sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Até quando? (final)

Continuação de terça-feira
"Se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo."
(Malcolm X)
Não se pergunta: Até quando? Até quando a paz no mundo estará nas mãos dos que fazem o negócio da guerra? Até quando seguiremos crendo termos nascido para o extermínio mútuo? Até quando seguiremos crendo que o extermínio mútuo é o nosso destino? Até quando?
O parágrafo acima reproduz as palavras finais de Eduardo Galeano em seu instigante vídeo. Os parágrafos abaixo apresentam minha resposta às indagações do saudoso escritor.
"Até quando a paz no mundo estará nas mãos dos que fazem o negócio da guerra?", indaga Galeano.
Até o momento em que, neste mundo baseado na busca incessante de lucro financeiro, a quantidade de pessoas conscientes de que não faz sentido acreditar que aqueles que ganham cada vez mais dinheiro com determinado negócio jamais terão interesse em acabar com seu negócio seja suficiente para ativar o fenômeno do centésimo macaco.
"Esse fenômeno mostra que, quando um número suficiente de pessoas se torna consciente de algo, essa consciência se estende a todos.". De quem é essa afirmação? De Ken Keyes Jr., no prefácio de seu livro "O Centésimo Macaco – O Despertar da Consciência Ecológica". Afirmação que me marcou tanto que treze anos após ter tomado conhecimento dela escolhi o fenômeno do centésimo macaco para ser a primeira ideia espalhada por este blog.
Sendo assim, nesse percurso que a gente chama de vida, entendo que a primeira coisa que deveríamos fazer seria tornarmo-nos conscientes do papel que cabe a cada um de nós na transformação do mundo que compartilhamos em algo que faça jus ao termo civilização. Dito isto, macacada, seguem algumas coisas cujo conhecimento considero imprescindível para conseguirmos atuar, com êxito, na transformação citada no final do parágrafo acima.
- Deixarmos de contribuir - explícita ou implicitamente – para o negócio da guerra e passarmos a contribuir para a paz. Uma maneira para conseguir tal coisa? Refletir sobre as seguintes palavras de Malcolm X.
"Se você não for cuidadoso, os jornais farão você odiar as pessoas que estão sendo oprimidas, e amar as pessoas que estão oprimindo."
Até porque os jornais atuam a serviço das pessoas que estão oprimindo. E enquanto você amar as pessoas que estão oprimindo o que você faz é apoiar os senhores da guerra como se fossem os paladinos da paz e legitimar suas nefastas práticas.
- Assimilarmos a seguinte afirmação de Oscar Wilde: "A insatisfação é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação."
Ou seja, esperar que os que estão satisfeitos com o mundo do jeito que ele é mexam-se no sentido de mudá-lo para melhor é algo que, no meu entender, deve ser considerado como ingenuidade ou como estupidez. Sim, como disse Albert Einstein, "Existem apenas duas coisas infinitas - o universo e a estupidez humana. E não tenho tanta certeza quanto ao universo."
- Revermos a arrogante autodenominação de espécie inteligente do universo e entendermos que temos o que aprender com outras espécies, como se pode deduzir a partir da expressão de indígenas norte-americanos usada como epígrafe na postagem anterior: "Nenhuma árvore é tão tola a ponto de seus galhos brigarem entre si'. Mas, como humanos, nós somos." E, como mostra a imagem reproduzida a seguir, aprendermos não apenas com os galhos.
E ainda focalizando a arrogância da referida espécie, segue um trecho do livro Fazenda dos Animais de autoria de George Orwell.
"O homem é a única criatura que consome sem produzir. Ele não dá leite, não põe ovos, é fraco demais para puxar o arado, não consegue correr depressa o bastante para capturar coelhos. Ainda assim, é o senhor de todos os animais.".
E na condição de senhor o que faz ele? Trata mal todos os animais. Animais dos quais depende para a própria sobrevivência. Não, não consigo esquecer aquela afirmação de Albert Einstein já citada nesta postagem.
"Até quando seguiremos crendo termos nascido para o extermínio mútuo? Até quando seguiremos crendo que o extermínio mútuo é o nosso destino?", indaga Galeano.
Até conseguirmos entender que a recomendação daquele mestre que deixou esta dimensão há 1990 anos é Amai-vos uns aos outros, e não Matai-vos uns aos outros.
"Até quando?", eis uma expressão bastante apropriada para iniciar indagações que questionem a tolerância em relação a coisas que, para seres que já tivessem desenvolvido um mínimo de consciência, seriam intoleráveis. Ou seja, uma expressão que deveria ser bastante usada neste insano planeta, e que por não ser provocou em Eduardo Galeano a queixa (Não se pergunta: Até quando?) expressa no trecho do vídeo.
Até quando a autodenominada espécie inteligente do universo seguirá sem interessar-se por indagações iniciadas por "Até quando?"?
Até quando teimaremos em buscar soluções individuais para problemas coletivos? Não, definitivamente, não dá para esquecer a afirmação de Albert Einstein!
Até quando teimaremos em não assimilar a seguinte afirmação atribuída a Marco Aurélio, o imperador filósofo: "O que não convém ao enxame não convém tampouco à abelha".
Até quando este insano planeta terá que esperar pela ocorrência do fenômeno do centésimo macaco? Até quando, macacada? Até quando?
Até quando...
Até quando...
Até quando...

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