Após três postagens inspiradas em uma história
(O Velho Vendedor de Cebolas) protagonizada
por um velho índio, contada em um livro (The
Gospel of the Redman [O Evangelho do Pele Vermelha] publicado há 78 anos e
cujo autor viveu entre os índios, este blog espalha um artigo intitulado "Por que tanta pressa?" publicado, há 4 meses (na edição de 8 de
dezembro de 2013), no jornal Folha de
S.Paulo, em uma coluna assinada por Marcelo Gleiser, um físico brasileiro que vive entre os mestres de algumas renomadas
instituições de ensino e de pesquisas existentes nos EUA. Por que essa sequência
de postagens? Porque a história e o artigo têm muito a ver. Uma antiga história
protagonizada por um velho índio e um artigo recente assinado por um físico
renomado que têm muito a ver?! Será que tal afirmação faz sentido? Parece-lhes
estranho? Então leiam o artigo e confirmem ou não se tal afirmação faz sentido,
ok?
Por que tanta pressa?
Sei que ninguém gosta
muito de pensar em assuntos pesados durante essa época pré-natalina, mas, como
todo momento de reflexão, o fim de ano é sempre propício para darmos uma parada
e analisarmos um pouco como andam as coisas.
A primeira palavra que
me vem em mente quando penso na vida moderna é dispersão. Existe uma competição
constante pela nossa atenção entre os produtores de novas tecnologias, de
comida, de roupas; há uma necessidade crescente de estarmos "ligados" com o que
está acontecendo, e já não basta rádio e televisão; tem que ser pelo Facebook,
pelo Twitter, pelo Google Plus e um bando de outras redes sociais.
Cada instante é
ocupado por algo que vemos numa tela, pequena ou grande. A informação vem em
torrentes incessantes. Se esquecemos nosso celular em casa, é como se
tivéssemos perdido um dedo ou outra parte do corpo. Os celulares tornaram-se
parte integral de nossa existência, um apêndice tecnológico que nos define como
indivíduos. Tornaram-se um vício, como verificamos assim que pousa um avião e
todo mundo se precipita para ligar seu iPhone ou seu Galaxy, como se naquele
voo de 45 minutos a história do mundo tivesse se transformado de forma profunda
e aquele e-mail que mudará a sua vida tivesse finalmente chegado.
Não nos permitimos
mais espaço para a contemplação.
Sei que isso está
parecendo papo de velho, atravancado com os avanços tecnológicos. Mas não é
nada disso; eu mesmo tenho todos os brinquedos tecnológicos que existem e os
uso como todo mundo, com muito prazer. Portanto, essa reflexão é para mim
também, mesmo se digitada em meu laptop.
Muita gente me
pergunta se o tempo está mudando, passando mais rápido. Essa é uma percepção
psicológica da passagem do tempo, que nada tem a ver com a passagem física do
tempo. A duração do dia muda muito lentamente, e muda no sentido inverso,
aumentando e não diminuindo, devido à fricção gravitacional das marés causadas
pelas atrações entre Terra, Lua e Sol.
O tempo está passando
mais rapidamente, ou assim o percebemos, porque cada vez temos menos controle
sobre ele. O ócio é algo que consideramos quase que pecaminoso (esquecendo os pecados
capitais); qualquer brecha de tempo nós enchemos com uma leitura no Twitter, do
Facebook, de e-mail, um videozinho no YouTube, ou um podcast qualquer.
Uma das maiores
vítimas dessa correria moderna é nossa conexão com a natureza.
Na ânsia pela
informação, pouco desviamos os olhos das telas. Olhar para o céu é algo que
raramente fazemos, especialmente nas grandes cidades. Para a maioria das pessoas
a natureza é um conceito, algo que existe lá longe, nas fotos que vemos nas
revistas, ou nos vídeos do YouTube e especiais da TV.
Para resgatarmos nosso
controle sobre o tempo é necessário retornarmos à natureza, criarmos espaço
para a contemplação das formas de vida, das árvores, das flores e animais; é
necessário olharmos para o céu noturno, longe das luzes da cidade. Assim
conseguiremos desacelerar, buscando outro tipo de informação que nos liga ao
que temos de mais essencial: nossa relação com os ciclos e ritmos do Cosmo.
Para resgatarmos nosso controle sobre o tempo, é preciso criar espaço para a contemplação da vida
(Marcelo Gleiser é
professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor de
vários livros. Facebook:goo.gl/93dHI)
*************
"Amo a luz de sol
e o balanço das palmeiras. (...) Amo quando Pedro e Luiz vêm até aqui me dar
bom dia e conversar sobre filhos e plantações", diz o protagonista de O Velho Vendedor de Cebolas.
"Para resgatarmos
nosso controle sobre o tempo é necessário retornarmos à natureza, criarmos
espaço para a contemplação das formas de vida, das árvores, das flores e
animais; é necessário olharmos para o céu noturno, longe das luzes da cidade.
Assim conseguiremos desacelerar, buscando outro tipo de informação que nos liga
ao que temos de mais essencial: nossa relação com os ciclos e ritmos do
Cosmo", diz Marcelo Gleiser.
Ou seja, para
resgatarmos nosso controle sobre o tempo (algo defendido pelo renomado físico)
é necessário retornarmos a práticas seguidas pelo velho índio que protagoniza a
educativa história. Sendo assim, podemos considerar confirmada a afirmação de que
a história O Velho Vendedor de Cebolas e
o artigo "Por que tanta pressa?" têm muito a ver? E será que faz sentido
refletir sobre o que diz Marcelo Gleiser?
Nenhum comentário:
Postar um comentário