segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Reflexões provocadas por "As Zonas Azuis" (I)

"Septingentésima postagem ou 'Examinai tudo. Espalhai o que for bom'.", eis o título da postagem publicada em 14 de março de 2023. Colocar em prática a recomendação expressa na segunda opção de título, eis o que considero ter feito quando resolvi publicar uma postagem espalhando um texto que focalize os modos de viver praticados nas Zonas Azuis, nome dado a determinadas regiões do mundo nas quais os habitantes vivem mais do que em qualquer outro lugar do planeta.
Após ler dois textos e assistir um vídeo nos quais as três autoras enaltecem os modos de viver praticados nas Zonas Azuis, escolhi o texto da geriatra Maisa Kairalla, da Universidade Federal de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia para ser espalhado com a intenção de despertar o interesse pelas "Zonas Azuis".
Porém, considerando que o texto da jornalista Raphaela de Campos Mello, publicado na revista Vida Simples, e o vídeo de Camila Zen, publicado no You Tube, também são bastante interessantes, resolvi iniciar estas reflexões da seguinte forma: Aproveitando o fato de o texto de Maisa ser estruturado em função dos chamados "Power 9" (termo cunhado por Dan Buettner, um dos membros da equipe de pesquisadores responsável por "descobrir" as ZAs pelo mundo), partir do que ela diz sobre cada "Power" e buscar no texto de Raphaela e no vídeo de Camila o que, no meu entender, lhe pode ser associado. Afinal, é quando mais de uma pessoa atribuem relevância a uma determinada coisa, que tal coisa adquire autêntica relevância.
1. Manter-se em movimento  
"E isso não significa ir à academia, correr maratonas, etc. Nas ZAs, é natural se locomover constantemente – seja para fazer compras, para passear, cultivar seus jardins e por aí vai.", diz Maisa.

"Primeiro de tudo, essas pessoas mantém o corpo ativo ao longo do dia. Vão ao mercado a pé, carregam suas sacolas, sobem escadas, limpam a casa, cuidam das plantes, agacham-se, levantam-se, alongam-se, como parte da condição de estarem vivas, não importa a idade.", diz Raphaela.

2. Aplicar a "regra dos 80%" na hora de se alimentar
"Nas Zonas Azuis, é comum reduzir o consumo de comida no final da tarde e/ou início da noite. Em Okinawa, há mais de 2 500 anos, eles praticam o 'Hara hachi bu', uma espécie de 'mantra' verbalizado antes das refeições para que se lembrem de parar de comer ao alcançarem 80% de sua saciedade. Para eles, esses 20% fazem a diferença entre engordar ou não.", diz Maisa.

"Por sinal, vale ressaltar, os habitantes das Blue Zones, comem até sentirem-se satisfeitos, jamais empanturrados.", diz Raphaela.

4. Ter atenção às escolhas alimentares  
"Esses povos costumam seguir uma dieta mediterrânea à base de plantas, azeite de oliva, mel, grãos integrais, vegetais e frutas. Outro item que consta na lista é um vinho de boa qualidade (como o chamado 'vinho canonau', da Sardenha, na Itália). Nas Zonas Azuis é hábito consumir a bebida de forma moderada e regular, isto é, cerca de uma a duas taças ao dia – o comportamento só não é seguido pelos adventistas do sétimo dia.", diz Maisa.

"Aderem a uma alimentação caseira, bem preparada e rica em frutas, vegetais, cereais, legumes, oleaginosas e sementes. Carne vermelha, somente cerca de cinco vezes ao mês; vinho tinto e café com moderação.", diz Raphaela.

5. Manter vínculos com familiares e amigos
"Priorizar a manutenção desses laços contribui com o alcance da longevidade.", diz Maisa.
"Também prezam pelas trocas que podem tecer em ambientes comunitários e pelo convívio familiar, espantando a solidão e deleitando-se com hobbies.", diz Raphaela.
"E junto com a pessoa ter relacionamentos próximos [...] muito parecido vem a interação social. Interagir com as pessoas ao longo do nosso dia. Aquele bom dia para o porteiro, aquele olhar sorrindo para alguém que passa por você, aquela conversa, mesmo que rapidinha, na padaria, quando você passa para buscar o pão. E isso está se extinguindo cada vez mais no mundo. Aliás, um dado preocupante que os pesquisadores descobriram é que um quarto da população diz não ter ninguém com quem contar, se realmente precisar, e 33% diz ter no máximo uma ou das pessoas.
Durante os estudos nas Zonas Azuis de maior longevidade do mundo, uma pesquisadora disse que na casa de todo centenário ela encontrou uma festa na cozinha. Uma das senhoras com 103 anos, na Sardenha, na Itália, ainda fazia, todos os sábados junto com a sua neta, ravióli com ricota no molho denso de tomate, para a família comer e para distribuir para os vizinhos. Ou seja, claramente, para aquela senhora a interação social e os relacionamentos próximos foram muito mais importantes para sua saúde do que deixar de lado o glúten e a gordura.", diz Camila.
6. Diminuir o ritmo e evitar o estresse
"O estresse é um dos gatilhos que podem levar à inflamação crônica do organismo, gerando doenças que impactam na qualidade do envelhecimento. Embora não estejam imunes a situações de estresse, os moradores desses locais procuram soluções para evitá-las, como fazer orações, meditar, tirar sonecas ao longo do dia e fazer happy hours, entre outros.", diz Maisa.

"Aderem a um ritmo cotidiano mais brando, o que propicia tanto a soneca da tarde quanto uma alimentação caseira, bem preparada e rica em frutas, vegetais, cereais, legumes, oleaginosas e sementes.", diz Raphaela.

8. Viver em comunidade
"Estar na 'tribo certa' pode contribuir com a adoção de comportamentos saudáveis e estimular a prática de cuidado mútuo com os demais membros da comunidade. É o caso dos okinawanos, que criaram os 'moais' – grupos de cinco amigos que se comprometeram uns com os outros a se cuidarem por toda a vida.", diz Maisa.

"Entre muitos fatores importantes [...] eles descobriram que o que ficou no topo da lista, o que ganha, assim de lavada, foram duas coisas bem interessantes. Uma delas foi a pessoa ter relacionamentos próximos. Isso significa você ter pessoas com quem pode contar. Pessoas em quem você confia. Aquelas pessoas que, se você precisar, vão cuidar de você; vão te ouvir chorar; vão te levar ao hospital; vão te apoiar, seja lá no que for.", diz Camila.

9. Ter e cultivar seu senso de propósito (ou sentido de sua vida)  
"É o que os okinawanos chamam de 'ikigai' – o termo significa 'porque acordo de manhã'. Acredita-se que ter esse entendimento pode acrescentar sete anos de vida extras.", diz Maisa.
"Além de saírem da cama com o intento de beneficiarem de alguma maneira o coletivo, nutrem a fé em algo maior do que a compreensão humana, uma força espiritual, não necessariamente religiosa.", diz Raphaela.
"Sair da cama com o intento de beneficiar de alguma maneira o coletivo". Ou seja, sair da cama com o intento oposto ao da maioria dos integrantes desta sociedade (sic) na qual o intento predominante é prejudicar de alguma maneira o coletivo e beneficiar de qualquer maneira apenas a si próprio.
"Nutrir a fé em algo maior do que a compreensão humana, uma força espiritual, não necessariamente religiosa." Ou seja, não ser um daqueles seres que tendo recebido a oportunidade de passar algumas décadas em uma das dimensões de um pequeno planeta chamado Terra, que na infinita dimensão do universo não passa de um exaltado grão de poeira cósmica, dizem não acreditar na existência de algo maior, simplesmente, por não caber na sua minúscula compreensão humana.
Nutrir a fé em "uma força espiritual, não necessariamente religiosa". Ou, talvez melhor, invertendo a ordem entre duas palavras: nutrir a fé em "uma força espiritual necessariamente não religiosa", pois a confusão que a imensa maioria dos integrantes da autodenominada espécie inteligente do universo faz entre espiritualidade e religião é, no meu entender, um dos principais fatores impeditivos de uma convivência harmoniosa entre os seres ditos humanos.
Há um antigo ditado que diz: "É preciso ver para crer"? Mas há controvérsias sobre ele, pois há quem diga que a versão correta do ditado seja: "É preciso crer para ver". Fico com esta versão.
Que a decisão sobre em que acreditar cabe a cada um não tenho a menor dúvida. Mas outra coisa sobre a qual não tenho a menor dúvida é uma afirmação feita pelo personagem de Nicolas Cage no filme Cidade dos Anjos, e reproduzida na imagem apresentada abaixo.
  Termina na próxima segunda-feira

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