Neste dia em que, após
um período de frenética troca de presentes, em homenagem a três personagens
bíblicos que teriam visitado Jesus logo após seu nascimento e lhe ofertado
presentes, uma considerável parcela da população deste planeta celebra o Dia de Reis, as ideias espalhadas por
este blog vêm de um texto de Susan Andrews, psicóloga e monja iogue, publicado na edição de 25.12.2006 da revista
Época sob o título Os presentes dos reis magos.
Os presentes dos reis magos
"Um
dólar e oitenta e sete centavos. Isso era tudo. Desse valor, 60 centavos eram
moedas de um centavo. Moedas de um centavo que foram poupadas uma a uma... E o
dia seguinte era Natal".
É assim
que começa o conto "Os Presentes dos Reis Magos", pelo mestre
contador de histórias americano O. Henry (1862 – 1910). A tocante história
sobre essa época especial do ano tem reverberado no fundo de minha mente, em
meio aos plantões de hiperagitados shopping centers e do vendaval de cartões de
crédito, sacolas plásticas, códigos de barras e recibos de compra. Por isso, eu
gostaria de compartilhá-la com você.
Isso era
tudo o que Della tinha: US$ 1,87, mesmo tendo economizado cada centavo por
meses a fio.
Sozinha e
em desespero, soluçando no surrado sofá do modesto apartamento, Della lamentava
que o dia seguinte fosse Natal. Como dar um presente para seu querido marido,
Jim, com apenas US$ 1,87? O jovem casal possuía dois únicos objetos de valor,
que eram motivo de muito orgulho para ambos. Um era o relógio de bolso de ouro
de Jim, que pertencera a seu pai e a seu avô. O outro era o lindo cabelo de
Della, que passava de seus joelhos, "ondulante e brilhante como uma cascata
d’água dourada".
Subitamente,
com os olhos cintilando, Della correu até uma loja de perucas e, após alguns
momentos, seu lindo cabelo foi cortado em troca de US$ 20. Ela então vasculhou
as lojas à procura de presente para Jim, até que o encontrou. O presente
perfeito. Uma corrente de platina para seu relógio de ouro! Della pagou US$ 21,
e voltou para casa com 87 centavos. Ao ouvir os passos de Jim subindo as
escadas, ela orou em silêncio: "Por favor, meu Deus, faça com que ele
ainda me ache bonita".
Jim abriu
a porta e ficou imóvel, com seus olhos fixos na esposa. "Você cortou seu
cabelo?", repetiu ele diversas vezes, como se estivesse num transe. "Vai
crescer de novo", insistiu Della. "Cada fio do meu cabelo pode até
ter sido contado, mas ninguém jamais poderá medir o amor que tenho por você."
Jim então
tirou uma pequena caixa do bolso e disse: "Abra seu presente". Os
dedos de Della rasgaram o papel que envolvia o objeto – um jogo de pentes
feitos de madrepérola pura e cravejados de jóias. Esses eram os caros pentes
que ela havia por muito tempo admirado na vitrine de uma loja! Apertando contra
o peito com uma das mãos seus agora inúteis pentes, ela estendeu seu presente
ao marido. A corrente de platina brilhava em sua mão como brilhava seu próprio
coração. "Procurei por toda a cidade até achar esta corrente. Prenda-a no
seu relógio, quero ver como fica", disse ela, animada.
Jim
simplesmente disse: "Eu vendi meu relógio para poder comprar seus pentes".
Ao
circularmos incessantemente por lotados estacionamentos de shopping centers,
procurando vagas para estacionar e comprar (e depois trocar) presentes, talvez pudéssemos
nos lembrar daqueles três reis magos, que, como O. Henry nos lembra, "eram
sábios que levaram presentes para o Recém-Nascido na manjedoura, e assim
inventaram a arte de dar presentes de Natal". E talvez você também, como
eu, possa refletir sobre aquele jovem casal, num modesto e frio apartamento,
que sacrificou um ao outro seus mais preciosos tesouros.
Ao circularmos por
estacionamentos lotados, podemos lembrar os três reis magos que inventaram a
arte de dar presentes de Natal
"De
todos aqueles que dão e recebem presentes", conclui O. Henry, "pessoas
como esse casal são as mais sábias. Elas são os Magos."
Nada de
lista de compras, nada de cartões de crédito. Apenas generosidade, somando-se
ao amor.
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Que belo texto!
Um texto onde após citar algumas passagens de um lindo conto de O. Henry (1862
– 1910), pseudônimo de William Sydney Porter, um dos maiores contistas
americanos do século XIX, Susan Andrews convida-nos a refletir sobre uma de
nossas maiores deficiências: saber presentear. E a rever nossa forma de
presentear, como é sugerido nos três parágrafos de seu texto reproduzidos abaixo.
"E talvez você também, como eu, possa refletir sobre aquele jovem casal, num modesto e frio apartamento, que sacrificou um ao outro seus mais preciosos tesouros.
'De todos aqueles que dão e recebem presentes', conclui O. Henry, 'pessoas como esse casal são as mais sábias. Elas são os Magos'.
Nada de lista de compras, nada de cartões de crédito. Apenas generosidade, somando-se ao amor."
Saber
presentear é algo que considero tão importante que sobre o ato de presentear esta é a
segunda postagem publicada neste blog. Intitulada Presenteando
gregos e troianos, a postagem publicada em 5 de dezembro de 2016
termina com as palavras reproduzidas no parágrafo abaixo.
"Já pensou em dar algo imaterial e precioso como sua atenção total? Ofereça um jantar e não leve seu celular. Siga com genuíno afeto tudo que ela ou ele fala e esteja inteiro na conversa. É um presentão! O resto são pacotes..."
Por
enxergar afinidade entre as palavras acima e as escritas em uma plaquinha que
descobri recentemente, esta postagem termina apresentando a imagem de tal plaquinha.
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