"Pela habilidade para lidar com pessoas pagarei mais do
que por qualquer outra habilidade imaginável."
(John D. Rockefeller, fundador da primeira grande empresa
de petróleo da história)
Sim, como diz Joseph Climber, "a vida é uma
caixinha de surpresas". Surpreendido pelo recebimento de um e-mail de uma
ex-colega de trabalho integrante da minha lista de envio de e-mails, mas de
quem não recebia mensagens há muito tempo, optei por mudar a
"programação" das postagens e trocar a que seria publicada hoje por
esta provocada por seu comentário. Considerando que a quantidade de coisas que
considero relevantes dizer sobre o tema terceiro "ware" não coube em uma única postagem com
tamanho adequado a leitores de pequeno fôlego, mais uma vez recorro ao método
Jack – vamos por partes. Sendo assim, serão duas postagens. Segue a reprodução
do comentário.
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Guedes,Em épocas de inteligência artificial, esta frase "O sistema está com problemas" vai ser cada vez mais usada ... no ano passado foi feita a primeira cirurgia cardíaca por robôs mas a longa distância ... isso se tornando habitual, quando o paciente morrer aceitaremos esta desculpa "erro do sistema"? Será que vamos continuar a esconder nossos problemas atrás dos sistemas?
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E ao
perguntar - Será que vamos continuar a esconder nossos problemas atrás dos
sistemas? – a alguém que atuando como analista de sistemas durante 3,5 décadas
sempre questionou a maneira equivocada de desenvolver sistemas, o que a minha
saudosa ex-colega fez foi provocar-me para que escrevesse alguma coisa. Alguma
coisa que começa com uma resposta afirmativa a sua pergunta e continua com uma
argumentação embasada em trechos de um livro cujo título será revelado no segundo
parágrafo abaixo.
Como é
do conhecimento da imensa maioria, a área de tecnologia da informação apóia-se
em dois "ware"s: hardware e software. O
problema é que para apoiar-se com firmeza é necessário um terceiro "ware". Um "ware"
que a imensa maioria demonstra ignorar. Não, o terceiro "ware" não é aquele produto inventado por
Earl Tupper no início da década de 1940 ao qual ele deu o nome "tupperware".
O terceiro "ware" é algo explicado em um livro de
autoria de Tom DeMarco e Timothy Lister publicado em 1987. Percebendo que
apesar de todo o avanço tecnológico "os projetos insistiam" em
não dar certo, eles descobriram que o problema estava no fato de considerarmos
como sendo de natureza tecnológica algo cuja natureza é sociológica. O título
do livro? Peopleware - Como gerenciar equipes e projetos tornando-os mais produtivos.
Ou seja, o terceiro "ware" é o "peopleware"!
Dito isto, vejamos alguns trechos desse livro de
leitura imprescindível e algumas considerações sobre eles. Os trechos compostos
de palavras textuais do livro são aqui reproduzidos em itálico.
Existe um padrão industrial inviolável que proíbe o exame de nossas falhas.
Será que
essa afirmação já é suficiente para responder afirmativamente à pergunta - Será
que vamos continuar a esconder nossos problemas atrás dos sistemas - feita pela minha ex-colega de trabalho? O que
vocês acham? Mas os argumentos para a resposta afirmativa não param por aqui,
existem mais.
Os principais problemas de nosso trabalho não são de natureza tecnológica, mas sim sociológica. Nós utilizamos os computadores para desenvolver nossos produtos ou para organizar nossos negócios. Como trabalhamos em equipes, projetos e outros grupos coesos, o nosso negócio é mais a comunicação humana. Os nossos sucessos vêm de interações humanas boas entre todos os participantes do esforço, e os nossos fracassos surgem das interações humanas pobres.
Na empresa
em que eu trabalhava ocorria o seguinte paradoxo: eram realizados encontros
denominados DE – Desenvolvimento de Equipes e eram premiados destaques
individuais. "Existem apenas duas coisas infinitas
– o universo e a estupidez humana. E não tenho tanta certeza quanto ao
universo." Será que faz sentido duvidar dessa afirmação de Albert
Einstein?
Embora tenha sido publicado há 33 anos, enxergo
como bastante atual a maioria das coisas ditas em Peopleware - Como
gerenciar equipes e projetos tornando-os mais produtivos. Atualidade que,
no meu entender, pode ser explicada por algo que, naquela época, não era
enxergado pela maioria e que continua não sendo enxergado até hoje: que "Os
principais problemas de nosso trabalho não são de natureza tecnológica, mas sim
sociológica."
"Numa empresa todos os problemas são humanos; e todos os humanos
são problemas.",
diz uma inesquecível frase que li há mais de três décadas em um daqueles
cadernos sobre administração que eram publicados na edição dominical dos
jornais, e que associo à afirmação anterior. Fascinada por tecnologia, a
autodenominada espécie inteligente do universo deixa de enxergar tais coisas e
acaba sendo vítima de dois "estup"s:
um estupendo desenvolvimento tecnológico e uma estúpida estagnação sociológica.
Se você descobre que está se concentrando mais na tecnologia do que na sociologia, você é como aquele personagem do vaudeville que perde as suas chaves em uma rua escura e as procura em uma rua próxima, porque, ele explica, "Lá é mais claro".
E tome
Albert Einstein!
Gastávamos muito tempo tentando fazer as coisas e não perdíamos o tempo suficiente fazendo a pergunta chave, "Esta coisa deveria ser feita"?
Será que a
frase acima faz mais sentido escrita com a inversão de verbos realizada na
frase reescrita a seguir: Perdíamos muito tempo tentando fazer as coisas e não gastávamos o tempo suficiente fazendo a
pergunta chave, "Esta coisa deveria ser feita?". Terá sido
um erro de tradução?
Termina na próxima sexta-feira
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