O texto reproduzido nesta postagem foi extraído da edição número 104 da revista SOPHIA, referente a JUL / AGO 2023. O autor? Marcos Luís Borges de Resende, Diretor da Editora Teosófica.
A pessoa é o caminho
Todas as religiões da
humanidade pregam, de uma maneira ou de outra, o amor ao próximo, a caridade e
a devoção a Deus. Elas apresentam a possibilidade de um caminho de elevação
espiritual e de redenção. Na prática, como instituições humanas, muitas vezes competem
entre si, exploram os fiéis e dividem os homens, chegando ao ponto de existirem
até mesmo guerras que têm um fundo religioso.
A Sociedade Teosófica, que não
é uma religião, foi pioneira, no século retrasado, em trazer para o Ocidente, a
visão de um caminho espiritual sistematizado que faz parte da cultura indiana e
de outros povos orientais.
A palavra Yoga é hoje amplamente conhecida no Ocidente como uma prática de
exercícios físicos e respiratórios que contribuem para a saúde. Esta é apenas a
ponta de uma cultura milenar, que pode ser uma ferramenta para aquele que quer
se elevar em consciência e transformar a si mesmo.
Há muitas linhas e tipos de Yoga, adequadas a cada temperamento. As
mais conhecidas são Hatha Yoga, que
foca nos exercícios físicos; Jnana Yoga,
que é um caminho de conhecimento; Bhakti
Yoga, de devoção; e Karma Yoga,
que se destaca pela atuação prática no mundo. Mas há também o Raja Yoga, que é de autotransformação
através do viver diário e dos relacionamentos.
O que seria esse caminho?
O que se chama de caminho não
é necessariamente algo externo, mas uma permanente transformação na
consciência, independentemente de onde a pessoa esteja. A pessoa é o próprio
caminho.
O início dessa trajetória
ocorre quando se começa a perceber a distinção entre o real e o irreal. Nós
normalmente somos condicionadas a pensar que o mundo físico é real e o chamado
mundo espiritual uma abstração ou irrealidade.
A vida neste mundo é
passageira. Nada do que conquistarmos aqui será levado após a nossa morte, a
não ser as conquistas internas. Por isso se diz que o mundo interno, que está
em nossa subjetividade, apesar de não ter a aparente solidez do mundo material,
é o terreno que devemos cultivar para o nosso crescimento e transformação.
Enquanto não se tem uma ideia
clara sobre isso, não se começa a trilhar o caminho espiritual. Continuaremos
correndo atrás de posses, prazeres, vaidades e conquistas externas que, como
dito, serão para uma vida apenas, e se desvanecerão.
Grande parte da humanidade
vive às cegas, sem saber qual o sentido desta passagem pelo planeta. Mas, se
nos preocuparmos em tentar decifrar os mistérios da existência, veremos que
temos que tomar as rédeas das nossas vidas e direcioná-las para propósitos de elevação
da consciência, de amor e de serviço ao próximo. Para isso precisamos conhecer
a nós mesmos e nos desprender de interesses que nos atam a caminhos
egocêntricos.
O autoconhecimento é um
trabalho de permanente observação isenta de si mesmo, da vida e dos
relacionamentos. Você não precisa ser um especialista em Yoga para fazer isso. Mas se procurar dar atenção às pequenas e
grandes coisas do viver diário, descobrirá esse caminho para dentro de si
mesmo, que dá um novo sentido e colorido à vida.
Toda vez que algo nos
incomoda, há ali um ensinamento contido sobre nós, não em termos teóricos, mas
vivenciais. Novas facetas de nosso caráter ou temperamento vão aparecendo e
sendo transformadas. Toda vez que queremos muito alguma coisa, vamos aprendendo
sobre o nosso destino, assim como sobre as vias de fuga que muitas vezes
criamos para nós mesmos.
O autoconhecimento, ou Raja Yoga, é um trabalho que não tem
fim, mas que nos faz estar sempre crescendo interiormente, expressando
inteligência e amorosidade. Ao nos interessarmos por este caminho, poderemos
nos direcionar no sentido de cumprir a finalidade da nossa existência, que é o
progressivo despertar da consciência, expressando todas as suas
potencialidades.
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"Todas as religiões da humanidade (...) apresentam a possibilidade de um caminho de elevação espiritual e de redenção. (...) A Sociedade Teosófica, que não é uma religião, foi pioneira, no século retrasado, em trazer para o Ocidente, a visão de um caminho espiritual sistematizado que faz parte da cultura indiana e de outros povos orientais. (...) O que seria esse caminho? O que se chama de caminho não é necessariamente algo externo, mas uma permanente transformação na consciência, independentemente de onde a pessoa esteja. A pessoa é o próprio caminho.". Eis alguns trechos do artigo de Marcos Luís, Diretor da Editora Teosófica, que, no meu entender, deveriam nos dar o que pensar.
"A pessoa é o próprio
caminho.", afirma Marcos Luís. Sendo assim, o conhecimento do caminho significa
o conhecimento da pessoa, ou seja, o autoconhecimento. Autoconhecimento que Marcos
Luís descreve como "um trabalho de permanente observação isenta de si
mesmo, da vida e dos relacionamentos". Autoconhecimento que ele também
chama de Raja Yoga, e sobre o qual (talvez
com a finalidade de nos encorajar a praticá-lo) faz a seguinte afirmação: "Você
não precisa ser um especialista em Yoga
para fazer isso. Mas se procurar dar atenção às pequenas e grandes coisas do
viver diário, descobrirá esse caminho para dentro de si mesmo, que dá um novo
sentido e colorido à vida".
E ao afirmar "não ser
preciso ser um especialista em Yoga,
mas procurar dar atenção às pequenas e grandes coisas do viver diário," Marcos
Luís leva-me a, mais uma vez, fazer a apologia dos generalistas nesta sociedade
em que os enaltecidos são os especialistas. Recomendado por Bill Gates como um dos melhores livros de
2020 há um livro de David Epstein intitulado "Por que os generalistas
vencem em um mundo de especialistas". A
postagem intitulada "Devo
mentir para os clientes a pedido do meu chefe?" fala alguma coisa sobre
especialistas e generalistas.
Ainda falando em especialistas, segue um trecho extraído
da descrição do meu perfil no blog. "Acredito que a especialização seja um dos grandes males da
civilização, pois a vida é sistêmica e jamais será entendida enquanto não a
olharmos como um conjunto de partes inter-relacionadas e nos interessarmos por
todas as suas partes."
Após a escapada para defender
a importância dos generalistas, encerrando esta postagem, segue mais um trecho
do excelente artigo de Marcos Luís que, no meu entender, eu não poderia deixar
de destacar.
"O autoconhecimento, ou Raja Yoga, é um trabalho que não tem fim, mas que nos faz estar sempre crescendo interiormente, expressando inteligência e amorosidade. Ao nos interessarmos por este caminho, poderemos nos direcionar no sentido de cumprir a finalidade da nossa existência, que é o progressivo despertar da consciência, expressando todas as suas potencialidades."
Afinal, segundo Marcos Luís, "Grande parte da humanidade vive às cegas, sem saber
qual o sentido desta passagem pelo planeta."
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