O desconhecimento e o desinteresse em relação ao que é verdadeiramente
importante são duas das principais causas dos grandes males que, por desventura,
proliferem em qualquer sociedade. É o que ocorre com o buscar e o não
saber nesta sociedade onde o único buscar pelo qual a maioria se interessa
é aquele oferecido pelos sites de busca.
"Raras vezes nos perguntamos o porquê das coisas e é por isso mesmo que não o vemos. (...) O princípio de uma busca, de um aprender, é abrir-se às perguntas. (...) Tem-se que manter uma pergunta viva - e existem tantas...! - O que é a vida? O que é educar e para que educar? (...) Colocar-se perguntas não é nada cômodo e o comodismo é que rege nossas vidas. (...) Contudo, se somos educadores, se somos pais, temos de sacudir esse comodismo e esse desejo de segurança e nos colocar perguntas. (...). Perguntas estas que temos de compartilhar com as crianças - este é o começo de um aprender. Um aprender compartilhado. (...) Uma criança que não se pergunta, que não sabe buscar, perderá também sua chance de poder alcançar algo mais espiritual, de buscar dentro de si o porquê de estar na Terra e qual poderia ser sua função, sua utilidade. (...) É necessário compreender que não saber é bom. (... ) Muitas crianças têm a ideia de que "não saber é mau". Isto as impede de perguntar ao professor, quando não entendem algo, e por isso se desencorajam, perdendo o interesse em aprender. (...) Quando não se sabe algo, deve-se perguntar."
O parágrafo acima é composto de trechos que
selecionei do maravilhoso texto de Nathalie de Etievan (espalhado pelas duas
postagens anteriores) com a intenção de convencê-los da importância de saber
perguntar? Afinal, desde criança ensinam-nos apenas a responder. Começando na
escola, onde respondemos perguntas de professores e prosseguindo na vida
profissional, onde respondemos perguntas de superiores hierárquicos. E dando respostas que sejam aprovadas por quem faz as perguntas. É lamentável! Não
saber perguntar é um dos mais graves defeitos desta sociedade preparada apenas
para responder, pois resulta em uma sociedade cada vez mais
deteriorada. "Nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar pode
esperar encontrar respostas para os problemas que a afligem.", diz o
sociólogo Zygmunt Bauman. E na arte de questionar deve ser incluída a
capacidade de fazer as perguntas convenientes ao todo, e não apenas a uma minoria
que manipule a sociedade em função de seus próprios (ou seriam impróprios?) interesses. "Colocar-se
perguntas não é nada cômodo e o comodismo é que rege nossas vidas", diz
Nathalie de Etievan. Que rege nossas vidas e que as deteriora, digo eu.
"Uma criança que não se pergunta, que não sabe buscar, perderá também sua chance de poder alcançar algo mais espiritual, de buscar dentro de si o porquê de estar na Terra e qual poderia ser sua função, sua utilidade. (...) Nós, adultos, sempre temos medo do fracasso, porque, como as crianças, não fomos educados para aproveitá-lo, para aprender com ele, para considerá-lo como uma etapa no caminho de um encontro com nós mesmos."
"Buscar dentro de si o porquê de estar na Terra
e qual poderia ser sua função, sua utilidade. (...) Encontrar-se com si mesmo." Eis duas coisas sem
as quais a humanidade jamais encontrará verdadeiras soluções para os seus males. Eis o
caminho para descobrir que, "se estamos abertos, a vida é um aprender
contínuo."
"Em geral a pessoa se defende de não saber, porque, habitualmente, se ridiculariza aquele que não sabe. Porém, o interessante é que, dentro de nós, existe algo que surge quando reconhecemos que não sabemos, quando somos simples, humildes e permitimos que apareça uma sabedoria da própria vida. (...) Devemos mostrar às crianças que as pessoas que "sabem tudo" são aquelas que nunca aceitaram que poderiam equivocar-se e que, ao cair, se sentiram derrotadas e se negaram a continuar. Em consequência, nunca aprenderam..."
E para não serem ridicularizadas pelo fato de
não saber, as pessoas passam a vida tentando iludir os outros, e acabam iludindo
a si mesmas.
"Crer que sabemos restringe. (...) Dar-nos conta de que não sabemos permite que nos soltemos e deixemos aparecer algo de melhor qualidade. Porque não saber só se justifica para aprender e não para permitir-se ser passivo. Se, realmente, nos damos conta de que não sabemos, isto é formidável, porque abre a possibilidade de aprender. (...) Para nós "eu não sei" deveria ser algo fabuloso, porque nos dá a possibilidade de aprender."
Aprender! Será esta a finalidade da vida? Uma
postagem que começa fazendo apologia da importância de saber perguntar tem que terminar
deixando uma pergunta no ar, não é mesmo? Mas, fazendo referência ao título,
ela também precisa lembrar a importância de buscar. Portanto, que tal interessarmo-nos
em buscar a finalidade da vida? Para estimulá-los a tal busca, segue uma
frase que li, mas cuja autoria não era apresentada: "A vida vai além do que nos foi
ensinado." Estou tão convencido da importância de perguntar que não resisto a lhes fazer mais uma pergunta: Consegui convencê-los da importância de perguntar e de interessar-se em buscar?
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