"Adjetivo de dois gêneros com origem no
termo em francês chic, que significa uma coisa ou pessoa formosa, airosa, estilosa, bonita. Adjetivo usado
muitas vezes para descrever uma coisa sofisticada ou que demonstra elegância. O
conceito de chique nem sempre está ligado a coisas materiais que um indivíduo
pode adquirir. Em muitas ocasiões, ser chique está relacionado com o requinte de uma pessoa, e a forma elegante e fina como essa
pessoa se comporta em diferentes
contextos.", eis o significado de chique encontrado em https://www.significados.com.br. Os
negritos foram trazidos pela consulta.
Feito este preâmbulo,
segue a primeira de duas partes de uma matéria de Lívia Breves publicada na
edição de 14 de janeiro de 2018 na revista O
Globo (que acompanha a edição dominical do jornal O Globo) sob o título 'O
analógico é o novo chique'.
O analógico é o novo chique
Pessoas que abrem mão de estarem 100% conectadas contam
suas experiências e inspiram quem deseja (ou precisa) ficar menos on-line. Aproveite
o novo ano para fazer uma detox digital
Não foram poucas as respostas automáticas recebidas durante a apuração
desta matéria. Os remetentes avisavam sobre a quase nenhuma frequência na
internet. As mensagens eram mais diretas ("Não uso mais o WhatsApp. Se
quiser falar, me ligue") ou mais prolixas ("Obrigada por me procurar.
Estou fora da rede, escrevendo meu livro no Camboja. Estarei off-line,
sem acesso ao e-mail ou telefone"). Depois de todos os vícios digitais
tomarem conta da vida da maioria das pessoas, muitas têm buscado desacelerar.
Os movimentos podem começar de leve, desativando o Facebook do celular, ou mais
intensos, deixando o smartphone de lado e comprando um aparelho que só
liga e recebe SMS. E tem aqueles que aproveitam o comecinho do ano para fazer
uma detox digital.
O movimento chamado dry-fi January começou na Inglaterra, mas já
se espalhou mundo afora e está estimulando muita gente a viver sem internet até
o fim do mês. E tem também os que preferem algo menos drástico, aqueles que
decidiram ficar alguns dias livres de qualquer rede social, que passaram a
desligar o celular durante horas e estão aproveitando mais a vida fora da rede.
Em tempo, eles garantem que é muito bom.
DRY-FI: A arte e a glória de se
desconectar
A publicitária Catarina Castro, de 28 anos, fez uma detox no meio do
ano passado. Percebeu que estava dependente demais da internet, que passava o
dia olhando a tela do celular, conferindo se tinha uma nova notificação,
curtida, mensagem, solicitação de amizade, crush, match e por aí
vai. Respirou fundo e pausou. Foi ver o pôr do sol, andar de bicicleta e até
usou o telefone fixo.
- Li mais naquele período do que nos últimos seis meses. Encontrei
amigas por acaso, vi cenas engraçadas na rua e dormi muito melhor. Agora, nesse
comecinho de ano, estou fazendo de novo. Acho importante para dar uma
reciclada, eu já estava viciadinha de novo – percebe ela, uma típica jovem que
admite sofrer da síndrome moderna F.O.M.O., sigla para Fear of Missing Out,
que é o medo de estar por fora de algo.
Um ano inteirinho. Esse foi o período que a fotógrafa gaúcha Ana
Rovati, de 32 anos, ficou sem entrar na internet. Tudo para um projeto de arte
em uma pós-graduação que fazia em Madri. Ainda este ano, a experiência vira
livro. No começo, se viu isolada, pouco querida pelos amigos, com a autoestima
em baixa. Até que passou da fase da dependência e se percebeu mais disposta a
ver o mundo, mais segura.
- As relações contemporâneas me interessam. E a internet tomou uma proporção
enorme na vida da gente. No começo, pensava em entrevistar velhinhos que
representam uma última geração que não se rendeu à internet. Mudei no meio e
resolvi eu mesma experimentar ficar off-line. Inicialmente, foi
apavorante. Até então, eu estava em todas as redes e tinha o último modelo de
iPhone. Desapeguei de tudo. A lógica da minha vida mudou. Percebi que a
internet nos priva de arriscar, de improvisar, afinal, ela nos dá, em segundos,
todas as respostas – conta Ana.
No dia anterior ao fim da detox, Ana ficou tão tensa quanto um ano
antes:
- Estava com medo e muito emocionada por ter conseguido cumprir a meta.
Ainda fiquei uns dias sem me conectar. A primeira coisa que fiz foi ver meu
e-mail. Não tinha tanta coisa assim. Quando voltei para o WhatsApp, fiquei
chocada com a quantidade de bobagens que recebi. Em outros tempos, elas me
fariam perder horas lendo, assistindo e respondendo. Ganhei tempo de vida.
Hoje, ela voltou para o Instagram e usa sempre a Internet. Mas com a frequência
bem menor do que antes.
- Me assustei como a intoxicação é muito rápida e a desintoxicação,
lentíssima – alerta ela.
Esta semana, foi o cantor Tiago Iorc, de 32 anos, que anunciou aos seus
mais de 3 milhões de seguidores no Instagram que daria um tempo nas postagens: "Concluí
que um descanso vai me fazer bem. Me ausentar dessa nossa vida instagrâmica que
nos consome e me permitir viver sem calcular tanto, me descobrir em novos
medos, voltar a ter certeza do que é improvável". O recado recebeu mais de
170 mil likes e diversas mensagens de apoio. Chegou o tempo que estar off-line
faz tanto sucesso quanto tirar uma selfie.
Continua na próxima terça-feira
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