"Quanto a
acreditar ou não em Sua existência, isso é assunto para a postagem que sucederá
a que será publicada no Dia
Internacional da Mulher.", eis as palavras finais da postagem Entrevista
com Deus. Por que resolvi publicar uma postagem focalizando tal
assunto? Porque, embora sempre tenham existido indivíduos que declarando-se ateus
tornaram-se verdadeiros benfeitores da humanidade, é fato que acreditar
(verdadeiramente) na existência de Deus tende a tornar melhor o indivíduo que
acredita, e consequentemente a melhorar a comunidade da qual ele é integrante.
Dito isto, seguem dois contos e algumas afirmações que considero capazes de
ajudar-nos a refletir sobre tal assunto.
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Um homem foi cortar o cabelo e a barba. Como
sempre acontece, ele e o barbeiro ficaram conversando sobre várias coisas, até
que – por causa de uma notícia de jornal sobre meninos abandonados – o barbeiro
afirmou:
- Como o senhor pode ver, esta tragédia mostra
que Deus não existe.
- Como? – indagou o cliente.
- O senhor não lê jornais? Temos tanta gente
sofrendo, crianças abandonadas, crimes de todo tipo. Se Deus existisse, não
haveria sofrimento.
O cliente ficou pensando, mas o corte estava
quase no final, e ele resolveu não prosseguir com aquele assunto. Retornaram a temas
mais amenos, o serviço foi terminado, o cliente pagou, e saiu. Entretanto, ao sair,
a primeira coisa que viu foi um mendigo, com barba de muitos dias, e longos
cabelos desgrenhados. Imediatamente, voltou à barbearia, e falou para o
barbeiro que o atendera:
- Sabe de uma coisa? Os barbeiros não existem.
- Como não existem? Eu estou aqui, e sou
barbeiro.
- Não existem! - insistiu o homem. - Porque se
existissem, não haveria pessoas com barba tão grande, e cabelo tão desgrenhado
como a que acabo de ver.
- Posso garantir que os barbeiros existem. O
que acontece é que muitas pessoas não os procuram, e isso é uma opção delas -
respondeu o barbeiro.
- Exatamente! Então, contestando sua afirmação,
isso mostra que Deus existe. O que acontece é que as pessoas não vão até Ele,
pois ir até Ele é uma opção delas. Se O buscassem, seriam mais solidárias, e
não haveria tanta dor, miséria e sofrimento no mundo – afirmou o cliente.
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Sim, ir até Deus é uma
opção de cada um, como pode-se deduzir, a partir das palavras finais da Entrevista com Deus.
Sentei por um tempo, saboreando o momento. Agradeci a Ele pelo tempo dispensado e por tudo que Ele me proporcionou. E Ele respondeu:- Estou aqui, 24 horas por dia.
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Conta-se que decepcionado com a vida agitada
dos grandes centros urbanos que, embora proporcione grandes facilidades em
razão de velozes meios de transporte, eficientes equipamentos de comunicação e
aparatos tecnológicos cada vez mais sofisticados, paradoxalmente, está deixando
o homem isolado, estressado e distante de Deus, certa vez um famoso sábio da
academia resolveu fazer uma excursão ao campo, em busca da alegada sabedoria
cabocla.
Chegando ao campo ele logo vislumbrou um
camponês vestido a caráter, com roupas rústicas, chapéu de abas largas e
sugando o indefectível cigarro de palha. Em um dia claro de verão, sob sol a
pino ele lavrava a terra pacientemente. Então, aproximando-se do camponês, o
sábio da academia cumprimentou o roceiro que, após responder-lhe com um monossílabo,
continuou capinando. O grande sábio então perguntou-lhe, de chofre: "Será
que o senhor poderia me dizer onde está Deus?"
"O caboclo parou de
capinar, levantou a aba do chapéu, passeou vagarosamente o olhar em todas as
direções, e finalmente respondeu: "Olha meu senhor, onde está Deus eu não
sei. Mas será que o senhor poderia me dizer onde é que Deus não está?"
Não obstante a sua aparência simplória e
pueril, este conto serve como uma luva para o propósito de tentar demonstrar
que a filosofia não é propriedade exclusiva da academia, porque, como visto, muitas
vezes pode fluir dos lábios de um simples caboclo. E que a sabedoria é uma
conquista interior, fruto de contínua observação, de reflexões íntimas, de um
estado de alma enfim.
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O fato de muitas vezes
ser mais fácil para um caboclo do que para um sábio da academia acreditar na
existência de Deus faz-me lembrar as seguintes palavras de Gibran Khalil Gibran
extraídas de seu extraordinário livro O
Profeta.
"E se quereis conhecer a Deus, não procureis transformar-vos em decifradores de enigmas. Olhai, antes, à vossa volta e encontrá-Lo-eis a brincar com vossos filhos.E erguei os olhos para o espaço e vê-Lo-eis caminhando nas nuvens, estendendo Seus braços no relâmpago e descendo na chuva. E o vereis sorrindo nas flores e agitando as mãos nas árvores."
Sim, para conhecer
Deus não é necessário transformar-se em decifrador de enigmas, pois, como
afirma Allan Kardec em O Livro dos
Espíritos, "Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as
obras da Criação. O Universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência
de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer
alguma coisa." Afirmação feita em acréscimo à resposta dada a seguinte
pergunta: "Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?".
Pergunta respondida assim:
"Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá."
"E ao dizer "Erguei
os olhos para o espaço e vê-Lo-eis ...", Gibran faz-me lembrar as
seguintes palavras de Abraham Lincoln: "Eu entendo que um homem possa
olhar para baixo, para a terra, e ser um ateu; mas não posso conceber que ele
olhe para os céus e diga que não existe um Deus."
"E de lembrança em lembrança, o método das
recordações sucessivas traz-me à mente as seguintes palavras de Isaac Newton: "Posso
pegar meu telescópio e ver milhões de quilômetros de distância no espaço; mas
também posso pôr meu telescópio de lado, ir para o meu quarto, fechar a porta
e, em oração fervorosa, ver mais do céu e me aproximar mais de Deus do que
quando estou equipado com todos os telescópios e instrumentos do mundo."
Há um antigo ditado que diz: "É preciso ver para
crer"? Mas há controvérsias sobre ele, pois há quem diga que a versão correta do
ditado seja: "É preciso crer para ver". Fico com esta versão.
Que a decisão sobre em que acreditar cabe a
cada um não tenho a menor dúvida. Mas outra coisa sobre a qual não tenho a
menor dúvida é uma afirmação feita pelo personagem de Nicolas Cage no filme Cidade dos Anjos, e reproduzida na imagem apresentada abaixo.
Com a intenção de
validar a afirmação acima, segue o seguinte exemplo. Independentemente de
acreditar ou não na existência da lei da gravitação, qualquer um (a) que
ultrapassar o peitoril de sustentação de uma janela, dela cairá. Portanto, considerando
que não faz sentido não acreditar na existência da lei da gravitação, será que
faz sentido não acreditar na existência do que criou não só essa lei, mas todo
o conjunto de leis imutáveis, insubornáveis e irrevogáveis que regem o universo?
"É absolutamente
necessário persuadir-se da existência de Deus; mas não é necessário demonstrar
que Deus existe.", disse Immanuel Kant em uma afirmação que, no meu
entender, compõe muito bem com algo dito por Albert Einstein: "Sem Deus, o
universo não é explicável satisfatoriamente.".
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