Interrompendo a sequência de postagens
provocadas pela anterior, segue uma postagem inspirada pela passagem de uma
data comemorativa: O Dia do Amigo. E com
a intenção de tirar bom proveito desta data que considero significativa, mais
uma vez recorro a algo que classifico como uma fonte inesgotável de "alimentos"
saudáveis para o espírito: o livro O
Profeta.
De autoria de Gibran Khalil Gibran, o livro narra
o dia em que, após viver doze anos em uma cidade, um profeta aguarda a chegada
do navio que o levará de volta à ilha onde nascera. Diante de sua iminente partida
as pessoas lhe pedem: "antes de nos deixares, fala-nos e dá-nos algo de
tua verdade. (...) conta-nos o que te foi dado descobrir do que existe entre o
nascimento e a morte. E ele respondeu: 'Povo de Orphalese, de que poderia
falar-vos senão do que está agora se movendo dentro de vossas almas?'"
Surgem então vários pedidos para que ele lhes
fale sobre determinados assuntos. O primeiro é para que ele lhes fale do amor.
Seguem-se pedidos para que lhes fale de matrimônio, filhos, dádiva, comer e
beber, trabalho, alegria e tristeza, habitações, roupas, compras e vendas etc. Na sequência de pedidos, "um adolescente disse: 'Fala-nos da amizade.'".
E atendendo seu pedido o profeta dá a aula de sabedoria apresentada abaixo.
"E um adolescente disse: "Fala-nos da amizade."
E ele respondeu, dizendo:
"Vosso amigo é a satisfação de vossas necessidades.Ele é o campo que semeais com carinho e ceifais com agradecimento.É vossa mesa e vossa lareira.
Pois ides a ele com vossa fome e o procurais em busca de paz.
Quando vosso amigo expressa seu pensamento, não temais o 'não' de vossa própria opinião, nem prendais o 'sim'.E quando ele se cala, que vosso coração continue a ouvir o seu coração,Porque na amizade, todos os desejos, ideais, esperanças, nascem e são partilhados, numa alegria silenciosa.
Quando vos separais de vosso amigo, não vos aflijais.
Pois o que amais nele pode tornar-se mais claro na sua ausência, como para o alpinista a montanha aparece mais clara, vista da planície.E que não haja outra finalidade na amizade a não ser o amadurecimento do espírito.Pois o amor que procura outra coisa a não ser a revelação de seu próprio mistério não é amor, mas uma rede armada, e somente o inaproveitável é nela apanhado.
E que o melhor de vós próprios seja para vosso amigo.
Se ele deve conhecer o fluxo de vossa maré, que conheça também o seu refluxo.Pois, que achais seja vosso amigo para que o procureis somente a fim de matar o tempo?Procurai-o sempre com horas para viver:
O papel do amigo é de encher vossa necessidade, não vosso vazio.
E na doçura da amizade, que haja risos e o partilhar dos prazeres.Pois no orvalho de pequenas coisas, o coração encontra sua manhã e sente-se refrescado."
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Provocada pela
anterior ela não foi, mas será que esta postagem nada tem a ver com ela (a
anterior)? Será que colocar-se no lugar do outro não é uma prática habitual
entre verdadeiros amigos? O que vocês acham?
Li O Profeta
pela primeira vez no início da década de 1980, levado pela descoberta de ser
dele um texto falando sobre os filhos apresentado em um dos encontros de uma
série intitulada Escola de Pais, realizada no colégio onde meus filhos
estudavam. E ao lê-lo descobri que não só aquele, mas todos os textos do livro
eram simplesmente maravilhosos. De lá para cá não sei quantas vezes o li, pois até
no local de trabalho eu tinha um exemplar para abrir até mesmo ao acaso e ler a
página que surgisse. O motivo para lê-lo tantas vezes talvez possa ser
explicado pelo parágrafo abaixo.
"Ao
lê-lo e relê-lo, o leitor sente-se transportado nas asas da poesia e da fé a um
mundo encantado, porém, real, onde sabe que não poderá viver, mas aonde gosta
de voltar de vez em quando, como gostamos de visitar os cumes das montanhas
para renovar-nos e revigorar-nos, embora saibamos que não poderemos permanecer
nestas alturas."
O parágrafo acima foi extraído da apresentação
feita por Mansour Challita para uma edição de bolso publicada pela BUP – Biblioteca Universal Popular. Uma
apresentação que Challita intitulou Este
é mais do que um livro.
Repetindo algo dito
no primeiro parágrafo, esta é mais uma vez que recorro a essa fonte inesgotável de
"alimentos" saudáveis para o espírito. Para conhecer os "alimentos" já publicados neste blog basta clicar nos
links a seguir: O que é religião? (8 de abril de 2011), E uma mulher
que carregava o filho nos braços disse: "Fala-nos dos filhos"
(7 de junho de 2012), Então, um dos juízes da cidade acercou-se e disse: "Fala-nos do crime e do castigo"
(23 de novembro de 2012).
Para quem quiser apreciar todos os "alimentos" o jeito será adquirir o livro. Para quem,
usando o "pretexto" da passagem do Dia do Amigo, quiser
iniciar uma amizade ou revigorar alguma (s) já existente (s), a sugestão é oferecer
o livro de Khalil Gibran como presente. Um presente valioso. Que vocês tenham
um Feliz Dia do Amigo.
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