"Faça sempre o bem; você contentará alguns e deixará
os demais perplexos."
(Mark Twain [1835 – 1910], escritor norte-americano)
Em conformidade com a prática
de usar alguma coisa dita na postagem mais recente para escolher a ideia a ser
espalhada pela próxima, esta postagem traz um texto "provocado" pela resposta
dada por Agnes Furey quando perguntada - "Por que acha que as pessoas
ficam tão impressionadas com a sua atitude?". Qual é a resposta? "Porque
é contrário ao que é frequentemente expresso na mídia.".
Formado pela metade final de um
artigo intitulado "Uniões desfeitas
e afetividade", publicado na edição de agosto de 2014 de um tabloide
divulgado pela editora O Clarim, o
texto apresentado a seguir é mais um exemplo de algo "contrário ao que é
frequentemente expresso na mídia". O título foi dado por mim.
Um inusitado exemplo de amor
Nos Estados
Unidos, uma mulher do povo, de nome Edith Taylor, demonstrou ser possível amar
sem impor condições e sua história foi narrada por um repórter nas páginas da
Revista Seleções. Edith e o marido estavam consorciados havia vários anos e os
sentimentos que demonstravam nutrir um pelo outro indicavam um amor
imorredouro. Quando Karl, seu esposo, se ausentava da cidade para atender
compromissos inadiáveis, escrevia todos os dias para Edith, enviando pequenos
mimos para testemunhar seu afeto.
No início de 1950,
Karl foi mandado para uma localidade no Japão, fazendo parte da equipe que iria
organizar uma atividade do governo. Os dias transcorriam numa solidão
insuportável para Edith e toda vez que ela contava com o retorno próximo do
marido, acabava chegando uma mensagem do tipo: "Preciso
demorar mais um pouco; regressarei daqui a um mês". Ou então: "Foi
prorrogada a minha estadia por mais quatro meses" Fazia cerca de um ano
que ele tinha partido e suas cartas, que já vinham sem os presentes
costumeiros, começaram a rarear.
Subitamente, um longo silêncio e, por fim, a notícia imprevisível: "Querida
Edith. Gostaria que existisse uma forma mais suave de dizer-lhe que não estamos
mais casados. Escrevi para o México pedindo o divórcio por correspondência, a
fim de casar-me com uma moça japonesa, de nome Aiko, que desempenha a função de
doméstica, no local onde resido". Omitiu um detalhe, sua atual esposa
tinha 19 anos e Edith 48.
O vulgar seria a esposa desprezada odiar o marido traidor, fazendo o
possível para esquecer o miserável que destruíra a sua alegria de viver. Edith,
no entanto, não odiou o esposo infiel. Aliás, não poderia fazê-lo, porque
jamais deixaria de amá-lo. A partir desse dia, passou a alimentar a esperança
de que ele voltaria um dia para casa.
Logo mais, tomou uma decisão: se ela não poderia retê-lo junto a si, nem
por isso estava impedida de acompanhar a sua vida com a nova esposa. Pediu o
consentimento a ele para continuar a escrever-lhe, recebendo algum tempo depois
a notícia de que ele seria pai. Nasceu Maria e, posteriormente, Helena.
Quando tudo parecia ir correndo sem novidades, eis que chega carta de
Karl com uma trágica notícia: ele estava condenado a morrer vítima de um câncer
pulmonar. Suas últimas correspondências revelavam estar possuído por uma
terrível angústia, não especificamente por causa da doença, mas por preocupação
com a atual esposa e as filhas. Suas economias, que seriam utilizadas para
mandar as meninas para uma escola nos Estados Unidos, estavam sendo absorvidas
pelas contas do hospital. O que seria das filhas? - interrogava-se.
Com a morte de Karl, a situação da família se tornou insustentável. Em fins
de 1956, sem condições pecuniárias para sustentar as filhas, Aiko, concordou em
mandá-las para a "boa tia Edith".
Tristonhos eram os dias em que chegavam cartas de Aiko, no seu fraco
inglês. Edith entrevia a solidão em que Aiko estava mergulhada e sabia da
amargura que isto trazia. Concluiu que também teria de trazer a mãe das meninas
para onde estas encontravam-se.
No instante em que o avião pousava no solo de Nova York, ela pensou
receosa: "E se viesse a sentir ódio pela rival que lhe roubara o esposo?".
Ao deparar com aquela menina magra e pequena, julgou que fosse uma
criança. Chamou-a pelo nome e ela, espontaneamente, correu ao seu encontro,
atirando-se em soluços nos seus braços.
Naquele momento, Edith sentiu profunda emoção e com um gesto de ternura
abraçou-a carinhosamente e pensou: "Rezei pela volta de Karl. Agora ele
retorna nas figuras de suas duas filhas e uma meiga menina indefesa que foi
amada por ele. Ajuda-me, Senhor, a amá-la também".
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"Simplesmente desafiador...mas possível.", eis o sucinto comentário
enviado por e-mail por um ex-colega de trabalho após a leitura
da postagem O Perdão nos tempos do ódio. Será que ele o repetirá após a
leitura de Um inusitado exemplo de amor?
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