"Nós estamos no começo de uma extinção em massa e tudo o que vocês fazem é falar de dinheiro e contos de fadas sobre um crescimento econômico eterno. Como se atrevem?"
(Greta Thunberg, ativista)
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, as ideias
a serem espalhadas por este blog vêm de uma reportagem de Edison Veiga enviada
de Bled (Eslovênia) especialmente para o jornal O Estado de S. Paulo onde
foi publicada na edição de 22 de setembro de 2019 sob o título Por clima, Europa cria 'vergonha de voar'.
Por clima, Europa
cria 'vergonha
de voar'
Consumidores
estão mais atentos a grau de poluição do transporte e origem de produtos
No verso do bilhete da companhia de trem italiana,
um quadro informa a quantidade emitida de dióxido de carbono por passageiro em
viagem, conforme o meio adotado. De Roma a Veneza, são 17 quilos por pessoa a
bordo de trem, 57 quilos de carro e 81 quilos de avião. Em Bled, na Eslovênia,
cartazes deixam claro: há torneiras de água potável por toda a parte – não
compre garrafas plásticas. Em pequenas cidades alemãs, o reuso de produtos é
institucionalizado pela vizinhança, que organiza bazares de doação.
"A preocupação com o consumo sustentável está por
toda a Europa. Levantamento do Eurobarômetro, instrumento de pesquisas da
Comissão Europeia, perguntou a jovens de 15 a 24 anos dos 28 países membros da
União Europeia qual deveria ser a prioridade do continente. Em 20 países, a
maioria respondeu: combater a crise climática. Consciência, discurso e ações
começam a andar juntos. E isso se reflete em novos hábitos.
"A crise climática é a questão mais importante
para o europeu médio", diz Tiago Reis, pesquisador de meio ambiente na
Universidade Católica de Louvain, Bélgica. "E a primeira coisa que
qualquer um pode mexer é no que consome. Muitos já optam por soluções mais
sustentáveis, mesmo quando custam um pouco mais."
Isso é visível nas prateleiras do supermercado, é
claro, cada vez mais dominadas por alimentos orgânicos e sempre com informações
sobre quem produziu, onde e como. Mas também está na outra ponta, quando o
descarte é feito de forma mais responsável. "Minha máquina de lavar
louças, por exemplo, é de segunda mão e eu peguei em uma calçada", conta o
artista plástico Dieter Roos, morador do povoado de Münsingen, região de
Stuttgart, no sudoeste da Alemanha.
Ele conta ser comum por lá colocar na frente de
casa eletrodomésticos, livros e outros objetos que não queiram mais. E uma
plaquinha, onde se lê zuverschenken,
algo como "para doar". Pega quem quer. O que sobra, alguns dias
depois, aí sim vai para o lixo. "Quem tem plantas no quintal, põe até
frutas e verduras, na época da produção. Cestos com maças, peras, cerejas",
enumera Roos, enaltecendo a iniciativa comunitária que abomina desperdícios.
Transporte. Mas um dos principais vilões
ambientais do dia a dia são os ires e vires motorizados. A ativista sueca Greta
Thunberg, de 16 anos, deixou em evidência o termo flygskam, expressão que
significa "vergonha de voar". É um fenômeno de gente que não quer
mais andar de avião por causa do impacto ambiental. Para dar um radical
exemplo, ela cruzou o Atlântico a bordo de um iate movido só com energia limpa
até Nova York, onde participa da Cúpula do Clima das Nações Unidas (ONU), que
começa amanhã. "Não uso avião por razões climáticas", costuma dizer
Greta, que opta pela malha ferroviária.
"Na carona de outro termo que está ficando popular na
Suécia – tagskryt ou "orgulho de andar de trem" – Greta já comentou
que a decisão de cruzar o Atlântico em barco havia sido tomada porque "infelizmente
não há uma linha de trem" capaz de ligar os continentes. Ontem, ela
participou na ONU da primeira Cúpula Jovem do Clima, que reuniu ativistas de
vários países.
Pesquisas. O meio acadêmico segue o
trilho. Cientistas da Universidade Chalmers de Tecnologia e da Universidade de
Gotemburgo, da Suécia, lançaram um site, o travelandclimate.org, para o turista
avaliar opções de deslocamento conforme o tipo de viagem.
A plataforma considera cálculos da Agência
Ambiental Europeia, que aponta que a emissão de dióxido de carbono por
quilômetro é de 14 gramas por passageiro de trem – ante 285 gramas de quem vai
de avião. E soma a isso o impacto ambiental estimado conforme a acomodação. Por
fim, situa a viagem em uma escala de verde a vermelho, para alívio ou peso na
consciência do turista. Uma versão beta do sistema, em sueco, funcionou por
cerca de um ano, antes de a plataforma ser lançada, e registrou mais de 50 mil
usuários.
Um dos pesquisadores que desenvolveram o sistema,
Jörgen Larsson disse, no lançamento, que espera ajudar a reduzir os impactos
ambientais causados por humanos. "Nossos estudos apontam que as emissões
causadas pela aviação sueca é de cerca de uma tonelada de dióxido de carbono
por cidadão. É cinco vezes mais do que a média global", pontuou ele, com
base em análise de banco de dados de 1990 a 2017.
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Por clima, Europa
cria 'vergonha de voar', eis a frase que intitula a
reportagem reproduzida nesta postagem.
Pela consciência da imprescindibilidade de preservar
as condições que possibilitem a vida, todos os continentes deveriam criar 'vergonha
de fazer qualquer coisa que possa contribuir para a inviabilização da vida', eis
a frase que encerra esta postagem alusiva ao Dia Mundial do Meio Ambiente com a intenção de estimular-nos a
repensar atitudes e a criar novos hábitos, pois cuidar do ambiente em que se
vive é dever de todos os que nele vivem.
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