"A humanidade não é ruim está apenas
desinformada.". Copiada de uma propaganda do primeiro filme da série X-Men (a cópia da propaganda pode ser vista no final da postagem), e lembrada por mim neste período do ano, essa frase
leva-me a enxergar como agentes de desinformação os tradicionais pedidos e
desejos feitos e distribuídos prodigamente sempre que uma dessas unidades de
tempo denominadas ano chega ao seu final.
Há quase um mês sem
publicar uma postagem, esta não seria a próxima ideia a ser espalhada, porém, provocado
por algumas demonstrações do sucesso ainda alcançado pelos pedidos e desejos citados
no parágrafo anterior não resisti à tentação e acabei resolvendo, de última
hora, manifestar-me por meio desta postagem que, de certa (ou errada) forma, trafega
na contramão do modo como a maioria (sempre ela!) enxerga a chegada de um novo
ano.
E desinformada a
humanidade segue ano após ano, década após década insistindo em desejos
irrealizáveis e em pedidos que nenhum novo ano conseguirá atender,
pois são coisas que simplesmente vão de encontro às leis naturais da vida.
Será que basta pedir que o novo ano traga o que pretendemos para que as nossas
pretensões sejam atendidas? No meu entender, não. Será que basta desejar a
alguém que o próximo ano seja melhor do que o anterior para que tal aconteça? Creio
que não.
E passando de um filme
a outro, cito aqui uma passagem de A Volta do Todo Poderoso. Passagem na qual, com
a intenção de fazer a esposa de Noé refletir sobre o pedido que lhe fizera para
que sua família fosse mais unida após a mudança para a nova casa, Deus lhe faz
alguns questionamentos que a deixam bastante pensativa. Questionamentos
transcritos a seguir.
- Deixa eu fazer algumas perguntas.- Se alguém rezar pedindo paciência acha que Deus dará paciência?- Ou Deus dará a oportunidade de ser paciente?
- Se pedimos coragem, Deus nos dará coragem ou a oportunidade de sermos corajosos?- Se alguém pede que a família seja mais unida, acha que Deus une a família com amor e alegria?
- Ou dá eles a oportunidade de se amarem?
Questionamentos que considero muito sugestivos para a elaboração
de analogias com os pedidos feitos pela maioria a cada final de ano. Será que a
um pedido para que o novo ano traga o que pretendemos, ele nos trará o que
pedimos ou nos dará a oportunidade de atuar no sentido de obter o que queremos?
Será que o desejo correto é que o novo ano seja melhor do que o
anterior para nós (e para aqueles a quem estendermos esse desejo) ou que no
novo ano nós sejamos melhores do que no ano anterior. Mais do que um jogo de
palavras, a frase anterior é um questionamento sobre o modo como estamos jogando
esse jogo chamado vida. Questionar, eis o caminho para solucionar qualquer
problema que aflige a humanidade.
"Nenhuma
sociedade que esquece a arte de questionar pode esperar encontrar respostas
para os problemas que a afligem", diz o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925,
90 anos).
Nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar pode esperar
que a maioria de seus integrantes deixe de passar todos os finais de ano
fazendo os mesmos pedidos e expressando os mesmos desejos que não surtiram o
efeito esperado em todos os anos anteriores, digo eu. E vocês, o que dizem?
Quais são os seus pedidos de final de ano? O que vocês desejam para si mesmos e
para aqueles a quem vocês expressam os seus desejos?
"A humanidade não
é ruim está apenas desinformada.", mas o fato é que por ser desinformada
ela acaba sendo também ruim. Portanto, o que lhes desejo neste final de ano é
que a leitura desta postagem possa estimulá-los a refletir sobre o que nela
leram. Será que as palavras de Deus para a esposa de Noé e a afirmação de
Zygmunt Bauman podem ser consideradas capazes de colaborar para a diminuição do
grau de desinformação que em que sobrevive a humanidade e consequentemente na diminuição
do grau de ruindade que nela existe? O que vocês acham? A esposa de Noé ficou bastante pensativa!
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