"A boa sociedade não é uma dádiva, mas trata-se de um processo de construção coletivo, em que as boas organizações (lembre-se de que vivemos em uma sociedade organizacional) serão seus esteios. Por outro lado, entendem os autores que estas ficções legais, que chamamos organizações, são decorrência, por sua vez, de indivíduos que nelas atuam."
O parágrafo acima foi extraído do livro MAGIA & GESTÃO, de Geraldo R.
Caravantes e Wesley E. Bjur. Sociedade – organizações - indivíduos. Indivíduos
atuando, coletivamente, em prol de boas organizações; organizações atuando,
coletivamente, em prol de uma boa sociedade, eis o único modo de construir uma boa
sociedade. Ampliando a ideia que enxergo expressa no parágrafo anterior digo o
seguinte: além da boa qualidade da própria sociedade, entendo que, em uma
coletividade, qualquer coisa que preste jamais será oferecida como uma dádiva e
requererá sempre um infindável processo de construção coletivo. Ideia que
precisa estar indelevelmente impressa na mente de todos os indivíduos da coletividade.
Boa sociedade, boas organizações, cidadania, democracia, direito
a uma vida com dignidade, eis algumas coisas que só serão conseguidas como resultado
de infindáveis processos de construção coletivos. Processos que requerem
atenção e infindáveis esforços, pois, por mais absurdo que possa lhes parecer,
existirão sempre indivíduos incapazes de aceitar uma afirmação atribuída
ao imperador Marco Aurélio que citei na primeira postagem deste blog, e volto a
citar nesta. "O que não convém ao enxame não
convém tampouco à abelha". É do não reconhecimento dessa
inconveniência que, no meu entender, decorre a maioria dos males existentes em
uma coletividade.
Considerando
o que é dito até aqui e sendo "alguém que acredita que a qualidade de uma
sociedade é resultado das ações de todos os seus componentes" (dito no meu perfil no blog), entendo que ter
consciência de seu papel em algo denominado sociedade seja algo desejável para a
totalidade de seus componentes, e exigível para indivíduos que nela ocupem
cargos que os tornem autoridades públicas.
"Ter consciência de seu
papel em algo denominado sociedade", eis o título desta postagem. Postagem provocada
pela constatação da inexistência de tal consciência na maioria dos indivíduos que
nela ocupam cargos que os tornam autoridades públicas. Inexistência,
facilmente, constatável pela deplorável situação em que se encontra (ou seria
desencontra?) a sociedade (sic) em que sobrevivemos. Postagem provocada pela descoberta
de uma notícia em que é revelado um raro exemplo de uma autoridade pública consciente
de seu papel na sociedade. Intitulada "'Não fazemos juramento a indivíduos', diz autoridade militar dos EUA", reproduzi-a em 05 de
junho de 2021 no blog
denominado Lendo e opinando. Hoje, um
ano e três meses depois, julgando conveniente o momento, resolvi
reproduzi-la também neste. Dito isto, segue a reprodução não apenas da notícia,
mas também da opinião sobre ela expressa na postagem naquele blog. Afinal, tal
blog é denominado Lendo e opinando.
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"Não fazemos juramento a indivíduos", diz autoridade militar dos EUAO chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, Mark Milley, disse que os militares vão defender a Constituição norte-americana "independentemente do custo pessoal". Ele é a autoridade máxima das Forças Armadas no país. A declaração foi feita na última 4ª feira (11.nov.2020) em evento de inauguração do Museu do Exército dos EUA.O país vive tensão política após o democrata Joe Biden ser declarado presidente eleito e o atual mandatário, o republicano Donald Trump, não reconhecer o resultado, alegando fraudes no processo eleitoral."Somos únicos entre os militares. Não fazemos juramento a 1 rei ou rainha, a 1 tirano ou a 1 ditador. Não fazemos juramento a 1 indivíduo. Não fazemos juramento a 1 país, a uma tribo ou religião. Fazemos 1 juramento à Constituição", afirmou."Cada soldado representado neste museu, cada marinheiro, aviador, fuzileiro naval, guarda costeiro, cada 1 de nós protegerá e defenderá esse documento, independentemente do custo pessoal", disse Milley.Em junho, o general pediu desculpas por ter participado da caminhada que Trump fez para posar para uma foto em frente à igreja de St. John, próxima à Casa Branca, em Washington, durante os protestos contra racismo e violência política na área.Para que Trump pudesse caminhar pela rua até o templo – que havia sido parcialmente atingido por 1 incêndio e pichado na noite anterior– a polícia dispersou a multidão com gás lacrimogêneo e balas de borracha."Eu não deveria estar lá. Minha presença naquele momento e naquele ambiente criou uma percepção de envolvimento dos militares na política interna", disse Milley à época.Milley foi nomeado em outubro de 2019. Seu mandato tem duração até 2023, mas o presidente pode optar por sua demissão antes do prazo.
Esta é a íntegra de uma notícia publicada em 14 de novembro de
2021 no Poder 360 (um jornal digital sediado em Brasília que publica textos,
fotos, vídeos e newsletters diariamente), no endereço https://www.poder360.com.br/internacional/nao-fazemos-juramento-a-individuos-diz-autoridade-militar-dos-eua/.
"Somos únicos entre os militares. Não fazemos juramento a 1 rei ou rainha, a 1 tirano ou a 1 ditador. Não fazemos juramento a 1 indivíduo. Não fazemos juramento a 1 país, a uma tribo ou religião. Fazemos 1 juramento à Constituição", afirmou o chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, Mark Milley.
Será que,
se as Forças Armadas deste país fossem chefiadas por Mark Milley (alguém que
faz juramento à constituição, não a indivíduos), afirmações presidenciais do
tipo - "o meu exército", "as minhas forças armadas" –
continuariam sendo feitas repetidas vezes sem serem contestadas pelo chefe de
tais forças?
"Desejo de possuir um bem que pertence ao outro.
Sentimento de inferioridade e de desgosto diante da felicidade do outro.", eis um dos significados encontrados em www.significados.com.br para a palavra inveja.
Por que cito esse significado nesta postagem?
Porque, apesar de enxergar a inveja como um sentimento nada nobre, e os Estados
Unidos como um país que, em vários aspectos, não é um exemplo a ser seguido, em
relação a uma comparação entre o chefe do Estado Maior das Forças Armadas daquele
país e os chefes das Forças Armadas deste, não consigo negar que a inveja é o
sentimento que me invade. Que inveja!
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"'Eu não deveria estar lá. Minha presença naquele momento e naquele ambiente criou uma percepção de envolvimento dos militares na política interna', disse Milley à época.""Em junho, o general pediu desculpas por ter participado da caminhada que Trump fez para posar para uma foto em frente à igreja de St. John, próxima à Casa Branca, em Washington, durante os protestos contra racismo e violência política na área."
Considerando
que, diferentemente da atitude do chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos
Estados Unidos, as autoridades deste país jamais reconheceram seus equívocos em
termos de consciência de seus papéis em algo denominado democracia, entendo que
cabe a cada um de nós reconhecermos a imprescindibilidade de colocarmos em
prática a consciência do nosso. Para auxiliá-los nas reflexões sobre como fazê-lo
neste conturbado momento deste país, segue a repetição das sábias palavras do
chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, Mark Milley.
"Não fazemos juramento a 1 rei ou rainha, a 1 tirano ou a 1 ditador. Não fazemos juramento a 1 indivíduo. Não fazemos juramento a 1 país, a uma tribo ou religião. Fazemos 1 juramento à Constituição".
Tomando por empréstimo algumas palavras
de Mark Milley, o próximo parágrafo apresenta o pensamento que deve nortear as
ações daqueles que, diante da gravidade deste momento, percebem, nitidamente, qual
é a consciência de seu papel em uma sociedade cuja frágil democracia está
seriamente ameaçada de destruição
por autoridades públicas desprovidas da consciência de seu papel em algo
denominado sociedade.
Não fazemos juramento a 1
tirano ou a 1 ditador. Não fazemos juramento a 1 indivíduo. Não fazemos
juramento a 1 mito. Não fazemos juramento a uma tribo ou religião. Fazemos 1
juramento à Constituição.
Compreendido? Com a intenção de facilitar a compreensão de tudo o
que é dito nesta postagem e estimular a participação na construção de uma boa
sociedade, o último parágrafo reproduz um trecho de um artigo de Fábio Colletti Barbosa publicado na edição de 17 de julho
de 2011 do jornal Folha de S.Paulo sob
o título A importância de participar.
Qualquer semelhança entre as ideias
apresentadas nos dois parágrafos (o primeiro e último) não é mera
coincidência.
"A construção de uma sociedade se faz através dos seus cidadãos, no dia a dia. Precisamos desenvolver a consciência de todos e azeitar os canais, mas, sobretudo, precisamos que cada um chame para si um papel no compromisso – indelegável – de construir a sociedade na qual queremos viver e que queremos deixar para os nossos filhos. O importante é participar. Afinal, o que você faz afeta a sociedade. O que você não faz, também."
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