A simples leitura do
título desta postagem pode provocar uma de três reações:
- Naqueles que estejam estreando em visitas a
este blog, a suspeita quanto à sanidade mental de seu mantenedor;
- Naqueles que já leram, neste blog, algumas
coisas estranhas, o seguinte pensamento: agora ele pirou de vez!
- Naqueles que pertencem à minoria capaz de lidar
com ideias diferentes daquelas que a maioria, sob a alegação de possuir bom
senso, aceita por absoluta falta de senso crítico, a satisfação de ler um texto
que contraria a ditadura do senso comum, esse grande responsável por manter tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Dito isto, passemos ao texto que redigi com a
finalidade de registrar a ducentésima postagem deste blog. E para começá-lo, defino
que nele a palavra ducentésima significa segunda centésima, e explico. A segunda postagem deste blog é intitulada
O Fenômeno do Centésimo Macaco, e foi
ao associar segunda postagem com centésimo macaco que escolhi a ducentésima
postagem para focalizar uma ideia que considero a segunda opção para esta civilização solucionar seus graves
problemas (engendrados por ela mesma), caso seja incapaz de colocar em prática
a ideia passada pelo Fenômeno do Centésimo Macaco.
Fenômeno que, em linhas gerais, mostra que ao atingir
certa quantidade de praticantes de uma determinada ação, esta passa a ser parte
do inconsciente coletivo e, consequentemente, a ser adotada pela maioria. O
problema é que tal fenômeno funciona tanto para o bem quanto para o mal, o que
leva ao seguinte resultado. Considerando que os praticantes do mal são mais
audaciosos do que os do bem e que a maioria não é do mal tampouco do bem, e sim
omissa, a consequência é que, a cada dia que passa, as coisas vão de mal a
pior, e foi por esse motivo que escolhi quanto
pior melhor como tema desta postagem.
Mas o que será que faz as coisas irem de mal a pior? O fato de a maioria dos integrantes desta sociedade
considerar-se isenta de responsabilidade pelo que de ruim nela ocorre, e
partindo dessa equivocada consideração abster-se de agir no sentido de encontrar
soluções para os males com os quais, infelizmente, acostumou-se a conviver
apenas reclamando, mas nada fazendo para eliminá-los. É impressionante a
"força de vontade" com que a maioria exime-se da obrigação de buscar soluções
(na verdadeira acepção da palavra) para males como a violência e seus derivados
(criminalidade e guerras) cujo crescimento exponencial põe em risco a própria
(ou seria imprópria) continuidade da espécie humana (sic).
Estou sendo alarmista? Quem afirmasse que o
Titanic poderia afundar também seria considerado como tal, mas como vocês devem
saber ele afundou. Qual foi a causa ou as causas? Especialistas divergem quanto
a elas, mas para mim a principal delas é a seguinte: a arrogância humana de ter
construído um navio cujo afundamento era impossível. E sendo algo impossível,
ele não fora preparado para enfrentar um possível naufrágio. É por acreditar ser impossível a ocorrência de determinadas coisas indesejáveis que ao
ocorrerem elas nos encontram despreparados para enfrentá-las. É o que eu denomino
efeito Titanic. Faz sentido imaginar que esta civilização poderá algum dia
"afundar" como consequência de não estar preparada para enfrentar a
violência que nela atinge um grau a cada dia mais alarmante?
Colocada a questão do alarmismo,
volto a focalizar o comportamento adotado por esta sociedade cuja maioria é
composta de indivíduos omissos em relação a sua participação na construção de
um futuro melhor para eles próprios. É lamentável constatar que enquanto não
forem diretamente atingidos pelos males oriundos de seu impróprio
comportamento, e muitas vezes mesmo após terem sido, a maioria dos indivíduos insiste
em prosseguir agindo de forma equivocada, em suportar tais males e não se dispor
a atuar no sentido de extingui-los.
Para quem (no seu perfil em seu blog) diz ser alguém que acredita que a qualidade de uma
sociedade é resultado das ações de todos os seus componentes, é desanimador
constatar o lamentável comportamento da tal da espécie inteligente do Universo.
Foi com a intenção de encontrar algo capaz de reanimar-me que recorri a
comportamentos de espécies classificadas como "inferiores". E ao fazê-lo,
neles encontrei algo que respalda o que defendo nesta postagem. Diante de situações
que, de alguma forma, os faça considerar que sua sobrevivência esteja em risco,
os integrantes de espécies classificadas como "inferiores" jamais
deixam de buscar uma solução para a situação ameaçadora. Muito recentemente, uma meiga gatinha que vive na vila onde fica a casa
onde moro, e que há 43 dias (após uma cirurgia) ela passou a frequentar, protagonizou
uma dessas situações. É com base na referida atitude por parte de tais seres que
compartilho com vocês a seguinte crença:
No processo de crescente piora de males como a
violência e seus derivados (criminalidade e guerras) que ameaçam cada vez mais as
condições de sobrevivência neste planeta, acredito que haverá um momento em que
tais condições ficarão insuportáveis até mesmo para a apática espécie inteligente
do Universo. Considerando que é a insuportabilidade que a levará a agir em prol
da melhora das condições de vida neste planeta, resta-me espalhar a ideia de
que quanto pior melhor, pois só assim
o "imprescindível" ponto de insuportabilidade será alcançado o quanto
antes.
Vocês já ouviram falar que o aprendizado pode
ser feito pelo amor ou pela dor? Pois é. Fazê-lo por meio da adoção de boas
práticas propagadas pelo Fenômeno do Centésimo Macaco (segunda postagem), pode, no meu entender, ser considerado
um aprendizado pelo amor. Fazê-lo por intermédio de ações provocadas pela
insuportabilidade oriunda da ideia de quanto
pior melhor (ducentésima postagem) pode ser considerado um aprendizado pela
dor. Infelizmente, a tal da espécie inteligente do Universo até hoje tem
preferido aprender pela dor.
Eu estava concluindo este texto quando
encontrei a seguinte citação atribuída a Confúcio. "Há três métodos para
ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão; que é o mais nobre; segundo, por
imitação, o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo."
O primeiro método, que é o mais nobre, eu não consegui associar a algo dito
nesta postagem, mas posso associar ao que deve ser feito após a sua leitura:
refletir sobre o que nela é dito. O segundo, que é o mais fácil, eu associei ao
Fenômeno do Centésimo Macaco. O
terceiro, que é o mais amargo, eu associei à insuportabilidade oriunda da ideia
quanto pior melhor.
Postar coisas estranhas é algo que já fiz algumas vezes, mas a denominação "espécie inteligente do
Universo" eu lhes garanto que não é de minha autoria.
Um comentário:
Coincidentemente, acabei de ver no Facebook uma reportagem publicada em 2007 na revista Época que me parece ter muito a ver com a postagem: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG79639-6014-492,00.html
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