quarta-feira, 2 de maio de 2018

Nostalgia dos tempos de contatos ao vivo

"Com cada vez mais automatização, a interação que envolve humanos ganha valor. Um supermercado americano, por exemplo, criou uma fila de caixa especial para as pessoas que gostam de conversar.", eis uma afirmação atribuída a Rohit Bhargava, professor da Universidade Georgetown e fundador da Non-Obvious Company, em O futuro da relação entre humanos e máquinas.
"A falta de contato humano foi usada como tema de campanha publicitária de um grande banco americano. Aos clientes, cansados de interagir com zombies digitais, prometiam um serviço com funcionários de carne e osso.", eis uma afirmação de Lúcia Guimarães em Perdendo a voz.
Feito esse preâmbulo, segue uma reportagem de Deborah Strange que tem tudo a ver com as afirmações acima. Intitulada Nostalgia dos tempos de contato ao vivo ela foi publicada na edição de 21 de outubro de 2014 do jornal Folha de S.Paulo em um caderno dedicado a matérias extraídas do The New York Times.
Nostalgia dos tempos de contatos ao vivo
Comunicar-se por textos é estressante. As pausas que surgem no iPhone quando alguém está digitando uma mensagem para você "possivelmente são a principal fonte de eterna esperança e decepção definitiva em nossa vida cotidiana", disse ao Times a escritora Maryam Abolfazli, de Washington.
As pausas durante uma conversa podem suscitar curiosidade ("O que será que ele está digitando?"), suspense ("Por que as bolhas pararam?") e um desfecho decepcionante ("Uma única palavra como resposta?").
"Essa é a nova condição humana", afirmou Neal Bledsoe, ator em Los Angeles, em uma mensagem de texto enviada ao Times. "Todos nós estamos desesperados por contato humano e, após tanta digitação, tudo o que resta é um reles emoticom."
Com a nostalgia da época dourada de contatos pessoais, até os dependentes de dispositivos eletrônicos estão redescobrindo o prazer de conversar ao vivo.
A rádio on-line Pandora Media geralmente interage com seu público com um algoritmo de computador. Os ouvintes clicam em um ícone com um polegar para cima quando gostam do que ouvem, e a Pandora transmite canções semelhantes. Em setembro, porém, a rádio passou a adotar um viés mais pessoal, surpreendendo sete usuários com um show ao vivo da violinista Lindsey Stirling. Haverá outros shows de apenas uma canção com outros artistas, como parte de uma campanha publicitária.
Stirling e seus músicos de apoio estavam diante de um telão em um estúdio em Los Angeles, enquanto se apresentavam e conversavam com os ouvintes por meio de um vídeo.
"Isso foi muito emocionante para os ouvintes e também para Lindsey, pois ela pôde ver uma por uma essas pessoas, algo impossível em um show comum", disse James Robinson, da agência de publicidade TwoFifte-enMcCann, ao Times.
Grace Ban entende bem o prazer de ter contato com o público. Gerente-adjunta de mídias sociais na luxuosa loja Bergdorf Goodman em Manhattan, Ban tem 65 mil seguidores no Instagram. Um deles a reconheceu em uma festa, alguém fez as apresentações e assim surgiu uma amizade. "Após interagir virtualmente com alguém por muito tempo", disse Ban, "é ótimo se encontrar ao vivo e perceber que podemos ser amigos."
A festa foi organizada pela Spring St. Social Society, que realiza jantares e outros eventos para aproximar pessoas no mesmo ambiente. Patrick Janelle, fundador do grupo, disse que sua vida focada no mundo digital (onde tem 276 mil seguidores no Instagram) gerou uma carência de contato humano. "Eu quero ser lembrado como o responsável por reunir essas pessoas", revelou.
Em outro jantar da Spring St., Ban sentou-se ao lado de Georgina Mcdonald. As duas conversaram sobre seus planos de viagem – Ban pensava em ir à Nova Zelândia e McDonald pretendia viajar por várias regiões dos Estados Unidos. Elas trocaram cartões no encontro.
"As pessoas querem aproveitar melhor o tempo e ter experiências diferentes", disse Mcdonald ao Times.
Bevy Smith, criadora do grupo Dinner With Bevy, que também reúne pessoas ao vivo, disse haver mercado para esse serviço "porque as pessoas desaprenderam a arte sutil da conversa. A preocupação exagerada em fazer contatos úteis faz com que elas se esqueçam de estabelecer vínculos reais".
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"Com a nostalgia da época dourada de contatos pessoais, até os dependentes de dispositivos eletrônicos estão redescobrindo o prazer de conversar ao vivo.", afirma Deborah Strange, autora da reportagem. Será?! Tomara que sim. E com essa auspiciosa afirmação, fico por aqui nesta postagem. Será que a próxima terá Reflexões provocadas por "Nostalgia dos tempos de contatos ao vivo" como título? Não, não terá, pois a ideia é que ela seja alusiva ao dia 7 de maio. Por quê? Porque nesse dia celebra-se algo que, no meu entender, também é capaz de provocar nostalgia. Que algo é esse? O silêncio. Conforme explicado na postagem de 7 de maio de 2014, nos dias sete de maio celebra-se o Dia do Silêncio.
Sendo assim, com a intenção de não perturbá-los em tal dia, a ideia é deixar para o dia oito de maio a postagem alusiva ao silêncio. E apenas posteriormente, publicar Reflexões provocadas por "Nostalgia dos tempos de contatos ao vivo".

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