segunda-feira, 8 de abril de 2013

Aprendendo a perguntar corretamente

"Um padre aficionado em ornitologia tinha doze pássaros. Todos os dias ele soltava-os para que voassem e eles sempre voltavam às suas gaiolas. Um dia, porém, só regressaram onze e o sacerdote, decidido, perguntou na missa principal do domingo:
- Quem tem um passarinho?
Todos os homens levantaram-se.
Não! Não me expliquei bem:
- Quem viu um passarinho?
Todas as mulheres levantaram-se.
Não; não! O que quero dizer é:
- Quem viu meu passarinho?
Todas as freiras levantaram-se."
Recebi o texto acima, em maio de 2006, em um e-mail cujo assunto era "Aprenda a perguntar corretamente" e seguindo a minha habitual prática do método das recordações sucessivas lembrei dele ao ler em um dos dois textos apresentados na postagem anterior (Soluções do tipo "mais") as seguintes palavras:
"As pessoas ou não sabem como fazer as perguntas certas ou não entendem o valor de fazê-las. (...) Precisamos de um vocabulário que nos permita compreender os problemas essenciais e nos leve a formular perguntas capazes de produzir respostas que funcionem."
Formular perguntas capazes de produzir respostas que funcionem é algo imprescindível não só para descobrir onde se meteu o passarinho do padre como também para solucionar qualquer problema que se apresente diante de cada um de nós, seja como indivíduo ou como integrante da sociedade. É por não formular as perguntas certas que esta civilização (sic) eterniza problemas como criminalidade, desigualdade social, falta de solidariedade, fome, guerras, injustiça, violência e outras desgraças mais, todas elas inter-relacionadas.
É na condição de alguém convicto da importância de perguntar corretamente que espalho a ideia contida na hilariante história que inicia esta postagem. Hilariante, porém bastante elucidativa. Incluo-me entre os que crêem que transmitir valores e coisas interessantes de forma divertida seja bastante proveitoso. Quem conviveu comigo durante as 3,7 décadas de atuação profissional sabe que muitas vezes usei tal forma de transmissão.
E ao falar em atuação profissional encontro uma deixa para afirmar que existem muitas profissões para as quais saber fazer as perguntas certas é condição sine qua non para produzir algo que preste. Digo isto com conhecimento de causa, pois atuei em uma delas durante 3,5 décadas. Como um autêntico analista de sistemas, ouso afirmar que é impossível descobrir qual seja o sistema de informações que precisa ser desenvolvido sem terem sido feitas as perguntas certas.
É por não saber como fazer as perguntas certas ou não entender o valor de fazê-las que a cada dia que passa mais profissionais de TI (Tecnologia da Informação) alegam que "o sistema não deu certo porque o usuário não sabe o quer". Pai, perdoai-os, pois além de não saber o que fazem eles também não sabem o que dizem. E tome de sistemas malfeitos! A comprovação do que acabo de afirmar pode ser feita pela assustadora quantidade de vezes em que a culpa pelos erros com os quais nos deparamos (onde quer que sejamos mal atendidos) é atribuída ao tal do sistema.
A consciência da imprescindibilidade de aprender a fazer as perguntas certas levou-me a aprender também a responder corretamente, ou seja, a dar respostas coerentes com as perguntas. Como exemplo de tal aprendizado segue o seguinte relato. Havia um profissional com quem eu interagi bastante que por temer as minhas respostas resolveu recomendar às pessoas não me fizessem perguntas, pois poderiam vir a arrepender-se de tê-las feito, conforme já acontecera com ele. Ao tomar conhecimento de suas recomendações, expliquei-lhe que o seu temor era mal direcionado, pois considerando que as respostas que eu lhe dava eram coerentes com as perguntas que ele me fazia, em vez de temer as minhas respostas o que ele devia temer era as suas perguntas.
Temer as perguntas! Eis aí uma regra de ouro, para livrar-nos de todo e qualquer mal que nos aflige – seja individual ou coletivo – pois é por temer as respostas, e não as perguntas equivocadas que levam a respostas idem, que os males que nos afligem são cada vez mais graves e parecem caminhar no sentido da perenidade. Ou seja, se, realmente, almejarmos viver em um mundo melhor é imprescindível nos livrarmos da teimosia em não querer aprender a fazer as perguntas certas.
Após o que foi dito acima, alguém tem alguma pergunta? Eu tenho uma. Será que consegui convencê-los da imprescindibilidade de aprender a perguntar corretamente?

Um comentário:

kk disse...

Nossa, gostei muito do blog. *---*

tem post novo *-*
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