Em
reportagem-entrevista intitulada Abaixo a competição publicada na edição de janeiro de 2014 da revista Exame (e reproduzida neste blog em postagem homônima, em 19 de
fevereiro de 2015) foi citado o lançamento, naquele ano, do segundo livro do
entrevistado - Simon Sinek. Intitulado Leaders Eat Last (em tradução
literal, Líderes comem por último), segundo
a reportagem, ainda não havia previsão de publicação no Brasil. Dois anos e
meio depois, uma nova reportagem-entrevista com Simon Sinek é publicada, desta
vez na revista Você s/a, em sua
edição de julho de 2016. Produzida por Elisa Tozzi e intitulada É preciso coragem, nela é anunciado o
lançamento, no Brasil, do referido livro. Reproduzida abaixo, segundo minha insuspeita opinião, creio que vale a
pena ler a reportagem de Elisa.
É preciso coragem
Ser um líder inspirador
depende de inúmeros fatores. Mas um deles, segundo o inglês Simon Sinek, é
importantíssimo: a valentia para proteger as equipes e para arriscar quando
necessário
Qual o principal requisito de uma liderança
inspiradora? Essa é uma pergunta que gera muitas respostas. E o inglês Simon
Sinek, especialista em gestão e palestrante aclamado do TED, encontrou uma
palavra satisfatória: coragem. Para ele, o que faz com que os profissionais
sejam vistos como excelentes líderes é a capacidade de proteger as equipes e a
ousadia para arriscar. Simon está lançando no Brasil o livro Líderes Se
Servem por Último (44,90 reais, HSM) – e a metáfora do título explica exatamente o que
ele acredita ser o grande papel de um bom gestor de pessoas: desenvolver os
times, fazendo com que os subordinados sejam os primeiros a "se alimentar".
Só assim os profissionais conseguem ter força para produzir e motivação para
trabalhar.
A sua teoria de liderança diz que grandes
líderes colocam os interesses dos times em primeiro lugar e "comem por último". Por que essa atitude é
importante?
A metáfora "os líderes comem por
último" se relaciona com a dos pais, que sempre alimentam as crianças
primeiro – não porque leram isso em um livro, não porque foram ensinados,
simplesmente porque usam o instinto paterno ou materno. Esse instinto de cuidar
de pessoas que dependem de você pode ser aplicado à liderança. Liderar não é
sobre estar no comando. É sobre cuidar das pessoas que estão sob o seu comando.
Essa é a verdadeira liderança. Os líderes que comem por último até poderiam
comer primeiro, pois o cargo permite. Eles poderiam, também, conseguir regalias
e vantagens por conta da posição que ocupam. Mas não fazem isso. Os verdadeiros
líderes preferem sacrificar seus interesses para cuidar da vida das pessoas que
fazem parte de sua equipe – e nunca sacrificam a vida do time para cuidar de
seus próprios interesses. Eles escolhem comer por último por uma questão de
honestidade e lealdade. Os líderes são aqueles que protegem. E, quando as
pessoas se sentem seguras, elas transmitem essa segurança para os colegas,
clientes e consumidores.
Seu livro mostra a evolução da liderança do
Período Paleolítico até os dias de hoje. Como eram os líderes do tempo das
cavernas?
O que faz com que alguém seja um líder no
Período Paleolítico e hoje é exatamente a mesma coisa. O que evolui são as
condições em que operamos. No Paleolítico, vivíamos em cavernas em tribos que
tinham entre 100 e 150 pessoas. Nossos líderes eram homens fortes e grandes – e
havia os homens-alfa. Naquela época, a questão era sobreviver. Os homens mais
fortes, os "alfas", eram capazes de suportar cargas pesadas, encontrar
alimentos e proteger a tribo do perigo. Por conta disso, eles tinham o
privilégio de possuir a primeira escolha de carne da tribo (para se sentirem
mais fortes e continuar caçando) e a primeira escolha da companheira que
gostariam de ter (para garantir que os melhores genes fossem perpetuados).
Eles tinham esses privilégios porque cuidavam bem da tribo?
Havia um código antropológico do que
significava liderar no Paleolítico, que é o mesmo até hoje: os liderados
permitem um tratamento preferencial para o líder. Mas isso tem um custo, o
líder tem que agir de acordo com o interesse coletivo. Se os liderados dão ao
líder todos os benefícios e ele não os protege do perigo, não é um líder de
verdade. A liderança é um serviço. Serviço vem com sacrifício. Se não há
sacrifício, não há serviço, nem liderança.
Que características transformam alguém em um líder excepcional?
O requisito para ser um líder não é ter visão
ou carisma. É ter coragem. Liderar significa que temos que dar o primeiro
passo, que temos que colocar a corda no pescoço para defender aquilo em que
acreditamos. Todos os bons líderes são corajosos, e coragem não é algo que,
miraculosamente, surge dentro de você. Nossa coragem vem da coragem dos outros,
daqueles que fizeram algo antes de nós e que nos olham nos olhos e dizem:
"Eu acredito em você. Você consegue fazer isso". Características como
egocentrismo e ganância acabam com o significado da palavra liderar. A
liderança é sobre cuidar das pessoas pelas quais você é responsável. Aqueles
que se esquecem disso não são líderes, são simplesmente autoridades que mandam
usando ferramentas como medo ou a necessidade que o empregado tem de manter
aquele trabalho. Mas nós não seguimos esses profissionais. Nós seguimos os bons
líderes não porque precisamos, mas porque queremos.
"Nós seguimos os bons líderes não porque
precisamos, mas porque queremos"
Quais as diferenças entre gerentes e líderes?
Gerentes se preocupam com melhorias. Líderes
se preocupam com saltos à frente. Gerentes se concentram em sistemas, métricas,
processos e resultados. Líderes mantêm o foco na percepção de como as ações do
time influenciam nos resultados. Gerentes olham para os números. Líderes olham
para o "nós". Todos os gerentes de métricas têm a oportunidade de se
tornar líderes de pessoas.
O Brasil está enfrentando uma crise econômica
e, ao mesmo tempo, uma crise de liderança institucional. Nas empresas, o que os
líderes precisam fazer para combater a descrença de seus times?
Se tornar líderes melhores. Liderança não é
uma campanha de marketing. Não se trata de convencer as pessoas, mas de cuidar
das pessoas. Liderança não é sobre enviar uma mensagem. É sobre a mensagem em
si. Pense no Dr. Martin Luther King: 250 000 pessoas foram ouvi-lo falar de
perto. Não houve lembretes por e-mail, campanha no Facebook ou hashtags para
atrair essa multidão. Todos eles se reuniram porque tinham algo em comum –
acreditar em uma América em que as leis deveriam ser iguais para todos,
independentemente de cor da pele, de religião ou classe econômica. Dr. King foi
capaz de criar um movimento forte em um momento de crise porque não ficou
parado esperando por um futuro melhor. Ele não fez o discurso do "Eu tenho
um plano". Ele fez o discurso do "Eu tenho um sonho" e transformou
em palavras o que ansiava. Com isso, Dr. King nos deu um mundo do qual
poderíamos fazer parte e no qual poderíamos contribuir. Ele não quis tentar
provar como poderia resolver tudo sozinho. Ele criou as condições (e o desejo)
para que nós fizéssemos isso juntos, ao lado dele.
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Liderança! Eis algo sobre o qual uma
infinidade de livros e de artigos já foi escrita; uma infinidade de palestras,
seminários e cursos já foi dada, ou melhor, vendida; e sobre o qual a imensa
maioria da dita espécie inteligente do universo pouco ou nada entende. Por que tal
acontece? Porque pouco ou nada adianta ler ou ouvir sobre determinado assunto se
a leitura e a escuta não forem seguidas de proveitosas reflexões.
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