terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Um padrão de vida diferente

- Qual a função dos melhores?
- Melhorar os piores.
- E a ocupação dos mais inteligentes?
- Instruir os ignorantes.
- Senhor, e os bons? Que farão os homens bons, dentro do novo sistema?
- Ajudarão aos maus, a fim de que estes se façam igualmente bons.
- E o encargo dos ricos?
- Amparar os mais pobres para que também se enriqueçam de recursos e conhecimentos.
Extraídas de um texto intitulado O Programa do Senhor, as perguntas acima são atribuídas a um assessor da Justiça em Jerusalém e as respostas a um mestre enviado a esta dimensão, há dois mil e vinte anos, com a finalidade de impulsionar a evolução espiritual da autodenominada espécie inteligente do universo.
Sendo parte do Programa do Senhor, a vinda de mestres a esta dimensão com a finalidade de impulsionar a evolução espiritual é algo que sempre ocorreu, e que sempre ocorrerá. Mestres como Jiddu Krishnamurti (1895 – 1986), filósofo, educador e conferencista indiano que, por quase sessenta anos, viajou pelo mundo falando para grandes audiências sobre a necessidade de uma mudança radical no comportamento da humanidade. Radical, não no sentido vulgar, extremista, mas no sentido etimológico – de reportar-se à raiz do problema. Ou seja, sobre a necessidade de descobrir em nosso interior os caminhos para uma vida melhor.
Inúmeras de suas conferências, entrevistas e diálogos com pessoas que o procuravam para conversar sobre temas da época, problemas humanos universais ou sobre seus próprios dilemas pessoais foram reunidas em muitos livros que são verdadeiras pérolas de ensinamentos a serem colocados em prática se, realmente, almejarmos contribuir para uma mudança radical no comportamento da humanidade.
Quatro anos após a última das dez postagens espalhando ensinamentos de Krishnamurt relacionadas acima, este blog volta a espalhar uma pérola de ensinamento produzida pelo mestre. Extraída do livro "Krishnamurti – Seu Universo Interior – Você é a história da humanidade", segue a instigante passagem intitulada Um padrão de vida diferente.
Um padrão de vida diferente
O dr. A. disse que tinha seu consultório e ganhava muito dinheiro na prática médica, mas tinha certeza de que não estava realmente curando. Comprimidos e líquidos coloridos não levavam à verdadeira cura, embora oferecessem um alívio temporário. Ele queria a verdadeira cura. Isso implicaria em um padrão de vida diferente, o que não o preocupava, mas sua esposa e sua família se oporiam; e, se ele seguisse o que considerava correto, a família se separaria. Seria egoísmo de sua parte ceder às exigências familiares? Qual era sua responsabilidade?
Ao construir valores materiais e sucumbir a eles, será que não estamos criando catástrofes sociais, guerras, crueldade e miséria? Mantendo um alto padrão de vida e valorizando-o, não estamos criando um mundo mecanicista e bárbaro, de crueldade, competição e orgulho?
Isso o médico via claramente, pelo menos naquele momento.
Ao se submeter ao ambiente, seja da família ou da civilização, ele era responsável pelo sofrimento geral e por seu próprio sofrimento particular. Dando-se conta disso, deveria ceder às exigências materiais da família por mais e mais conforto, carros maiores e melhores, e tudo o mais? Qual era sua responsabilidade? Era egoísmo curar de verdade as pessoas, o que implicaria ganhar muito menos? Isso poderia causar discórdia na família, mas, qual era sua responsabilidade?
Seria ele capaz de viver uma vida simples, despojado da parafernália e ostentação externas, satisfeito com pouco, porque interiormente estava em paz, rico em compreensão, pleno de amor?
Como, perguntava ele, chegaria a isso?
Com o correto pensar, com autoconsciência. Sem autoconhecimento não há correto pensar, e sem correto pensar não pode haver paz nem amor.
Eu lhe expliquei o que essa árdua tarefa implicava.
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O que Krishnamurti explicou a ele eu não sei, mas que as palavras de Krishnamurti sempre me dão o que pensar é algo que eu sei bem.

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