"Todos procuram um amigo, e ninguém procura ser um deles."
(Alphonse Karr [1808 – 1890], crítico, jornalista e
novelista francês)
Em conformidade com a prática de publicar postagens
alusivas a datas comemorativas que eu considere significativas, nestes tempos
pandêmicos em que o recomendável é manter o distanciamento físico entre as
pessoas, neste Dia do Amigo, segue um
poema de Vinícius de Moraes que, no meu entender, é capaz de dar-nos muito que
pensar. O texto foi obtido no endereço https://www.youtube.com/watch?v=v_5uFID9ksY. (os
grifos já vieram no texto)
Procura-se um
amigo
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter
sentimentos, basta ter coração.
Precisa saber falar e calar, sobretudo
saber ouvir. Tem que gostar
de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e da
canção da brisa.
Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir
falta de não ter esse amor.
Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar
segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que
seja de primeira mão, nem é
imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos
os amigos são enganados.
Não é preciso que
seja puro, nem que seja
todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e,
no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa.
Tem que ter ressonâncias humanas, seu
principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena de pessoas tristes e compreender
o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não
puderam nascer.
Procura-se um
amigo para gostar dos
mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de
coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância.
Precisa-se de um
amigo para não se enlouquecer,
para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das
realizações, dos sonhos e da realidade.
Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de
caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de
se deitar no capim.
Precisa-se de um
amigo que diga que vale
a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo.
Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para
não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata
nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para
ter-se a consciência de que ainda se vive.
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Começando com um título emprestado de um
poema de Vinícius de Moraes – ("Procura-se um amigo"), prosseguindo
com uma epígrafe de Alphonse Karr – ("Todos procuram um amigo, e ninguém procura
ser um deles"), esta postagem chega ao seu final citando uma instigante
recomendação de Mahatma Gandhi – ("Seja a mudança que você que ver no mundo.").
Uma postagem alusiva ao Dia do
Amigo cuja intenção é evidenciar que mais importante que procurar ter um amigo é procurar ser um amigo. Ou seja, esta postagem lida
com a antiga questão do ter versus o ser. Questão em que, até hoje, o ter tem predominado sobre o ser. Predomínio que entendo como algo
impeditivo ao desenvolvimento dessa relação afetiva entre os indivíduos
denominada amizade.
Ser ou ter, eis a questão, quando se trata de amizade. Procurar ser um amigo ou procurar ter um amigo, eis a questão.
"Seja a
mudança que você quer ver no mundo", eis a instigante recomendação de Mahatma
Gandhi, sobre quem Albert Einstein fez a seguinte afirmação: "As gerações futuras terão dificuldade em acreditar que um
espírito como Gandhi pisou neste planeta." Recomendação que inspira-me a encerrar esta postagem com a seguinte sugestão:
Seja o amigo que alguém quer ver no
mundo, pois é agindo assim que se consegue ter o amigo que se procura.
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