Cinquenta e seis
postagens depois, este blog retorna a um assunto sobre o qual comecei a enviar mensagens
há doze anos (muito antes da criação do blog). Assunto sobre o qual será necessário
persistir até que chegue o tempo a partir do qual as relações entre homens e
mulheres passem a ocorrer em conformidade com a igualdade de direitos, e de deveres,
que precisa haver entre eles e elas. Igualdade que a maioria dos homens insiste
em não enxergar como algo sem o qual o que está em jogo é o próprio futuro da
humanidade, como é possível deduzir a partir de uma afirmação que já usei em
alguns textos alusivos ao Dia
Internacional Da Mulher. "O futuro da humanidade
não será decidido pelas relações entre nações, mas pelas relações entre homens
e mulheres.", disse David Herbert Lawrence (1885 – 1930).
E ao falar em futuro da humanidade e em
relações entre homens e mulheres, enxergo uma excelente oportunidade para
convidar – homens e mulheres – a assistirem o documentário "O Começo da Vida", lançado em 5 de
maio de 2016. "Em uma volta pelos quatro cantos do mundo, o documentário faz
uma análise aprofundada e um retrato apaixonado dos primeiros mil dias de um
recém-nascido e convida-nos a refletir sobre o modo com estamos lidando com
aquele período considerado crucial para o desenvolvimento saudável das crianças",
ou seja, o desenvolvimento saudável daqueles seres a quem será entregue o
futuro da humanidade. O parágrafo abaixo foi extraído do documentário.
"As pessoas perguntam pra mim – Vem cá! Quando é que você volta... a trabalhar?! É como se você estivesse sem fazer... nada... esse tempo todo, né! Mas você cuidar dos filhos, você dedicar um tempo... considerável... da sua vida para cuidar dos seus filhos é considerado nada (!). Cuidar dos seus filhos significa que você tá cuidando de pessoas que vão ser futuros cidadãos,... se o sujeito vai votar,... se o sujeito vai botar fogo no índio ou não vai botar fogo no índio. Você tá... você tá... simplesmente trazendo gente,... tá formando a humanidade, cara (!),... e isso é nada (!), é absolutamente nada (!) para a sociedade!", exclama uma mãe entrevistada.
"Você está formando a humanidade e isso é
nada, é absolutamente nada para a sociedade.", exclama a mãe entrevistada.
Será que, se aquela mulher tivesse o direito de revisar a escala de valores
atribuídos às funções existentes na sociedade, "dedicar um tempo
considerável da vida para cuidar dos filhos, de seres que serão futuros
cidadãos e desse modo contribuir para formar a humanidade" ocuparia uma alta
posição em tal escala, e não aquela desprezível em que foi colocada por uma avaliação masculina?
Será que se a valiosa função de "dedicar um tempo considerável da vida para cuidar
de seres que serão futuros cidadãos e desse modo contribuir na formação da
humanidade" recebesse o devido valor seria significativa a quantidade de
mulheres que a ela se dedicariam em detrimento da vontade de ocuparem-se com
muitas das valorizadas funções no
teatro corporativo? Funções que, não raras vezes, em vez de contribuir na
formação da humanidade o que fazem é contribuir para a deformação de muitos dos
que as ocupam. Será que, devidamente valorizada, até mesmo homens se disporiam a
trocar algumas das valorizadas funções
nesta sociedade pela valiosa função citada
pela mãe entrevistada? Pelo que é mostrado no documentário, parece-me que sim.
Há no documentário o caso de um físico
pesquisador que, depois de trabalhar doze anos em uma empresa, ao dizer aos
seus ex-colegas que parou de trabalhar para cuidar de seus filhos, deles ouve o
seguinte questionamento: por que foi que você fez isso? Será que uma revisão da
supracitada escala de valores diminuiria o estranhamento causado pela atitude
do "estranho" pai e favoreceria a aceitação pelos homens da
imprescindível igualdade de deveres entre homens e mulheres? O que vocês acham?
O próximo parágrafo é mais um extraído do documentário.
"Esse mundo investe em satélites, enfim, em diversas áreas para conhecer novos planetas e ir pra Marte, pra Lua, pra Urano. A gente não vai investir na condição humana, na humanidade que está nascendo?! Como é que a gente pode pensar num mundo de paz, de colaboração, de bem-aventurança onde o começo da vida não é levado em conta?!", indaga Vera Cordeiro, M.D., física e fundadora da Fundação Saúde da Criança.
"Como é que a gente pode pensar num mundo
de paz, de colaboração, de bem-aventurança". Ou seja, como é que a gente
pode almejar um futuro melhor para a humanidade, "sem levar em conta o
começo da vida"? Como é que a gente pode levar em conta o começo da vida
sem estar consciente de que, se a geração da vida requer a participação do
homem e da mulher, cuidar do começo da vida é uma função que não deve ser
deixada a cargo apenas da mulher? Será que não deixar tal função a cargo apenas
da mulher requer a imprescindível aceitação da igualdade de direitos, e de deveres,
entre homens e mulheres? Será que crianças criadas vivenciando tais igualdades
tornar-se-ão seres que as enxergarão como algo natural? O que vocês acham?
Que a igualdade de direitos, e de deveres,
entre homens e mulheres não se restringe a tarefa de cuidar do começo da vida,
parece-me algo óbvio. Até porque optar por querer ou não ter filhos também é um
direito da mulher. Porém, indo além de tal obviedade, será que faz sentido
incluir passagens de um documentário intitulado O Começo da Vida em uma postagem alusiva a uma data cujo principal objetivo
é, de certa forma, fazer apologia da imprescindibilidade de estabelecer outro
começo: o começo de um novo modo de viver? Um modo de viver em que as relações
entre homens e mulheres ocorram em condições de igualdade de direitos, e de
deveres. O que vocês acham?
Além das passagens citadas nesta postagem,
existem várias outras capazes de não só possibilitar-nos refletir sobre o modo
como estamos lidando com aquele período crucial para o desenvolvimento saudável
das crianças, como também sobre a imprescindível igualdade de direitos, e de
deveres, entre homens e mulheres. Ou seja, para possibilitar-nos refletir
sobre o que motivou a criação do Dia Internacional
da Mulher. Para quem quiser assistir o documentário, segue o endereço onde o assisti: https://www.youtube.com/watch?v=kQT-7AaphQk.
Reconhecer a igualdade
de direitos entre homens e mulheres, e viver em conformidade com tal
reconhecimento, é um dever de todos os homens que tenham chegado a este mundo
através de um ventre feminino, ou seja, de todos eles. Será que os homens que
lerem esta postagem concordarão com o que acaba de ser dito? O que vocês acham?
Mais do que qualquer
homenagem que lhes seja rendida pelos homens, no dia criado com a finalidade de
reivindicar a igualdade de direitos entre homens e mulheres, o que as mulheres desejam
é que durante todos os dias de sua vida elas sejam tratadas por eles em
conformidade com a igualdade por elas reivindicada. Será que as mulheres que
lerem esta postagem concordarão com o que acaba de ser dito? O que vocês acham?
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