"Com cada vez mais automatização, a interação que envolve humanos
ganha valor. Um supermercado americano, por exemplo, criou uma fila de caixa
especial para as pessoas que gostam de conversar.", eis uma afirmação
atribuída a Rohit Bhargava, professor da Universidade Georgetown e fundador da
Non-Obvious Company, em O futuro da relação entre humanos e máquinas.
"A falta de contato humano foi usada como tema de campanha
publicitária de um grande banco americano. Aos clientes, cansados de interagir
com zombies digitais, prometiam um serviço com funcionários de carne e osso.",
eis uma afirmação de Lúcia Guimarães em Perdendo a voz.
Feito esse preâmbulo, segue
uma reportagem de Deborah Strange que tem tudo a ver com as afirmações acima. Intitulada
Nostalgia dos tempos de contato ao vivo
ela foi publicada na edição de 21 de outubro de 2014 do jornal Folha de S.Paulo em um caderno dedicado
a matérias extraídas do The New York
Times.
Nostalgia dos tempos de contatos ao vivo
Comunicar-se por textos é estressante. As pausas que surgem no iPhone
quando alguém está digitando uma mensagem para você "possivelmente são a
principal fonte de eterna esperança e decepção definitiva em nossa vida
cotidiana", disse ao Times a escritora Maryam Abolfazli, de Washington.
As pausas durante uma conversa podem suscitar curiosidade ("O que
será que ele está digitando?"), suspense ("Por que as bolhas pararam?")
e um desfecho decepcionante ("Uma única palavra como resposta?").
"Essa é a nova condição humana", afirmou Neal Bledsoe, ator
em Los Angeles, em uma mensagem de texto enviada ao Times. "Todos nós
estamos desesperados por contato humano e, após tanta digitação, tudo o que
resta é um reles emoticom."
Com a nostalgia da época dourada de contatos pessoais, até os
dependentes de dispositivos eletrônicos estão redescobrindo o prazer de
conversar ao vivo.
A rádio on-line Pandora Media geralmente interage com seu público com
um algoritmo de computador. Os ouvintes clicam em um ícone com um polegar para
cima quando gostam do que ouvem, e a Pandora transmite canções semelhantes. Em
setembro, porém, a rádio passou a adotar um viés mais pessoal, surpreendendo sete
usuários com um show ao vivo da violinista Lindsey Stirling. Haverá outros
shows de apenas uma canção com outros artistas, como parte de uma campanha
publicitária.
Stirling e seus músicos de apoio estavam diante de um telão em um
estúdio em Los Angeles, enquanto se apresentavam e conversavam com os ouvintes
por meio de um vídeo.
"Isso foi muito emocionante para os ouvintes e também para
Lindsey, pois ela pôde ver uma por uma essas pessoas, algo impossível em um
show comum", disse James Robinson, da agência de publicidade
TwoFifte-enMcCann, ao Times.
Grace Ban entende bem o prazer de ter contato com o público.
Gerente-adjunta de mídias sociais na luxuosa loja Bergdorf Goodman em
Manhattan, Ban tem 65 mil seguidores no Instagram. Um deles a reconheceu em uma
festa, alguém fez as apresentações e assim surgiu uma amizade. "Após
interagir virtualmente com alguém por muito tempo", disse Ban, "é
ótimo se encontrar ao vivo e perceber que podemos ser amigos."
A festa foi organizada pela Spring St. Social Society, que realiza
jantares e outros eventos para aproximar pessoas no mesmo ambiente. Patrick
Janelle, fundador do grupo, disse que sua vida focada no mundo digital (onde
tem 276 mil seguidores no Instagram) gerou uma carência de contato humano. "Eu
quero ser lembrado como o responsável por reunir essas pessoas", revelou.
Em outro jantar da Spring St., Ban sentou-se ao lado de Georgina
Mcdonald. As duas conversaram sobre seus planos de viagem – Ban pensava em ir à
Nova Zelândia e McDonald pretendia viajar por várias regiões dos Estados
Unidos. Elas trocaram cartões no encontro.
"As pessoas querem aproveitar melhor o tempo e ter experiências
diferentes", disse Mcdonald ao Times.
Bevy Smith, criadora do grupo Dinner With Bevy, que também reúne
pessoas ao vivo, disse haver mercado para esse serviço "porque as pessoas
desaprenderam a arte sutil da conversa. A preocupação exagerada em fazer
contatos úteis faz com que elas se esqueçam de estabelecer vínculos reais".
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"Com a nostalgia da época dourada de contatos pessoais, até os
dependentes de dispositivos eletrônicos estão redescobrindo o prazer de
conversar ao vivo.", afirma Deborah Strange, autora da reportagem. Será?!
Tomara que sim. E com essa auspiciosa afirmação, fico por aqui nesta postagem.
Será que a próxima terá Reflexões provocadas por "Nostalgia dos tempos
de contatos ao vivo" como título?
Não, não terá, pois a ideia é que ela seja alusiva ao dia 7 de maio. Por quê?
Porque nesse dia celebra-se algo que, no meu entender, também é capaz de
provocar nostalgia. Que algo é esse? O silêncio. Conforme explicado na postagem
de 7 de maio de 2014, nos dias sete de maio celebra-se o Dia
do Silêncio.
Sendo assim, com a intenção de não perturbá-los em tal dia, a ideia é
deixar para o dia oito de maio a postagem alusiva ao silêncio. E apenas posteriormente,
publicar Reflexões provocadas por "Nostalgia dos tempos de contatos ao vivo".
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