"(...) os norte-americanos buscam minimizar, restringir ou negar a interdependência em que se baseia a vida de todas as sociedades humanas. (...) O problema com o individualismo é que, embora não seja imoral, é certamente incorreto. O universo não se apresenta como um conjunto de partículas isoladas, mas sim como um todo interligado. Acreditar que nossos destinos sejam mutuamente independentes pode ser eticamente defensável, mas é algo perfeitamente estúpido. O pensamento individualista desemboca na produção de falsas dicotomias, do tipo 'conformidade x independência', 'altruísmo x egoísmo', 'interiorizado x exteriorizado' etc., todos baseados no absurdo pressuposto de que o indivíduo pode ser encarado isoladamente do meio ambiente a que pertence."
As palavras acima são de Philip Slater, em seu
livro A Busca da Solidão – A Cultura
Americana no Ponto de Ruptura, publicado em 1970. As palavras abaixo são de
Peter M. Senge, em seu livro A Quinta
Disciplina – Arte, teoria e prática da organização de aprendizagem,
publicado em 1990. A
sugestão de compará-las é de Manuel Pinheiro Guedes, em seu blog, no final de
2013.
"Desde a mais tenra idade, nos ensinam a dividir os problemas, a fragmentar o mundo, o que parece ter o dom de facilitar tarefas e questões complexas. Mas o preço que pagamos por isso é enorme, pois deixamos de ver as consequências de nossos atos e perdemos a noção de integração com o todo maior. (...) As técnicas e ideias apresentadas neste livro destroem a ilusão de que o mundo é composto por forças separadas, não relacionadas entre si."
"O universo não
se apresenta como um conjunto de partículas isoladas, mas sim como um todo
interligado.", diz Philip Slater. "As técnicas e ideias apresentadas neste
livro destroem a ilusão de que o mundo é composto por forças separadas, não
relacionadas entre si.", diz Peter Senge.
Algum de vocês não consegue perceber que eles dizem a mesma coisa? E que essa
mesma coisa identifica perfeitamente o raciocínio sistêmico? Raciocínio que
Senge denomina a quinta disciplina. A
quinta da série de cinco necessárias a prática da organização de aprendizagem. A
quinta, pois é a disciplina que integra as outras quatro. A Quinta Disciplina – Arte, teoria e prática da
organização de aprendizagem, eis o título do extraordinário livro de Peter Senge, já
na enésima edição. Slater e
Senge chegam a identificar-se até no uso de palavras. O texto de Slater é intitulado
A Grande Ilusão. Senge, afirma que as
técnicas e ideias apresentadas em seu livro destroem a ilusão citada por
Slater. Mas as semelhanças entre as ideias dos dois não terminam aqui. Leiam e
comparem os dois trechos abaixo.
"No próprio meio familiar, os norte-americanos caracterizam-se pela ideia de que cada membro deve possuir um quarto separado e, sempre que economicamente possível, telefones, televisões e carros separados. Desejamos quantidades maiores de privacidade e, contudo, sentimo-nos alienados e solitários quando as conseguimos.", diz Philip Slater."Desde a mais tenra idade, nos ensinam a dividir os problemas, a fragmentar o mundo, o que parece ter o dom de facilitar tarefas e questões complexas. Mas o preço que pagamos por isso é enorme, pois deixamos de ver as consequências de nossos atos e perdemos a noção de integração com o todo maior.", diz Peter Senge.
Os problemas começam desde a mais tenra
idade e no próprio (ou seria impróprio?) meio familiar. "Mas o preço que pagamos por isso é
enorme, pois deixamos de ver as consequências de nossos atos e perdemos a noção
de integração com o todo maior.", diz Senge. "Desejamos quantidades maiores de
privacidade e, contudo, sentimo-nos alienados e solitários quando as
conseguimos.", diz Slater. Ou seja, como tudo no universo está interligado
é simplesmente impossível escaparmos das consequências da adesão à Grande Ilusão, digo eu. Portanto,
concordo plenamente com Philip Slater quando afirma que "Acreditar que
nossos destinos sejam mutuamente independentes pode ser eticamente defensável,
mas é algo perfeitamente estúpido.
A Grande Ilusão é a
ducentésima quadragésima primeira postagem deste blog que tem como uma de suas
características a postagem de textos que apresentem alguma afinidade com a (s)
anterior (es). Considerando que tudo está interligado, algumas coisas de forma
mais visível e outras menos, A Grande Ilusão tem tudo a ver com a quinta postagem, publicada em 14 de fevereiro
de 2011, com o título O Raciocínio Sistêmico e também com as duas
seguintes: Consequências do desconhecimento do raciocínio sistêmico (16 de fevereiro de 2011) e Considerações finais sobre o raciocínio sistêmico (19 de fevereiro de 2011). O tempo passou e em 26 de julho de
2013, com o título A percepção de que tudo está ligado, surgiu mais uma postagem que tem tudo a ver O Raciocínio Sistêmico. O tempo
continuou passando e há cinco dias foi publicada A Grande Ilusão.
Portanto, considerando que o tempo
jamais deixará de passar, enquanto existir este blog, haverá sempre o risco de
nele ser publicada alguma postagem focalizando o raciocínio sistêmico, pois é
somente por meio da prática de tal raciocínio que algum dia nós conseguiremos
transformar este mundo em algo que faça jus ao termo civilização. Afinal, se
tudo está interligado, as consequências, benéficas ou maléficas, decorrem, e
decorrerão sempre, de todas as ações, e também das omissões, de todos. Sendo
assim, se quisermos que algum dia, nós e / ou nossos descendentes, ainda venhamos
a viver em um mundo melhor, urge que cada um compreenda o raciocínio sistêmico
e o incorpore ao seu modo de viver. E por incorporá-lo ao modo de viver,
entendam por, cada vez mais, aumentar a prática de ações que contribuam para a
construção de um mundo melhor e diminuir a quantidade de ações que produzam o
efeito contrário.
Espalhar
ideias que ajudem a interpretar a vida e provoquem ações para torná-la cada vez
melhor! Já vi essas palavras em algum
lugar! Onde terá sido? No topo deste blog, pois elas descrevem a intenção do
mesmo. Será que está explicada a insistência no espalhamento da
imprescindibilidade da adoção do raciocínio sistêmico? Se acharem que sim, ajudem
a propagar essa ideia, pois, infelizmente, do que maioria ainda gosta mesmo é
de uma grande ilusão. Rou rou rou rou rou...
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