Continuação de quarta-feira
O empresário Paulo Augusto Albuquerque, de 23 anos, dono da marca
brasiliense Dobe, decidiu fugir de todas as redes sociais. Estava se sentindo
contaminado.
- Segui esse caminho menos conectado porque vivemos uma ilusão digital.
Existem algumas teorias que falam sobre isso, como a playing reality, e
eu não tinha interesse em deixar de viver um mundo físico para viver esse fake
digital. Agora, não sou mais contaminado pelas ideias discutidas nas redes –
comenta Paulo, que só não abriu mão do WhatsApp.
Taciana Abreu, head de marketing da marca Farm, saiu das redes
quando entrou na empresa. O motivo? Não conseguia dar conta de responder tantas
mensagens. Ficou só no WhatsApp por uma questão de sobrevivência.
- O que achei mais marcante da minha detox, que já dura um ano e meio,
foi como aumentou a conversa quando encontro uma amiga – comenta ela.
Antes, Taci conta, ela já sabia de tudo das amigas, e vice-versa. Para
onde tinham viajado, onde tinham jantado, das conquistas, do novo emprego, do
corte de cabelo...
- Como não estou mais nas redes, tudo é novidade, o que faz o papo
render mais. Naquela época, eu sabia de detalhes da rotina de uma pessoa sem
encontrá-la – percebe Taci.
André Carvalhal, à frente da marca Ahlma, que tem, no Leblon, uma loja "com
jeito de escola, laboratório, estúdio de ioga e casa de suco", pratica uma
detox digital todo fim de ano. No fim de dezembro e começo de janeiro, ele se
desconecta. Desliga tudo e reflete sobre isso.
- Este ano, além de me desconectar, fiz isso também na Ahlma. Pausei os
conteúdos das nossas mídias e fiz uma campanha estimulando se desconectar para
conectar com outras pessoas e com a natureza – conta André.
O casal de fotógrafos Juliana Rocha, de 29 anos, e Bruno Machado, de
24, criou a agência O Álbum, dedicada à fotografia analógica e ao seu ritmo
próprio. O projeto começou para estimular os trabalhos mais autorais e ainda
dar força para a comunidade analógica. Superconectados até então, eles passaram
a sentir vontade de fazer pequenos retiros. Em suas oficinas na Serra da
Bocaina, em São Paulo, os dois ficam totalmente sem internet.
- Aprendemos a gostar de ficar longe do frisson imediatista das
redes. O nosso trabalho n'O Álbum é uma
alternativa à produção desenfreada de imagens descartáveis que vão para as
redes sociais – diz Juliana, que também notou um movimento contrário ao ritmo
frenético das redes ao ver a procura pela estética analógica aumentar. – O
estalo veio quando uma marca de moda nos pediu para aplicar o filtro Light
Leaks nas fotos, que tem o mesmo granulado e as cores dos filmes que
estávamos usando. Junto com isso, acontece um resgate da cultura dos vinis, das
super 8mm, das máquinas de escrever. Existe uma corrida pelo palpável e,
principalmente, pelos meios que incorporam os erros.
Ao mesmo tempo em que a estética vintage volta à tona, o bem-estar
conquistado por quem está desconectado, vivendo como em tempos passados, é cada
vez mais difundido. Os spas já perceberam isso e oferecem terapias que vão além
das massagens e dos cardápios levinhos. Ficou comprovado que o corpo e a mente
precisam sair da zona on-line para relaxar de verdade. Desse jeito,
estes espaços começaram a limitar o uso da internet, restringindo os horários e
os locais onde se pode acessar o mundo virtual.
Fazer uma autoanálise para saber se o uso dos gadgets está em um
nível saudável é um movimento que precisa acontecer frequentemente, alerta a
psicóloga Anna Lucia King, que criou o Instituto Delete, o primeiro núcleo no
Brasil especializado em Detox Digital, que funciona dentro do centro de
psiquiatria da UFRJ, na Praia Vermelha. Uma dica: no site do instituto (www.institutodelete.com) é possível
fazer testes para descobrir o nível de intoxicação.
- O Delete existe desde 2013, e a procura por tratamento só aumenta. Os
prejuízos são físicos e psicológicos. Já pensou em quantas vezes uma pessoa
abaixa o pescoço por dia para olhar a tela do celular? É uma média de 100
vezes. Pense nisso em um ano. É um dano enorme à postura. Sem falar nas
ansiedades que surgem disso – analisa Anna, que lançou o livro "Nomofobia"
(editora Atheneu), ao lado de Eduardo Guedes, sobre dependência de celular e
internet, e este mês lança mais dois: "Etiqueta digital" e
"Cartilha digital". – Não sou contra a internet, mas é preciso saber
quando se está abusando do uso. Tem que esquecer o celular em casa de vez em
quando.
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"– Não sou
contra a internet, mas é preciso saber quando se está abusando do uso. Tem que
esquecer o celular em casa de vez em quando.", eis a afirmação da
psicóloga Anna Lucia King usada por Lívia Breves para concluir sua excelente
matéria. Matéria que em seu primeiro parágrafo traz uma afirmação que considero
bastante auspiciosa. "Depois de todos os vícios digitais tomarem conta da
vida da maioria das pessoas, muitas têm buscado desacelerar."
Desacelerar para
conseguir relaxar de verdade, pois, como é dito na matéria, "Ficou comprovado
que o corpo e a mente precisam sair da zona on-line para relaxar de
verdade. Desse jeito, os spas espaços começaram a limitar o uso da internet,
restringindo os horários e os locais onde se pode acessar o mundo
virtual."
"- Aprendemos
a gostar de ficar longe do frisson imediatista das redes. O nosso
trabalho n'O Álbum é uma alternativa à produção
desenfreada de imagens descartáveis que vão para as redes sociais – diz Juliana
Rocha, uma fotógrafa analógica, que também notou um movimento contrário ao
ritmo frenético das redes ao ver a procura pela estética analógica aumentar."
"Ficar longe
do frisson imediatista das redes", pois como diz Lívia Breves, "Chegou
o tempo que estar off-line faz tanto sucesso quanto tirar uma selfie.".
"O movimento chamado dry-fi January começou na Inglaterra,
mas já se espalhou mundo afora e está estimulando muita gente a viver sem
internet até o fim do mês. E tem também os que preferem algo menos drástico,
aqueles que decidiram ficar alguns dias livres de qualquer rede social, que
passaram a desligar o celular durante horas e estão aproveitando mais a vida
fora da rede. Em tempo, eles garantem que é muito bom.", diz a repórter Lívia
Breves.
Será que vale experimentar o movimento dry-fi? "Em muitas
ocasiões, ser chique está relacionado com o requinte de uma pessoa, e a forma elegante e fina como essa
pessoa se comporta em diferentes
contextos.", eis um significado para chique encontrado em https://www.significados.com.br. O analógico é o novo chique, eis o
título da excelente matéria de Lívia Breves. Será que vale a pena
experimentarmos ser chiques?
E ao falar em
elegância aproveito para concluir esta postagem compartilhando com vocês a
segunda de cinco recomendações que compõem uma matéria intitulada Etiqueta Moderna apresentada ao lado
daquela que provocou esta postagem e a anterior.
"Esqueça o telefone quando estiver com outras pessoas. Foque em
quem está fisicamente perto de você. Uma conversa tetê-a-tête vale mais
do que mensagens e áudios de WhatsApp. Aproveite para rir junto, abraçar,
brindar, perceber o que está ao seu redor. Não há nada mais deselegante do que
mostrar desinteresse pelo que acontece a sua frente e ficar curtindo fotos de
outras pessoas."
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