"Nada é tão útil ao homem como a resolução de não ter pressa."
(Henry David Thoreau [1817
– 1862], naturalista, historiador e filósofo norte-americano)
" - Se alguém pudesse nos olhar do alto, veria que o mundo está repleto de pessoas que andam apressadas, suadas e exaustas, e também veria suas almas, atrasadas e perdidas no caminho por não conseguirem acompanhar seus donos. E isso cria uma grande confusão. As almas perdem a cabeça e as pessoas deixam de ter coração. As almas sabem que ficaram sem seus donos, mas as pessoas muitas vezes nem sequer percebem que perderam a própria alma."" - Isso acontece porque a velocidade com que as almas se movimentam é muito menor do que a dos corpos. As almas surgiram no início dos tempos, logo depois do Big Bang, quando o universo ainda não tinha acelerado tanto e, por isso, podia se olhar no espelho.""Quando o explorador quis saber o porquê da parada, os carregadores disseram: 'É que nós andamos muito depressa e não sabemos mais o que estamos fazendo aqui. Agora precisamos esperar um pouco até que nossas almas nos alcancem.'".
Extraídos da história contada por Olga Tokarczuk (os dois
primeiros) e do episódio contado por Paulo Coelho (o terceiro), os três parágrafos
acima dão-me o que pensar! O que levou-me a associá-los? O fato de focalizarem
a perda da alma e atribuírem tal perda ao fascínio pela pressa.
"Pessoas que andam apressadas, suadas e exaustas que deixaram suas almas perdidas no caminho por não conseguirem acompanhar seus donos, que muitas vezes nem sem sequer perceberem que delas se perderam", diz Tokarczuk."Quando o explorador quis saber o porquê da parada, os carregadores disseram: ' É que nós andamos muito depressa e não sabemos mais o que estamos fazendo aqui. Agora precisamos esperar um pouco até que nossas almas nos alcancem.'", diz Coelho.
Ou seja, as pessoas que andam apressadas (da
história) e os carregadores que andaram muito depressa (do episódio),
igualmente, não sabiam mais o que estavam fazendo. Porém, diferentemente, das
pessoas (da história), que muitas vezes nem sequer percebem que perderam a
própria alma, os carregadores (do episódio) perceberam que haviam se
distanciado de suas almas e, consequentemente, optaram por esperar até que elas
os alcançassem.
Infelizmente, pelo que se pode observar, a maioria dos
integrantes deste insano planeta parece-se mais com as pessoas da história do que com os carregadores do episódio.
"Sem a alma, a vida até que era boa - ele dormia, comia, trabalhava, dirigia um carro e ainda jogava tênis. Mas, às vezes, ele tinha a impressão de que tudo a sua volta ficara plano e sem graça, como se ele se movimentasse numa folha quadriculada e vazia de um caderno de matemática, coberta por quadradinhos iguais e onipresentes.", diz Tokarczuk.
Você já ouviu ou leu a frase "A propaganda é a alma do
negócio"? O que será que significa tal frase? Será que significa que a divulgação e a promoção de um
produto ou serviço são essenciais para o sucesso de um negócio? Será que pode
significar, também, que a alma é o que há de essencial para a obtenção de
sucesso no que quer que seja, inclusive na própria vida? Será que a essencialidade da alma pode explicar a impressão citada no parágrafo acima - "de que tudo a sua
volta ficara plano e sem graça"?
Sendo composto de corpo e alma, para evoluir de forma
salutar, o ser humano deveria dar sempre igual importância a essas duas partes,
coisa que não faz há muito tempo, e por assim agir ele tem colhido
resultados desastrosos que insiste em não querer enxergar. O próximo parágrafo fala
sobre algo que deveríamos ter sempre em mente durante nossa jornada por esse
percurso que a gente chama de vida.
"- Isso (a perda da alma) acontece porque a velocidade com que as almas se movimentam é muito menor do que a dos corpos. As almas surgiram no início dos tempos, logo depois do Big Bang, quando o universo ainda não tinha acelerado tanto e, por isso, podia se olhar no espelho.", diz Tokarczuk.
Considerando que corpo e alma movimentam-se com
velocidades diferentes, a velocidade utilizada jamais deveria ser a maior das
duas, pois dessa forma o que ocorre é a alma ficar para trás. E ao deixar a
alma para trás, ou seja, ao dela perder-se, o ser humano propicia as condições
para a eclosão de todos os males que assolam a humanidade."
"E isso (a perda de suas almas) cria uma grande confusão. As almas perdem a cabeça e as pessoas deixam de ter coração.", diz Tokarczuk.
E ao deixarem de ter coração as pessoas seguem por aí
praticando (ou indiferentes à prática de) uma série de atrocidades das quais
resultam sofrimentos insuportáveis para uma quantidade cada vez maior de outras
pessoas.
"As almas surgiram no início dos tempos, logo depois do Big Bang, quando o universo ainda não tinha acelerado tanto e, por isso, podia se olhar no espelho.", diz Tokarczuk.
O tempo passou, o universo acelerou, a velocidade com que
os corpos se movimentam aumentou, da velocidade com que as almas se movimentam
ela se distanciou e, hoje, o mundo está repleto de pessoas que andam
apressadas, suadas e exaustas, com suas almas atrasadas e perdidas no caminho
por não conseguirem acompanhar seus donos, diz Tokarczuk.
Pessoas apressadas deslocando-se
mundo afora em velocidades cada vez maiores em um comportamento que faz-me
lembrar uma imagem criada por Thich Nhat Hanh (1926 - 2022), um monge budista,
pacifista, escritor e poeta vietnamita indicado por Martin Luther King ao
prêmio Nobel da Paz. Qual é a imagem? "A humanidade se assemelha a um
homem montado num cavalo em disparada, e que ao ser perguntado: 'Para onde você
está indo?', responde: 'Não sei, pergunte ao cavalo!'".
Como últimas palavras destas reflexões segue a afirmação
de Leon Tolstoi [1828 – 1910], escritor russo reconhecido como um dos maiores
de todos os tempos, pensador social e moral, usadas como as primeiras na
postagem anterior.
"A nós parece que o trabalho mais importante do mundo é o trabalho visível, mas nosso trabalho invisível para o aprimoramento da alma é o trabalho mais importante do mundo, e todas as outras formas só são úteis quando o realizamos."
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