Continuação de segunda-feira
Após
duas postagens focalizando algumas coisas que, além da citada pelo bilionário sincero,
são ruins para os demais integrantes do planeta e boas para os bilionários
capitalistas, a postagem que encerra esta "trilogia" focaliza a questão
que a provocou: o aumento do desemprego. O próximo parágrafo apresenta a transcrição
de um trecho do vídeo do bilionário sincero.
"Precisamos aumentar o desemprego. [...] Precisamos fazer a economia sofrer."
Sim, do
ponto de vista dos bilionários capitalistas, é preciso aumentar o desemprego, pois
quanto maior for a quantidade de desempregados; maior será o
desespero para conseguir um emprego; maior será a
precariedade das condições "oferecidas" pelo empregador; maior será a
exploração a que serão submetidos os trabalhadores que conseguirem emprego e,
consequentemente, menor será o
valor das remunerações que eles precisarão pagar aos trabalhadores.
E
diante da barbaridade descrita acima, vem um "bilionário sincero" e
diz: "Precisamos fazer a economia sofrer." Como assim cara-pálida?
Assim você compromete seu momento de sinceridade! Não, em uma economia
comandada por bilionários capitalistas e abençoada por um deus denominado
mercado chega a ser um sacrilégio alguém afirmar que é preciso fazer a economia
sofrer, pois a única coisa que sofre é o trabalhador. Sim, é como coisa que o
trabalhador é tratado nesta insana sociedade (sic) capitalista.
Qual é o nome do "bilionário
sincero"? Tim Gurner. Quem é ele? É o fundador do Gurner Group, um dos
maiores grupos empresariais australianos. Grupo que atua no ramo imobiliário e
no qual Gurner atua como CEO. Alguém que, segundo algo dito no vídeo encontrável no endereço https://www.youtube.com/watch?v=Gl6y5qblhds (até o momento da publicação desta postagem), "nunca passou pela fila do
desemprego, e cuja carreira começou com um empréstimo de seu chefe, e o chefe
dele era o avô." Assim é mole, não, baby?!
Considerado um dos homens mais ricos da Austrália, Gurner
também é conhecido por dar declarações com forte cunho ideológico da classe
dominante. A que provocou esta "trilogia" ocorreu durante um evento
da Australian Financial Review e foi
noticiada em vários órgãos de comunicação social por todo o mundo. Quanto às
anteriores, uma das que ganhou destaque na mídia foi aquela em que ele sugere que
os jovens não podem pagar uma casa porque gastam muito em torradas com abacate (um
prato popular entre jovens). Além de ter casa quer escolher o que comer! Ô raça
difícil de satisfazer, hein! O próximo parágrafo apresenta mais uma transcrição
de um trecho do vídeo do "bilionário sincero".
"Precisamos lembrar às pessoas que elas trabalham para o empregador, não o contrário. Existe uma mudança sistemática onde o trabalhador considera que o patrão tem sorte em ter os funcionários e deveria ser o contrário. [...] Precisamos matar esse pensamento e isso acontece quando machucamos a economia, que é o que o mundo está tentando fazer. Governos do mundo inteiro estão tentando aumentar o desemprego para conseguir um pouco de normalidade."
E com a
declaração reproduzida acima, Gurner demonstra desconhecer algo que, segundo
reportagem publicada na edição de 07 de fevereiro de 2017 no jornal Folha de S.Paulo, já estava ocorrendo
naquela época em um país vizinho da Austrália.
Para onde estão indo os megarricos?
Megarricos buscam refúgio na Nova Zelândia contra
colapso capitalista
Temor de ricos é que ocorra revolta popular
devido à desigualdade em alta
Os três
parágrafos acima reproduzem o trecho inicial da reportagem. A reportagem completa
é reproduzida na postagem publicada em 05 de setembro de 2017 no blog Lendo e opinando sob o título "Para onde estão indo os megarricos?".
Ou
seja, em vez de ficar querendo comprar briga com os trabalhadores, creio que a
melhor coisa a ser feita pelo "bilionário sincero" talvez seja seguir
o exemplo dos megarricos citados na referida reportagem. Megarricos que, por
mais incrível que possa parecer, parecem concordar com a afirmação do filósofo
marxista esloveno Slavoj Zizek reproduzida a seguir.
"Quando me dizem 'você é um utópico', digo: 'a única utopia de fato é acreditar que as coisas podem seguir indefinidamente seu curso atual'.
Ou
seja, em termos de "Temor de ricos é que ocorra revolta popular
devido à desigualdade em alta",
a questão parece-me não ser se algum dia ela ocorrerá, e sim de quando
será esse dia.
Devido
à reação negativa provocada na Austrália e em outros países, Gurner usou o LinkedIn para pedir desculpas sobre suas
declarações. O pedido de Tim Gurner ocorreu após reações adversas na web e de
políticos locais e internacionais. Pedido que, no meu entender, deve ser
recusado, até porque, conforme dito ao longo da postagem, o solicitante é reincidente
na prática desse tipo de declarações. Pedido que leva-me a reproduzir no final da
terceira postagem da "trilogia" o que foi dito no início da primeira.
"Perdemos a capacidade de indignar-nos. Do contrário o mundo não
estaria como está."
(Autoria não identificada por mim)
Capacidade
que precisa ser recuperada. Recuperação que passa pela prática do não
atendimento do pedido de desculpas do "bilionário sincero" e de qualquer
pedido indesculpável. Sim, existem coisas que são indesculpáveis. Compreendido?
"Perdemos a capacidade de não desculpar coisas
indesculpáveis. Do contrário o mundo não estaria como está."
(Paráfrase de minha autoria)
"Encerrando a postagem, segue uma recomendação que
encontrei no endereço https://www.publico.pt/2023/09/15/opiniao/opiniao/ja-ouviram-falar-tim-gurner-2063386
em um artigo de Carmo Afonso, advogada, cronista e argumentista portuguesa,
intitulado "Já ouviram falar de Tim Gurner? Deveriam"
"As suas palavras têm de servir para sacudir os trabalhadores que andam esquecidos de quem são. Por todo o lado vejo "colaboradores" alheados da luta coletiva dos trabalhadores."
Esquecer
de quem se é e alhear-se da luta coletiva dos trabalhadores! Será que essa é
mais uma coisa a ser incluída entre as indesculpáveis? Sinceramente, qual é a
sua resposta a esta indagação?
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