"Tantos tentam
salvar o mundo e ele continua insistentemente cada dia mais perto da destruição
das condições de vida humana. (...) O engano está exatamente no foco em providências objetivas. (...) Só com o
conhecimento da subjetividade seremos capazes de reverter o sentido que temos dado ao
nosso "impulso evolutivo". Só mergulhando mais fundo em nós mesmos do
que as raízes do comportamento destrutivo, poderemos inverter o processo."
Composto apenas de trechos extraídos do final da
postagem anterior, o parágrafo acima tem a intenção de chamar atenção para a
afinidade entre algumas ideias de Pedro Tornaghi e as de Rüdiger Dahlke escolhidas
para serem espalhadas por este blog. Ideias externadas por Dahlke no texto usado
como apresentação em seu livro "Qual é a Doença do Mundo? - Os mitos modernos
ameaçam o nosso futuro", publicado, no Brasil, pela editora Cultrix.
Os mitos do progresso ameaçam o nosso futuro
Tudo vai melhorar se a gente se esforçar
bastante. É mais ou menos assim que muitos exprimem sua esperança. E não deixa
de ser esse o credo que os responsáveis pela economia e a política insistem em
nos transmitir: se a economia crescer, tudo vai dar certo e o futuro que nos
espera será cor-de-rosa; com o aumento do produto interno bruto, será possível
financiar as melhoras necessárias; o livre mercado resolverá por si só todos os
problemas - contanto que nos empenhemos e procuremos avançar juntos.
Mas aonde leva esse progresso? Eis uma
pergunta que um número crescente de seres humanos faz a si mesmo ao perceber
que a mudança cada vez mais rápida não atende aos interesses da grande maioria.
O mito de um progresso que, sobretudo, faz bem passou a ser um tema frequente
de discussão, e o mesmo ocorre com o mito das vantagens do livre mercado. É
evidente que o progresso e o livre mercado mais abrem feridas do que ajudam a
superar as dificuldades e criar novas perspectivas.
Via de regra, a esperança de generalizada
melhora não se confirma, por maior que seja o fervor com que a promovem os
devotos do progresso. É preciso um esforço ainda maior, ouvem dizer os céticos
- conforme o surrado modelo "sempre dar mais de si", desmascarado por
Paul Watzlawick. Geralmente, não se resolve nenhuma situação problemática
aplicando ainda mais esforço do mesmo tipo. Com "sempre dar mais de
si", não se solucionou um único problema fundamental. Quando muito, essa
"estratégia" leva à escalada e ao colapso para um novo recomeço.
Para eliminar os mitos modernos, é necessário
analisar mais exatamente os diversos fenômenos sociais e econômicos e seus
efeitos sobre o indivíduo e sobre o conjunto da humanidade do ponto de vista
espiritual, psicossomático e também social. Aliás, nesse aspecto, e sobretudo
no que se refere às respostas essenciais às questões de significado humano,
cada um de nós deve avaliar todos os fenômenos da vida cotidiana. Esse ponto de
vista pode parecer estranho, já que vivemos em um mundo bastante alienado, para
empregar uma expressão de Karl Marx.
Devido à sua própria natureza, a indústria e a
economia pouco se interessam pela relação entre os fenômenos sociais e a
situação espiritual. Seus objetivos são os índices de crescimento e o lucro, e,
como a indústria e a economia dominam a nossa sociedade, todos os outros
interesses e perspectivas da vida têm papel secundário. A mídia pouco fala
neles, e, para nós, o que a mídia deixa de lado é como se não tivesse
acontecido.
No entanto, fala-se muito em mudança de
paradigmas. Na física e na matemática, faz tempo que ela já ocorreu; nas outras
disciplinas, sobretudo nas ciências do espírito e da sociedade, ainda está por
se verificar. Portanto, a antiga visão de mundo das ciências naturais, com sua
noção de causalidade, continua definindo a nossa realidade. As velhas ciências
naturais nos ensinam a procurar causas exclusivamente no passado. E essa
obsoleta noção de mundo geralmente despreza as consequências sobre o futuro,
principalmente quando elas são pouco edificantes. Contudo, já está passando da
hora de colocar no nosso campo visual a causa finalis, a causa com
efeito no futuro, da qual já falava Aristóteles: em busca de uma nova concepção
de mundo eivada do conhecimento da sincronia.
Importante, nesse caminho, é o entendimento
básico dos fenômenos sociais e ecológicos, tal como hoje se nos apresentam com
toda a nitidez. A palavra grega óikos significa pátria. Ecologia seria,
pois, o estudo do nosso planeta Terra. Só se passarmos a concebê-lo como a
nossa única pátria e a compreender, em suas regras, as sociedades nele
existentes é que conseguiremos perceber por que as esperanças unilaterais de
progresso que constantemente nos inculcam nada têm de realistas.
Um de meus desejos é mostrar nas páginas
seguintes quais são os erros fundamentais do sistema (de pensamento)
convencional e quais os mitos modernos que nos entranham cada vez mais em
velhos e novos becos sem saída. E, assim, espero deixar claro por que é preciso
tomar um outro rumo caso ainda queiramos salvar o nosso planeta-pátria.
*************
Por que os mitos do progresso ameaçam o nosso
futuro? Porque são verdadeiros exemplos de uso do equivocado foco apontado por Pedro
Tornaghi: o foco em providências objetivas. O parágrafo abaixo, elaborado exclusivamente
com trechos do texto apresentado acima, tem a intenção de evidenciar a
afinidade entre as ideias de Tornaghi e de Rüdiger Dahlke.
"Tudo vai melhorar se a gente se esforçar bastante. (...) se a economia crescer, tudo vai dar certo e o futuro que nos espera será cor-de-rosa; com o aumento do produto interno bruto, será possível financiar as melhoras necessárias; o livre mercado resolverá por si só todos os problemas - contanto que nos empenhemos e procuremos avançar juntos. (...) É preciso um esforço ainda maior, ouvem dizer os céticos - conforme o surrado modelo 'sempre dar mais de si', desmascarado por Paul Watzlawick. Geralmente, não se resolve nenhuma situação problemática aplicando ainda mais esforço do mesmo tipo. Com 'sempre dar mais de si', não se solucionou um único problema fundamental. Quando muito, essa 'estratégia' leva à escalada e ao colapso para um novo recomeço."
"Com 'sempre dar mais de si', não se
solucionou um único problema fundamental", diz Dahlke. E jamais se solucionará,
digo eu, pois solucionar um problema fundamental
é algo que só é possível após se chegar à causa fundamental. Causa essa que talvez seja única para todos os
problemas fundamentais deste planeta: o equivocado comportamento do homem. Conserte-se
o homem e o mundo estará consertado, eis a ideia passada em O homem como o centro do Universo,
espalhada por este blog em 21 de outubro de 2011.
E uma vez admitido que a causa fundamental única
é o comportamento do homem, o que nos resta é por em prática a seguinte
afirmação de Pedro Tornaghi: "Só com o conhecimento da subjetividade seremos capazes de
reverter o sentido que temos dado ao nosso "impulso evolutivo". Só
mergulhando mais fundo em nós mesmos do que as raízes do comportamento
destrutivo, poderemos inverter o processo.".
"Reverter o sentido que temos dado ao
nosso 'impulso evolutivo'", diz Tornaghi. "Um de meus desejos é
mostrar (...) quais são os erros fundamentais do sistema (de pensamento)
convencional e quais os mitos modernos que nos entranham cada vez mais em
velhos e novos becos sem saída. E, assim, espero deixar claro por que é preciso
tomar um outro rumo caso ainda queiramos salvar o nosso planeta-pátria.",
diz Dahlke como encerramento do texto usado como introdução em seu livro.
Reverter o sentido que temos dado ao nosso
"impulso evolutivo", pois é preciso tomar um outro rumo caso ainda
queiramos salvar o nosso planeta-pátria.", eis a junção das palavras de Tornaghi
e de Dahlke. Faz sentido para vocês? Por onde vocês acreditam que deverá passar
o outro rumo sugerido por Dahlke? Eu (e creio que também Tornaghi, quando sugere
a mudança interna), acredito que seja pelo interior do ser humano. E vocês?
"É evidente que o progresso e o livre
mercado mais abrem feridas do que ajudam a superar as dificuldades e criar
novas perspectivas.", afirma Dahlke. Ou seja, são mitos que (para o bem de
todos e felicidade geral da nação, digo, do planeta) precisam ser eliminados,
mas cuja eliminação só ocorrerá se conseguirmos perceber que as esperanças
unilaterais de progresso que constantemente nos inculcam nada têm de realistas.
Isso faz sentido para vocês? Espero que sim. Afinal, por mais que a imensa
maioria demonstre não perceber, a probabilidade de salvação da parte (cada um
de nós) é diretamente proporcional a probabilidade de salvação do todo. E aqui o
todo é o que Dahlke denomina o nosso planeta-pátria.
Planeta-pátria que, por meio de oito vídeos com
duração de no máximo dois minutos, produzidos por Conservation International e que podem ser vistos no You Tube buscando "A Natureza Está Falando", nos
adverte sobre as ameaças que pairam sobre a continuidade da incauta espécie
humana como inquilina de um espaço que insiste em não aprender a preservar.
Será que tais vídeos têm alguma coisa a ver com a afirmação de que os mitos do progresso ameaçam o nosso futuro?
Será que vale a pena assisti-los? Será só
imaginação? Será que nada vai
acontecer? E depois de lembrar duas frases da bela música da Legião Urbana, segue uma terceira que,
no meu entender, tem tudo a ver com o futuro da espécie humana neste planeta,
caso não consiga livrar-se da persistência em seu equivocado comportamento. Nos perderemos entre monstros da nossa
própria criação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário