Para
suceder uma postagem intitulada "Não traz nada de novo"
que tal uma reportagem intitulada "Romanos
usavam redes sociais há dois mil anos, diz livro"? Assinada por
Fernanda Nidecker da BBC Brasil em Londres, a reportagem é datada com 6 de
novembro de 2013 e até o momento em que esta postagem foi publicada estava
disponível em https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/11/131106_livro_midiassociais_fl.
Romanos usavam redes
sociais há dois mil anos, diz livro
Ao tuitar ou
comentar embaixo do post de um de seus vários amigos no Facebook, você
provavelmente se sente privilegiado por viver em um tempo na História em que é
possível alcançar de forma imediata uma vasta rede de contatos por meio de um
simples clique no botão "enviar".
Você talvez também
reflita sobre como as gerações passadas puderam viver sem mídias sociais,
desprovidas da capacidade de verem e serem vistas, de receber, gerar e interagir
com uma imensa carga de informações.
Mas o que você
talvez não sabia, é que os seres humanos usam ferramentas de interação social
há mais de dois mil anos. É o que afirma Tom Standage, autor do livro Writing
on the Wall – Social Media, The first 2.000 Years (Escrevendo no Mural -
Mídias Sociais, Os primeiros 2 mil anos, em tradução livre). Na obra, Standage,
que é editor de conteúdo do site da revista britânica The Economist,
afirma que redes sociais como o Facebook, Twitter e Tumblr podem ser as últimas
encarnações de uma prática que começou por volta do ano 51 a.C, na Roma Antiga.
Segundo Standage,
Marco Túlio Cícero, filósofo e político romano, teria sido, junto com outros
membros da elite romana, precursor do uso de redes sociais. O autor relata como
Cícero usava um escravo, que posteriormente tornou-se seu escriba, para redigir
mensagens em rolos de papiro que eram enviados a uma espécie de rede de
contatos.
Estas pessoas, por
sua vez, copiavam seu texto, acrescentavam seus próprios comentários e
repassavam adiante. "Hoje temos computadores e banda larga, mas os romanos
tinham escravos e escribas que transmitiam suas mensagens", disse Standage
à BBC Brasil.
"Membros da
elite romana escreviam entre si constantemente, comentando sobre as últimas movimentações
políticas e expressando opiniões".
iPad romano
Além do papiro,
outra plataforma comumente utilizada pelos romanos era uma tábua de cera do
tamanho e forma de um tablet moderno, em que escreviam recados, perguntas ou
transmitiam os principais pontos da acta diurna, um "jornal"
exposto diariamente no Fórum de Roma contendo um resumo de debates políticos,
anúncios de feriados, de nascimentos e de óbitos, e outras informações
oficiais. Essa tábua, o "iPad da Roma Antiga", era levado por um
mensageiro até o destinatário, que respondia embaixo da mensagem. "Esse
sistema é provavelmente o antepassado mais antigo do torpedo de celular",
compara o autor.
Outra curiosidade
relatada no livro é que o hábito de abreviar palavras e expressões, amplamente
usado nos dias de hoje, também era comum entre os romanos. Entre as expressões
mais correntes estavam "SPD", que significa "Envia muitos
cumprimentos" e S.V.B.E.E.V: "Se você está bem, que bom. Eu estou
bem".
Escrevendo no
Mural descreve a
evolução das mídias sociais ao longo da História e mostra o grande impacto da
criação do papel e da invenção do processo de impressão sobre a comunicação
social. "Na corte de Ana Bolena (uma das mulheres do rei da Inglaterra
Henrique 8º), o manuscrito de Devonshire era um Facebook do século 16,
permitindo aos cortesãos se comunicarem por meio de poesias e fofocas nas
páginas que circulavam pelos corredores do palácio", diz o autor.
Standage conta
como os panfletos do teólogo alemão Martinho Lutero, que desencadearam a
Reforma Protestante no século 16, foram disseminados rapidamente pela Europa
depois que as pessoas começaram a replicá-los e, depois, imprimi-los. "Ele
não esperava que isso fosse acontecer, que as pessoas fossem disseminar sua
mensagem de que a Igreja precisava ser reformada. Foi uma disseminação social e
viral", diz o autor.
Anomalia histórica
Para Standage, o
advento e a popularização da comunicação de massa no século 19 — com jornais e
livros — e no século 20 — cinema, rádio e TV — ofuscaram os modelos sociais de
distribuição de informação que haviam prevalecido durante séculos. "As
pessoas passaram a obter informações das mídias de massa e não mais de seus
amigos, em um processo de mão única, sem interação", diz o autor.
Na última década,
a internet abriu caminho para o renascimento das plataformas sociais de
comunicação que, para o autor, se tornaram tão eficientes que passaram a
competir com as mídias de massa.
"Agora o
grande desafio das grandes organizações de mídia é gerar conteúdo de mão dupla,
porque já sabem que o de mão única foi uma anomalia histórica que não funciona
mais".
Para Standage, sua
obra reflete que o ser humano, independentemente da época em que vive, nutre o
desejo profundo de se conectar e compartilhar ideias e impressões com outras
pessoas. "Este desejo é construído nos nossos cérebros. A tecnologia vai e
vem, mas a natureza humana continua a mesma".
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Uma reportagem
muito interessante encerrada com uma frase bastante instigante! "A
tecnologia vai e vem, mas a natureza humana continua a mesma", eis uma
afirmação que deveria dar-nos o que pensar.
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