Ao dizer que "Em primeiro lugar,
precisamos nos abrir para a verdade de que somos seres espirituais vivendo uma
experiência material na Terra e que nós todos temos uma missão comum, porque, sem
essa consciência, estamos fadados à extinção.", Sri Prem Baba (1965, ....)
faz-me lembrar uma afirmação de Teilhard de Chardin (1881 –
1955), já citada em algumas postagens e usada no blog como uma das citações que
ilustram uma coluna intitulada E, para o
resto da vida..., localizada abaixo da Citação
da semana. Qual é a afirmação? "Não somos seres humanos vivendo uma
experiência espiritual; somos seres espirituais vivendo uma experiência
humana.". Vocês enxergam alguma diferença entre as duas
afirmações?
Ao afirmar que "Neste
momento, a humanidade está tomada pelo esquecimento. A maioria não tem a mínima
ideia do que veio fazer aqui e nem chega a se perguntar.", Sri Prem Baba faz-me
lembrar uma afirmação de Vaclav Havel (1936 – 2011) citada em uma reportagem
publicada na edição de 19.12.2011 (dia seguinte ao de sua morte) no jornal O Estado de S. Paulo. Qual é a
afirmação: "A tragédia do homem moderno não é que
ele saiba menos sobre o significado de sua vida, mas o fato de ele não
incomodar-se com isso." Vocês enxergam alguma afinidade entre as duas
afirmações? Tudo a ver, não?
"Nós todos temos
uma missão comum, porque, sem essa consciência, estamos fadados à
extinção.", diz Sri Prem Baba. Será ele um alarmista que quer nos apavorar
com algo que só ele enxerga? Creio que não. E sem recorrer a qualquer pesquisa para
justificar a minha crença e usando apenas a minha lembrança imediata, cito aqui
o seguinte trecho de um artigo de José Eduardo Agualusa (1960, ....) publicado na edição de 5 de dezembro de 2016 do jornal O Globo) com o título Quase imortais – ou quase mortos.
"O triste paradoxo é que nunca estivemos tão perto da "imortalidade", mas também nunca estivemos tão próximos do grande final. (...) A ciência que nos pode dar a "imortalidade" é a mesma capaz de nos destruir a todos. Talvez seja melhor investir mais em educação cívica, ética e ambiental e menos no desenvolvimento tecnológico".
José Eduardo Agualusa também
enxerga que podemos estar caminhando para a extinção, pois "A ciência que
nos pode dar a 'imortalidade' é a mesma capaz de nos destruir a
todos." Ou seja, é a mesma capaz de provocar o que há quem chame de apocalipse.
Por quê? Porque, negligenciando a necessidade de progredir em vários campos e
não apenas no científico, fascinada pelo progresso neste campo, a dita espécie
inteligente do universo valida uma afirmação feita em 1957 pelo filósofo alemão
Gunther Anders (1902 – 1992): "O fascínio pelo progresso nos faz
cegos para o apocalipse."
Apocalipse do qual talvez nos seja possível escapar se seguirmos o
que diz Agalusa na frase final do trecho de seu artigo reproduzido no segundo
parágrafo acima: "Talvez seja melhor investir mais em
educação cívica, ética e ambiental e menos no desenvolvimento tecnológico". Ou seja, investir mais em outros campos de
progresso – educação cívica, ética e
ambiental – e menos no desenvolvimento
tecnológico, pois substituindo "progresso" por
"desenvolvimento tecnológico" (até porque a maioria, equivocadamente,
acredita que sejam a mesma coisa) a frase de Gunther Anders permanece igualmente
válida: "O fascínio pelo desenvolvimento tecnológico nos faz cegos para o apocalipse."
E de associação em
associação, o método das associações sucessivas leva-me a associar a afirmação
de Gunther Anders com as seguintes palavras de Sri Prem Baba.
"Mas esse materialismo é o que tem impedido a nossa evolução, não somente espiritual, mas também material! Porque, dessa maneira, estamos nos tornando cada vez mais cegos e ignorantes em relação ao nosso próprio poder."
"Estamos nos tornando cada vez mais cegos e ignorantes em relação ao
nosso próprio poder", diz Prem Baba. Ao nosso próprio poder de, "por
meio da ciência, sermos capazes de nos destruir a todos (poderíamos chamar isto
de apocalipse?)", conforme palavras de Agualusa já citadas nesta postagem.
Mas as associações com afirmações feitas por Prem Baba param por aqui e o parágrafo acima é mais uma passagem do texto de Sri Prem Baba que
faz-me lembrar algo que li.
Sim, "Estamos nos tornando cada vez mais cegos e ignorantes em relação ao
nosso próprio poder", diz Prem Baba. Ao nosso próprio poder de, "por
meio da ciência, sermos capazes de nos destruir a todos (poderíamos chamar isto
de apocalipse?)", conforme palavras de Agualusa já citadas nesta postagem.
Mas as associações com afirmações de Prem Baba não param por aqui e o parágrafo abaixo é mais um a fazer-me lembrar algo que li.
"A teoria que considera o universo como o produto de um acidente cósmico (o Big Bang) sustenta a visão materialista de que não existe um propósito para a vida. Se somos produto de um acidente, estamos aqui por acaso. E se estamos aqui por acaso, não há um propósito para a nossa existência. Essa ideia, porém, decorre da nossa capacidade de explicar, através dos métodos científicos, o que está por trás do mistério da criação. E isso é o que nos leva a negar o espírito e a acreditar que não existe nada além do corpo e da matéria."
Ao dizer que "Se estamos aqui por acaso, não há um propósito para
a nossa existência e que essa ideia decorre da nossa capacidade de explicar,
através dos métodos científicos, o que está por trás do mistério da criação", Prem Baba faz-me lembrar uma passagem de O homem esse desconhecido, um livro de
Alexis Carrel, reproduzida pelos três próximos parágrafos.
"A civilização moderna encontra-se em má posição porque não nos convém. Foi construída sem conhecimento da nossa verdadeira natureza. Deve-se ao capricho das descobertas científicas, do apetite dos homens, das suas ilusões, das suas teorias e dos seus desejos. Apesar de ter sido edificada por nós, não foi feita à nossa medida.
Na verdade, é evidente que a ciência não seguiu nenhum plano. Desenvolveu-se ao acaso, com o nascimento de alguns homens de gênio, a forma do seu espírito e o caminho que tomou a sua curiosidade. Não se inspirou de modo nenhum no desejo de melhorar o estado dos seres humanos. As descobertas produziram-se ao sabor da intuição dos cientistas e das circunstâncias mais ou menos fortuitas das suas carreiras.
Se Galileu, Newton ou Lavoisier tivessem aplicado os poderes do seu espírito ao estudo do corpo e da consciência, talvez o nosso mundo fosse diferente do que é hoje. Os cientistas ignoram para onde vão. São guiados pelo acaso, por raciocínios sutis, por uma espécie de clarividência. Cada um deles é um mundo à parte, governado pelas suas próprias leis. De tempos a tempos, certas coisas, obscuras para os outros, tornam-se claras para eles. Em geral, as descobertas são feitas sem nenhuma revisão das consequências. Mas a forma da nossa civilização resultou dessas consequências."
Consequências
das quais o que resultou foi uma civilização que Alexis Carrel chamou Civilização Construída ao Acaso. Até
porque, segundo o autor de O homem esse desconhecido, "A
civilização não tem como finalidade o progresso das máquinas, mas, sim o do
homem.". Progresso do homem, eis a finalidade da civilização! Progresso que
para ser alcançado tem como condição imprescindível o que é dito nas palavras finais
do texto de Sri Prem Baba: "ter acesso ao propósito da vida".
Partindo
de um texto de Sri Prem Baba, esta
postagem "costura" uma série de reflexões embasadas em afirmações de Teilhard
de Chardin, Vaclav Havel, José Eduardo Agualusa, Gunther Anders e Alexis Carrel,
(indivíduos de diferentes áreas de conhecimento e de diferentes épocas), nas
quais enxergo afinidades com o que é dito em um texto que preconiza a
necessidade de se "ter
acesso ao propósito da vida". Será
que essa turma toda está equivocada em relação ao que é dito nesta postagem? Ou
será que somos nós que estamos equivocados ao sermos negligentes quanto à imprescindibilidade
de se "ter acesso ao propósito da vida"? O que vocês acham?
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