Universo" eu lhes garanto que não é de minha autoria.

Um comentário:

Renata Coré disse...

Coincidentemente, acabei de ver no Facebook uma reportagem publicada em 2007 na revista Época que me parece ter muito a ver com a postagem: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG79639-6014-492,00.html