Dia 8 de março de
2005. Pela primeira vez tive a ideia de enviar um e-mail alusivo ao Dia
Internacional da Mulher para algumas colegas de trabalho. Um e-mail contendo
apenas três frases onde eu as parabenizava por aquele dia, dizia que elas eram
grandes representantes das homenageadas naquele dia e que a presença delas tornava
mais agradável o ambiente de trabalho.
A partir daquele dia,
incluí entre os meus hábitos o envio de um e-mail alusivo ao Dia Internacional da Mulher. Porém, já a
partir do ano seguinte, aquele e-mail singelo com o qual eu começara, foi
transformado em mensagens mais elaboradas. Mensagens focalizando coisas dentre
as quais algumas são citadas abaixo.
O reconhecimento da
desigualdade de direitos a que as mulheres são submetidas e, consequentemente,
o reconhecimento da legitimidade de sua reivindicação de igualdade. A ideia de
que, ao contrário do que a maioria pensa (sic), igualdade de direitos não é apenas o
direito de um gênero cometer erros iguais aos que são cometidos pelo outro. O alerta para o fato de que ocupar o lugar
dos homens, mas continuar fazendo as mesmas coisas que eles fazem e da mesma
forma que eles apenas querendo demonstrar que são melhores executoras, jamais
possibilitará mudar - para melhor – esta insana sociedade. A
imprescindibilidade da participação da mulher, se realmente houver interesse em
tornar esta civilização (sic) algo que faça jus a tal denominação. Participação
que terá que se dar na condição original de mulher, ou seja, preservando o
ideal feminino - caracterizado pela paz,
fraternidade, sensibilidade, intuição,
compreensão, tolerância e compaixão -, e não na condição de seres que para
competir com os homens acabam assemelhando-se a eles.
A partir de 2012, ao
perceber que no blog (criado em fevereiro de 2011) a mensagem também passaria a
ser lida por homens, resolvi enviar as mensagens também para a ala masculina da
minha lista de destinatários. E como resultado de tal percepção nova mudança
ocorreu na elaboração das mensagens. Lida também por homens, uma mensagem sobre
o Dia Internacional da Mulher, no meu
entender, passa a ter mais uma finalidade: conclamá-los a participarem do
estabelecimento da igualdade de direitos reivindicada por elas.
Em conformidade com o
que é dito até aqui, principalmente no final do parágrafo anterior, a ideia
espalhada por este blog na mensagem publicada no ano passado foi uma conclamação
para apoiar a campanha HeForShe. A deste ano, resgatando um trecho da mensagem
enviada, apenas para as mulheres, em 2009, traz um forte argumento para que os
homens revejam sua pretensão de considerarem-se mais importantes do que as
mulheres e reflitam sobre a sua adesão ao estabelecimento da igualdade de
direitos por elas justamente reivindicado. Segue o referido trecho:
"Conforme disse Antoine de Saint-Exupéry, autor do 'Pequeno Príncipe': 'Todas as pessoas grandes foram um dia crianças. Pena que sejam poucas as que se lembram disso'. Fazendo uma paráfrase: 'Todos os homens grandes foram um dia hóspedes do ventre de uma mulher. Pena que sejam poucos os que se lembram disso'. Aqueles que lembram, jamais conseguirão viver longe de mulheres e deixar de tratá-las com dignidade e igualdade."
Considerando que, por
ser o seu ventre a porta de entrada nesta dimensão, o direito de nela nascer é,
em última análise, uma concessão dada pela mulher, será que faz algum sentido
os homens considerarem-se merecedores de mais direitos do que as mulheres? Em
outras palavras: se o nascimento de cada um deles, em última análise, depende
do consentimento de uma delas, será que faz sentido eles julgarem-se com mais
direitos do que elas? O que vocês acham?
E é ainda na mensagem
de 2009 que vou buscar o seguinte trecho:
"(...) um episódio da vida do papa João Paulo II, quando elogiando a obra de Nicolau Copérnico, numa espécie de mea-culpa, criticou o abismo que cavamos entre a ciência e a religião assim se pronunciando: 'Separar esses dois elementos – fé e razão – foi uma grande tragédia humana!'. Episódio que me leva a fazer mais uma paráfrase: 'Separar esses dois elementos – homem e mulher –, como seres opostos, foi uma grande tragédia humana!'"
Paráfrase que me faz lembrar a seguinte
afirmação de D. H. Lawrence: "O futuro da humanidade
não será decidido pelas relações entre nações, mas pelas relações entre homens
e mulheres.".
Será que diante de tudo o que é dito acima faz
algum sentido deixarmos de nos empenhar no estabelecimento da igualdade de
direitos para os dois gêneros? Será que faz sentido usarmos esta data
comemorativa também como uma data reflexiva sobre tal questão? Afinal, a criação
desta data, que com o passar do tempo foi tornada comemorativa, foi provocada,
exatamente, pela desigualdade que sempre houve entre os direitos dos dois
gêneros.
Interessante! A cada ano que passa, procuro
olhar para esta data sob um novo ponto de vista! E cada novo ponto de vista tem
provocado em mim novas reflexões! Todas apontando para a imprescindibilidade da
igualdade de direitos para os dois gêneros, pois igualdade de direitos para
homens e mulheres (usando por empréstimo aquela propaganda do Banco do Brasil) é
"bom pra todos".
Portanto, creio que fique cada vez mais
difícil discordar da afirmação de D. H. Lawrence: "O futuro da humanidade não será decidido pelas relações entre nações,
mas pelas relações entre homens e mulheres.". E, consequentemente, que seja
cada vez mais imprescindível, e urgente, nos empenharmos no estabelecimento da igualdade
de direitos entre eles e elas. E vocês, o que acham?
Nenhum comentário:
Postar um comentário