terça-feira, 24 de outubro de 2023

Até quando? (I)

"Nenhuma árvore é tão tola a ponto de seus galhos brigarem entre si'. Mas, como humanos, nós somos."

  (Expressão de indígenas norte-americanos)
"Nossa! Acho que agora a caixinha de coincidências abriu de vez. No dia seguinte à publicação de uma postagem que apresenta no título a expressão "sinceridade indesculpável" recebi de uma ex-colega de trabalho e eterna amiga um vídeo que começa assim: "Nenhuma guerra tem a honestidade de confessar:". Sendo assim, após "sinceridade indesculpável" este blog apresenta "honestidade inconfessável". Um vídeo do extraordinário escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940 - 2015), encontrável (até o momento da publicação desta postagem) em https://www.youtube.com/watch?v=DKZZ6IKoAfc, e que entre as indagações finais inclui a seguinte: "Até quando a paz no mundo estará nas mãos dos que fazem o negócio da guerra?"
Vida que segue, e dois dias após ter visto um vídeo publicado antes de 13 de abril de 2015 (data em que Galeano deixou esta dimensão) e que termina com uma indagação iniciada por "Até quando...?", uma pesquisa feita com a palavra "Arsenal" com a intenção de encontrar notícias sobre esse clube inglês trouxe-me entre os resultados uma recente matéria da CNN Brasil que começa com uma indagação iniciada por "Por quanto tempo...?". Qual é a coincidência? O "até quando" da indagação de Galeano tem tudo a ver com o "por quanto tempo" da indagação da reportagem, como poderá ser constatado pela leitura da postagem. Segue o início do vídeo referente à reportagem.
Análise: Por quanto tempo os EUA continuarão sendo um arsenal para o mundo?
Segundo o analista, em vez ser visto como um arsenal, os EUA precisam de mais habilidade para ajudar cada nação a encontrar seu próprio caminho para paz duradoura e sustentável
Segundos depois, uma tarja preta foi exibida no centro da tela trazendo a seguinte mensagem:
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Em relação à obrigatoriedade de pagar para se ter acesso a qualquer coisa, menciono aqui a atitude do polímata Benjamin Franklin que "não patenteava seus inventos porque considerava o conhecimento um patrimônio comum da humanidade." Coisas que possam servir para as pessoas compreenderem o mundo em que vivem e, consequentemente, tornarem-se capazes de atuar no sentido de torná-lo melhor, no meu entender, deveriam ser franqueadas a todos. "Existem coisas que o dinheiro não compra. Para todas as outras existe Mastercard", eis um antigo slogan dessa bandeira de cartão de crédito. "Existem coisas que o dinheiro não deveria comprar. Entre tais coisas estão aquelas que podem contribuir para o mundo melhorar." Como disse Nuccio Ordine: "Reduzir o valor da vida ao dinheiro mata toda possibilidade de idealizar um mundo melhor."
Enquanto Galeano indagava (há mais de oito anos) - "Até quando a paz no mundo estará nas mãos dos que fazem o negócio da guerra?", o titulo da recente reportagem da CNN indaga - "Por quanto tempo os EUA continuarão sendo um arsenal para o mundo?" Algum de vocês consegue não enxergar que as duas indagações têm tudo a ver? Dito isto, segue a transcrição das palavras do extraordinário Eduardo Galeano.
Nenhuma guerra tem a honestidade de confessar: eu mato para roubar. As guerras sempre invocam nobres motivos. Matam em nome da paz, em nome de Deus, em nome da civilização, em nome do progresso, em nome da democracia. E, se por via das dúvidas, nenhuma dessas mentiras for suficiente, aí estão os grandes meios de comunicação dispostos a inventar inimigos imaginários para justificar a conversão do mundo em um grande manicômio, em um imenso matadouro.
Em Rei Lear, Shakespeare, escreveu que neste mundo os loucos conduzem os cegos, e quatro séculos depois, os senhores do mundo são loucos enamorados da morte, que hão convertido o mundo num lugar onde a cada minuto morrem de fome ou de enfermidade curável dez crianças. E a cada minuto se gastam três milhões de dólares, três milhões de dólares, na indústria militar que é uma fábrica de morte.
As armas exigem guerras e as guerras exigem armas. E os cinco países que manejam as Nações Unidas, que têm direito de veto nas Nações Unidas, resultam ser também os cinco principais produtores de armas.
Não se pergunta: Até quando? Até quando a paz no mundo estará nas mãos dos que fazem o negócio da guerra? Até quando seguiremos crendo termos nascido para o extermínio mútuo? Até quando seguiremos crendo que o extermínio mútuo é o nosso destino? Até quando?

"As armas exigem guerras e as guerras exigem armas. E os cinco países que manejam as Nações Unidas, que têm direito de veto nas Nações Unidas, resultam ser também os cinco principais produtores de armas.", afirma Eduardo Galeano. Quais são os cinco países? Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França. Sim, a paz está nas mãos dos produtores de armas, dos que (usando palavras de Galeano) "fazem o negócio da guerra"! Essa autodenominada espécie inteligente do universo é realmente sinistra!
"As exportações de armas dos Estados Unidos representaram 40% do total global em 2018-2022 e significaram uma alta de 14% em relação a 2013-2017.", eis uma informação encontrável (até o momento da publicação desta postagem) no endereço https://www.poder360.com.br/internacional/estados-unidos-dominam-vendas-globais-de-armas/, em uma reportagem intitulada "Estados Unidos dominam vendas globais de armas".
Segundo a reportagem a pesquisa foi feita pelo SIPRI (Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz, de Estocolmo e divulgada em 13 de março de 2023.
"Os EUA já foram uma nação de consertadores, de inventores, de soldadores de fundo de quintal. Todo mundo sonhava em construir uma bicicleta melhor. Agora nossa única grande indústria é a guerra.", eis uma afirmação do escritor americano Nicholson Baker, que consta em uma reportagem-entrevista publicada na edição de 19-20 de setembro de 2004 do Jornal do Commercio.
Será que a junção da afirmação de Eduardo Galeano, da informação fornecida pela pesquisa e da afirmação do escritor americano pode ser considerada suficiente para responder à indagação da reportagem da CNN: Por quanto tempo os EUA continuarão sendo um arsenal para o mundo? No meu entender, sim. Sendo assim, segue a minha resposta.
No que depender dos que se consideram donos do mundo, no meu entender, "os EUA continuarão sendo um arsenal para o mundo" per omnia saecula saeculorum, ou seja, para todo o sempre; para toda a eternidade. Afinal, para um país que tem "a guerra como sua única grande indústria" e que "no período 2018-2022 já havia alcançado a marca de 103 países como clientes para os seus produtos bélicos", será que existe algum interesse na busca da paz? E ao fazer tal indagação, sou levado a reproduzir o único trecho que consegui ler na reportagem da CNN.
"Segundo o analista, em vez ser visto como um arsenal, os EUA precisam de mais habilidade para ajudar cada nação a encontrar seu próprio caminho para paz duradoura e sustentável"
"Precisar de mais habilidade para ajudar cada nação a encontrar seu próprio caminho para paz duradoura e sustentável", eis a opinião do analista. Diante de tudo o que é dito nesta postagem e da opinião do analista, segue mais uma indagação. Será que um país que vive em função da guerra e que se considera o detentor do caminho a ser seguido, algum dia se interessará em ajudar cada nação a encontrar seu próprio caminho para paz duradoura e sustentável? Você ainda acredita em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e assemelhados?
Considerando o tamanho já atingido por esta postagem, a opção que me restou foi interrompê-la neste ponto e deixar para a próxima postagem a resposta à indagação "Até quando a paz no mundo estará nas mãos dos que fazem o negócio da guerra?" Até quando será necessário esperar pela próxima postagem? Creio que até a próxima sexta-feira.
Termina na próxima sexta-feira

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