terça-feira, 7 de julho de 2020

Solidão

Solidão na quarentena
A sensação de solidão pode se ampliar com a quarentena
Psicóloga fala sobre como lidar com solidão no isolamento social
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Orientada pela Organização Mundial de Saúde que considera o isolamento social a melhor forma de tornar administrável a pandemia originada pela covid19, uma razoável quantidade de pessoas aceitou adotar tal medida. Considerando que qualquer coisa que se faça traz consequências, uma das trazidas pelo isolamento social é o agravamento de algo há muito tempo instalado nesta civilização (sic): a sensação de solidão.
Diante da abundância de textos publicados na internet associando solidão ao isolamento social, o velho método das recordações sucessivas traz-me à mente um texto que li no livro "Palavras para entorpecer o coração", de Fátima Irene Pinto. Um texto em que a autora mostra que há uma confusão entre o que as pessoas entendem por solidão. De tudo o que li e ouvi, considero o texto de Fátima Irene como o que apresenta o melhor conceito de solidão. Leiam-no e vejam se o que nele é dito faz sentido para vocês.
Solidão
"Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
...isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
...isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe às vezes, para realinhar os pensamentos...
...isto é equilíbrio.
Tampouco é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente, para que revejamos a nossa vida...
...isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
...isto é circunstância.
Solidão é muito mais que isto...
...Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão, pela nossa Alma!"
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Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
...isto é circunstância.
Tampouco é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente, para que revejamos a nossa vida...
...isto é um princípio da natureza.
Vocês conseguem, a partir das duas afirmações acima, enxergar uma explicação para a pandemia que assola este planeta? Vocês conseguem enxergar a pandemia como a circunstância que gera o vazio de gente ao nosso lado e o isolamento social como um corretivo que a estupidez da autodenominada espécie inteligente do universo nos impõe compulsoriamente, para que revejamos a nossa vida?
"Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão, pela nossa Alma!", diz Fátima Irene. E ao falar em procuramos pela nossa Alma, ela faz-me lembrar o seguinte episódio.
"Bruce Chattwin conta que um explorador branco, ansioso para chegar logo a seu destino, foi capaz de pagar um salário extra para seus carregadores andarem bem rápido. Durante dias e dias, semanas e semanas, o grupo teve de apertar o passo.
Certa tarde, porém, sentaram-se no chão e recusaram-se a continuar o percurso. Nem o dinheiro oferecido os movia mais. Quando o explorador quis saber o porquê da parada, eles disseram: 'É que nós andamos muito depressa e não sabemos mais o que estamos fazendo aqui. Agora precisamos esperar um pouco até que nossas almas nos alcancem'".
Percebendo que andar muito depressa levara-os a não saber mais o que estavam fazendo, o que fizeram os carregadores? Recusaram-se a continuar agindo em função do desejo do explorador branco, pois "precisavam esperar um pouco até que suas almas os alcançassem".
Não percebendo o que perceberam os carregadores do episódio narrado por Bruce Chattwin, o que fez a autodenominada espécie inteligente do universo? Propiciou as condições para o surgimento de uma pandemia que a fez parar de fazer muitas das coisas que fazia. Será que, ao parar, seus integrantes conseguirão perceber o que perceberam os carregadores (precisavam esperar um pouco até que suas almas os alcançassem) e rever seu insano comportamento? Quem sobreviver verá.
Será que faz algum sentido continuar o percurso da vida afastado (a) de sua alma? Será que faz sentido concordar com Fátima Irene e acreditar que "Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão, pela nossa Alma!".

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