terça-feira, 2 de maio de 2023

Reflexões provocadas por "Uma guerra, uma rosa, uma escolha"

"Ser fiel aos seus princípios e não à força dos seus desejos", eis o que levou o protagonista da história reproduzida na postagem anterior a fazer a escolha certa quando foi submetido a um teste aplicado pela protagonista. Feita a referência ao final do primeiro capítulo do livro de Roberto Aylmer, seguem as duas perguntas feitas no início do segundo.
"O que você faria no lugar do tenente? Seria fiel aos seus princípios ou à força dos seus desejos?"
Perguntas cujas respostas não me despertam interesse, eu explico. Respostas a perguntas feitas sobre como alguém agirá, se colocado em situações hipotéticas, são nada confiáveis, pois como diz um antigo provérbio espanhol: "Falar de touros não é a mesma coisa que entrar na arena."
Provérbio cuja interpretação possibilita, no meu entender, fazer a seguinte analogia (gosto muito de analogias!). Assim como confirmar presença é algo que só é possível no momento em que a pessoa chega ao local combinado, saber como uma pessoa agirá em uma situação hipotética é algo que só é possível no momento em que ela tiver que lidar com tal situação. Compreendido?
Sendo assim, no meu entender, a pergunta correta é a seguinte: "O que você costuma fazer, ou seja, o que já fez várias vezes, quando esteve diante de situações que requerem escolher entre ser fiel aos seus princípios ou à força de seus desejos? Você percebe a diferença entre uma pergunta sobre qual seria sua escolha em situações nas quais nunca esteve e uma pergunta sobre qual foi sua escolha na maioria das vezes em que esteve em situações que o obrigaram a escolher?
Feito este longo preâmbulo, passemos a algumas considerações sobre alguns trechos da história contada por Roberto Aylmer.
"Depois de uma luta interior, decidiu escrever uma carta, no dia que estava embarcando para combater o avanço nazista na Itália. Diante do risco da morte, deixamos vergonhas de lado e buscamos a verdade que pode dar sentido a cada segundo do tempo que nos resta."
"Buscar a verdade que pode dar sentido a cada segundo do tempo que nos resta", eis algo praticado por muitas pessoas "diante do risco da morte". Entender que, neste insano planeta, o risco da morte é algo que está diante de si durante todo o tempo, eis algo conseguido apenas por uma pequena quantidade de indivíduos.
Será que diante da imensa quantidade de mortes ocorridas diariamente e sem aviso prévio em consequência de acidentes automobilísticos e motociclísticos; de matanças nas ruas e em escolas; de chacinas e de assassinatos cometidos por motivos fúteis; de doenças fatais originadas por equivocadas maneiras de viver, faz sentido acreditar que o risco da morte é algo que só passa a existir a partir do momento em que se vá para um campo de batalha ou se receba um terrível diagnóstico médico? No meu entender, não. O risco da morte é algo que ronda a todos e a cada um a partir do momento em que se nasce, o que deveria fazer com que "Buscar a verdade que pode dar sentido a cada segundo do tempo que nos resta", fosse algo praticado ininterruptamente durante todo esse percurso que a gente chama de vida.
"Desse dia em diante, combatia com novo propósito: não apenas servir ao seu país ou sobreviver. Ele desejava, mais do que tudo, construir uma dignidade que merecesse o amor daquela mulher especial. Queria ser um herói para ela."
"Combater com novo propósito (...) construir uma dignidade que merecesse o amor daquela mulher especial. (...) ser um herói para ela.". Dignidade! Será que existe alguma dignidade no ato de sair por aí matando pessoas sob o pretexto de servir ao seu país? O que é servir ao seu país? Será que é ao seu país ou aos desejos de poder de algum desequilibrado de plantão instalado no governo de um país que servem os participantes de uma guerra? Será que faz sentido querer ser um herói para uma pessoa a custa de ser um carrasco para uma infinidade de pessoas?
"Então, num ato de ousadia, o sargento pediu uma foto. Ele queria conhecê-la além de sua imaginação, mas ela, secamente, disse NÃO! Ela, afirmava que as pessoas deviam se conhecer pelo que são, e não pelo que aparentam ser."
Será que faz sentido ser possível conhecer alguém por meio de uma foto? Será que nós sabemos o que significa conhecer? Será que nós temos, realmente, a intenção de conhecer as pessoas pelo que elas são ou apenas pelo que aparentam ser? Até porque conhecer alguém é algo que envolve dedicação de nossa parte, algo que leva tempo, e tudo o que nós queremos cada vez mais, neste insano mundo imediatista, é nos envolver com qualquer coisa que leve tempo.
Que a vida é uma caixinha de coincidências é uma afirmação que já foi feita em várias postagens deste blog. Afirmação respaldada pela enorme quantidade de coincidências já ocorridas na minha vida, e em mais uma que acaba de ocorrer. No período em que elaborava esta postagem, encontrei em um vídeo publicado no endereço https://www.youtube.com/watch?v=3WmEs8YB5cM, em 21 de abril de 2023, algo que tem tudo a ver com o que é dito no parágrafo anterior. Intitulado PSICANALIST4 USA TEORIA RACIST4 PARA ANALISAR PERFIL CORPORAL DE ASS4SSIN0 DA CR3CH3 | Cortes foi dele que extraí, a partir do início do segundo minuto, o que é reproduzido nos dois próximos parágrafos.
"Estamos aqui em Blumenau com a Edna Esmeraldina, ela é psicanalista. - Quais são as principais características de um psicopata, Edna? Bom, eu vou te falar um pouquinho, Priscila, deste psicopata em especial. E nós fazemos essa análise pela foto, eu não preciso conversar com a pessoa. Pelo formato do corpo você consegue analisar e saber se essa pessoa tem tendência a ser um psicopata ou não. E o que me chamou atenção na análise que eu fiz do criminoso é que o corpo dele não tem essa tendência. Existe um formato de rosto específico que a gente já percebe que a pessoa tem uma tendência a cometer crimes. Enfim, tem toda uma forma de analisar, e a dele não tem. O formato de corpo dele, por incrível que pareça, Priscila, era para ser uma pessoa amorosa e carinhosa. Das pessoas mais afáveis e amigáveis. No entanto o ambiente transformou esse moço nesse monstro que é o mínimo que a gente pode dizer.", eis a conversa entre a entrevistadora e a psicanalista reproduzida no vídeo produzido por Ian Neves.
"A gente consegue ver pela foto o tipo de corpo de gente propensa a crime, e ele não tinha esse corpo. Então pra que serve isso? Não serve pra nada!", eis o indignado comentário de Ian Neves sobre o que disse a psicanalista.
Vocês concordam que a opinião da protagonista da história contada no livro de Roberto Aylmer (que uma foto proporciona saber o que uma pessoa aparenta ser, não o que ela é) tem tudo a ver com a opinião de Ian Neves (a prática de pretender conhecer uma pessoa a partir de uma foto não serve pra nada)?
  "- Ela me disse que era um teste, e parece que o senhor passou.".
Com a frase acima Roberto Aylmer encerra a história que provocou estas reflexões e eu começo a encerrar esta postagem recordando que a aprovação no teste deveu-se a escolha em "Ser fiel aos seus princípios e não à força dos seus desejos" feita pelo protagonista.
Princípios: conjunto de normas ou padrões de conduta a serem seguidos por uma pessoa ou instituição. Ou seja, em conformidade com este significado, considerando que existem boas e más pessoas, o que dá origem a boas e más instituições, consequentemente, existem bons e maus princípios. Sendo assim, entendo que a primeira coisa que compete a cada um de nós é tornar-se uma boa pessoa. Uma boa pessoa que possa contribuir para a formação de boas instituições. Boas instituições que instituirão boas normas e bons padrões de conduta que constituirão os bons princípios a serem usados nos momentos em que os indivíduos tiverem que fazer as escolhas nos testes que diariamente lhes são aplicados pelas mais variadas situações em que são colocados nesse percurso que a gente chama de vida. Escolhas que, segundo o que é dito no subtítulo do livro de Roberto Aylmer, podem determinar o destino de uma pessoa, uma família ou uma nação.
Em tempo (ou seria além do tempo?), segue um trecho do livro "MAGIA & GESTÃO", de autoria de Geraldo R. Caravantes e Wesley E. Bjur, que, trocando "organizações" por "instituições", no meu entender, tem tudo a ver com algo dito no parágrafo anterior.
"A boa sociedade não é uma dádiva, mas trata-se de um processo de construção coletivo, em que as boas organizações (lembre-se de que vivemos em uma sociedade organizacional) serão seus esteios. Por outro lado, entendem os autores que estas ficções legais, que chamamos organizações, são decorrência, por sua vez, de indivíduos que nelas atuam. (...) Ou, raciocinando pelo inverso: não vemos como obter uma sociedade saudável sem organizações saudáveis; nem tampouco organizações com alto desempenho, povoadas por indivíduos infelizes, subutilizados, impossibilitados de preencherem seu potencial."

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