"A civilização não tem como finalidade o progresso das máquinas,
mas, sim o do homem."
(Alexis
Carrel)
A afirmação de Alexis Carrel
(1873-1944), cirurgião, fisiologista, biólogo e sociólogo francês que, em 1912, recebeu
o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia e, em 1935, publicou um livro
intitulado O Homem, Esse Desconhecido que foi traduzido e reeditado
transformando-se num grande êxito mundial até a década de 1950, é algo que me
vem à mente sempre que leio qualquer coisa enaltecendo o estonteante progresso
das máquinas.
Feito esse preâmbulo, segue
uma reportagem de Gabriela Viana e Sérgio Matsuura publicada na edição de 03 de
dezembro de 2017 do jornal O Globo sob
o título 'O futuro da relação entre
humanos e máquinas'.
O futuro da relação entre humanos e máquinas
Evento debate cenários do avanço da inteligência
artificial, como sexo e até casamentos com robôs
O amor entre humanos e robôs estaria mais perto de acontecer do que
imaginamos? Ou o futuro de indivíduos cada vez mais superconectados será se
voltar para a essência humana? As consequências dos avanços da inteligência
artificial e da crescente interação entre homem e máquina marcaram as reflexões
do último dia do Wired Festival Brasil, ontem, na Cidade das Artes, na Barra da
Tijuca. O festival – realizado pelas Edições Globo Condé Nast e O Globo, com
patrocínio de Petrobras, Embratel, Grupo Pão de Açúcar e Braskem, apoio da Cerveja
Sol e apoio institucional da Cidade das Artes – reuniu no Rio personalidades
nacionais e internacionais do mundo da inovação em torno do tema "Futuro
do Presente, Futuro do Amanhã".
O avanço da robótica e sua combinação com a inteligência artificial
produzirá, no futuro próximo, máquinas avançadas capazes de se relacionar com
os humanos de forma tão profunda a ponto de nos apaixonarmos por elas. Ao menos
foi esta a provocação defendida no auditório principal pelo pesquisador britânico
David Levy, autor do livro "Amor e sexo com robôs".
Analisando estudos sobre relações afetivas e sexuais, Levy concluiu que
serão uma realidade entre humanos e robôs quando as máquinas conseguirem
interagir de forma natural por causa do efeito provocado pelo afeto recíproco.
Uma pessoa é mais propensa a se apaixonar por outra se ela souber que o
sentimento é mútuo. Robôs podem ser programados para agir dessa forma, assim
como compartilhar nossas ideias e valores?
- O que vai significar para a Humanidade, quando a inteligência
artificial for capaz de expressar emoções humanas, alcançar a consciência
humana? E quando os robôs reconhecerem o que queremos falar e seguir
conversando? Como a sociedade vai reagir a robôs que dizem "eu te amo"?
Segundo o pesquisador, os principais motivos que levam as pessoas a
pagarem por sexo são a busca por variedade de parceiros e o prazer físico em
si. Robôs podem saciar todos esses desejos, ele diz, citando empresas que já
produzem bonecos sexuais realistas, capazes de conversar com os donos. Faltam
sistemas robóticos que simulem movimentos.
- Mas robôs já podem subir escadas, reger orquestras... E quando eles
puderem se mover na cama como um ser humano? Qual será o efeito sobre nós?
Para o pesquisador, a resposta é simples: os humanos irão se apaixonar
e fazer sexo com os robôs. Ele vai além: acredita que, nos próximos anos,
parlamentos em todo o mundo terão que se debruçar sobre uma nova questão: a
legalidade do casamento com robôs.
FUTURO MENOS DIGITAL
Na contramão dessa
visão, Rohit Bhargava, professor da Universidade Georgetown e fundador da
Non-Obvious Company, fez previsões de um futuro em que o contato humano será
valorizado justamente por causa do avanço das máquinas e das ferramentas
digitais. Desde 2011 ele publica anualmente uma lista de tendências para o
desenvolvimento de novos negócios. Num mundo cada vez mais conectado, Bhargava
previu, por exemplo, que as pessoas começariam a procurar pelo silêncio. E isso
realmente aconteceu. Surgiu o turismo para detox digital e uma cidade na Suíça
chegou a proibir selfies.
- Com cada vez mais
automatização, a interação que envolve humanos ganha valor. Um supermercado
americano, por exemplo, criou uma fila de caixa especial para as pessoas que
gostam de conversar – contou.
Para ele, o segredo
de identificar essas tendências reside em ser curioso e ter hábitos que não têm
nada a ver com máquinas:
- Tire a cara da
tela do celular. Preste atenção no mundo ao redor, que verá coisas que as
outras pessoas não veem.
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Será que, lida à luz da afirmação do autor de O Homem, Esse
Desconhecido citada em epígrafe, a reportagem apresentada nesta postagem dá
o que pensar?
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