Por entender que um
blog deve ter um propósito, usei a primeira postagem deste para explicar porque
o criei. E a forma usada para tal explicação foi respondendo uma hipotética
pergunta: "Por que criei um blog?".
Um blog que já a partir de seu título começa a explicar-se assim: "Espalhando ideias que ajudem a
interpretar a vida e provoquem ações para torná-la cada vez melhor". E
que, por meio de uma afirmação de Ariston Santana Teles apresentada como
primeira citação ilustrativa, continua a explicar-se assim: "Melhor vive
quem melhor conhece; e melhor conhece quem melhor interpreta. Daí a necessidade
de esforços cada vez maiores na iluminação do raciocínio. Ou seja, desde o seu
início, este blog destaca a importância de melhor interpretar.
Sendo assim, por entender que melhor interpretar
é algo importante demais, uso a quadringentésima postagem para responder uma
hipotética pergunta que alguém poderia me fazer, e que alguns deveriam me fazer:
"Como você se relaciona com a tecnologia?". Por que resolvi elaborar uma
postagem inspirada em tal pergunta? Porque, embora eu tenha tido sempre o
cuidado de (em postagens em que são apontados malefícios causados pela
tecnologia) afirmar que nada tenho contra a tecnologia, apenas contra malefícios
causados por ela, em comentários sobre tais postagens recebidos por e-mail, alegando
serem entusiastas da tecnologia, alguns remetentes insinuam que sou avesso a
ela.
"Querido Guedes, continuo achando que a
tecnologia, se bem usada, veio para melhorar as nossas vidas. Obviamente que,
como tudo na vida, precisa ter limites e bom senso.". É assim que começa
um e-mail que recebi em resposta a uma resposta que dei a um comentário sobre a
recente postagem intitulada "A
uberização da vida". "Bjs e bemvindo a um mundo novo!". É
assim que termina o referido e-mail.
Fiquei perplexo! Dizendo, exatamente, o que eu
acho em relação à tecnologia, a remetente do e-mail imagina estar enviando uma
resposta a alguém que, ao contrário dela que é uma entusiasta, é um indivíduo avesso
à tecnologia. Fiquei perplexo, repito! E perplexo, em vez de responder dizendo
- "Querida Amiga, o que você continua achando é, exatamente, o que sempre
achei e que já afirmei algumas vezes em postagens em que são apontados malefícios
causados pela tecnologia." - o que fiz foi redigir esta postagem, e dessa
forma explicar a mais gente "Como me relaciono com a tecnologia".
Enxergar-me com alguém avesso à tecnologia teria
sido um problema de interpretação? Muito provavelmente. Afinal, como alguém que
durante todas as 3,7 décadas de vida profissional atuou no desenvolvimento de
sistemas de informações que "rodariam" em computadores, um dos mais
significativos produtos da tecnologia, pode ser avesso à tecnologia? Como alguém que após aposentar-se, há seis anos, mantém dois blogs, algo que só
é possível devido à tecnologia, pode ser avesso à tecnologia? Sim, muito
provavelmente, trata-se de um problema de interpretação.
Interpretar corretamente é uma capacidade sem a
qual eu não teria obtido êxito na minha vida profissional. Afinal, nos tempos
em que em vez de enfiar "pacotes" goela abaixo dos usuários o que se
fazia era desenvolver sistemas de informações a partir dos procedimentos
realizados por eles e das informações por eles recebidas / enviadas, obter êxito
como analista de sistemas de informações seria algo simplesmente impossível sem
a capacidade de interpretar corretamente o que os usuários faziam em suas
tarefas profissionais.
"Melhor vive quem melhor conhece; e
melhor conhece quem melhor interpreta.", diz Ariston Santana Teles. Interpretar
melhor é algo fundamental para o êxito em qualquer coisa na vida e até mesmo na própria preservação
da vida. Vocês concordam que a principal capacidade desejável em um médico deve
ser a de diagnosticar corretamente o (s) mal (es) que acomete (m) o paciente?
Vocês concordam que diagnosticar corretamente passa pela interpretação correta dos
sintomas apresentados pelo paciente?
Diante do que foi dito até aqui, será que dá
para discordar da imprescindibilidade de interessarmo-nos por interpretar melhor
as possibilidades de uso de toda e qualquer novidade que nos seja oferecida por
essa fábrica de novidades que é a tecnologia. Afinal, como é dito no terceiro
parágrafo desta postagem, por alguém que sendo entusiasta pela tecnologia insinua
que sou avesso a ela (à tecnologia, não à pessoa que disse), - "(...) a
tecnologia, se bem usada, veio para
melhorar as nossas vidas". (o grifo é meu). Sendo assim, em conformidade
com essa história de ser avesso à tecnologia, de usá-la bem etc., segue uma
classificação que faço com os três modos de se relacionar com a tecnologia.
1. Rejeitar, - sem qualquer interpretação que
possibilite identificar possíveis benefícios oriundos de seu uso -, toda e
qualquer novidade oferecida pela tecnologia, pois aceitá-la implicaria em ter
que alterar o modo de viver com que se está acostumado e adaptar-se a um novo.
2. Aceitar, - sem qualquer interpretação que
possibilite identificar possíveis malefícios oriundos de seu uso -, toda e
qualquer novidade oferecida pela tecnologia, pois rejeitá-la
implicaria em ser visto como um indivíduo retrógrado incapaz de viver de acordo
com seu tempo.
3. Interpretar toda e qualquer novidade
oferecida pela tecnologia, - com a intenção de nela identificar possíveis benefícios
e malefícios por ela trazida -, e a partir de tal interpretação dela fazer bom
uso, pois, como já dito acima, "(...) a tecnologia, se bem usada, veio para melhorar as nossas vidas". Ou seja,
para melhorar as nossas vidas, há, no uso da tecnologia, um "se".
Em qual das três opções acima devem ser
classificados os indivíduos avessos à tecnologia? Segundo a minha
interpretação, na opção 1. Em qual das três me classifico? Na opção 3. Em
qual das três me sinto classificado ao ler os comentários enviados por e-mail que
motivaram esta postagem? Na opção 1. Será que estamos diante de um problema de interpretação?
No meu entender, sim; e no de vocês?
E para terminar esta postagem intitulada "Como você se relaciona com a tecnologia?",
espalho aqui algo que li em uma reportagem de Fernando Scheller publicada na
edição de 22 de junho de 2016 do jornal O Estado de S. Paulo. Intitulada
"O desafio da tecnologia é ser útil"
foi com trechos dela que redigi o próximo parágrafo.
"Ao participar do Lions Innovation, evento do Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade dedicado à tecnologia, a antropóloga digital Amber Case – eleita como uma das mulheres mais influentes do setor pela revista 'Fast Company', fez a seguinte afirmação: 'A quantidade ideal de tecnologia na vida de uma pessoa é a mínima necessária'.".
Mas qual deve ser a quantidade mínima
necessária de tecnologia? Será que é possível descobrir qual seja tal
quantidade sem recorrer à interpretação? Pelo que tudo indica, o término da
postagem remete-nos ao seu início. Será que interpretar melhor é algo que
inevitavelmente teremos que aprender, se ainda almejarmos viver melhor. Será
que Ariston Santana Teles está certo quando diz que: "Melhor vive quem
melhor conhece; e melhor conhece quem melhor interpreta. Daí a necessidade de
esforços cada vez maiores na iluminação do raciocínio."
Será que após esta postagem conseguirei deixar
de ser visto como alguém avesso à tecnologia? Como será interpretada esta
postagem? Após esta série de indagações, resta-me apenas recorrer à parte
religiosa: rezar para que esta postagem não seja mal interpretada.
Sobre a reportagem citada quatro parágrafos
acima, há, no blog Lendo e opinando,
uma postagem
homônima elaborada com trechos dela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário