A postagem anterior recebeu um comentário no
blog e dois enviados por e-mail. Todos eles feitos por ex-colegas de trabalho e
eternos amigos. O do blog diz que foi bom
eu relembrar aqueles fatos ocorridos em 2000, pois muita gente que não trabalha
na Petrobras não se lembra e nem se dá conta disso. Dos dois enviados por
e-mail, um elogia a forma que uso para
escrever, a escolha dos assuntos e classifica o texto como perfeito. Mas
foi o outro que me levou a redigir esta postagem, e é por esse motivo que o
reproduzo na íntegra:
"Guedes,você me desculpe, mas a frase "... e 18 dias depois ela entregou ao capital estrangeiro 60% do maior campo petrolífero descoberto no planeta nos últimos 20 anos." está incorreta, pois pela modalidade de partilha, 41,6 % do óleo produzido ficará com o Estado brasileiro. O que ficou com empresas estrangeiras foi 60 % do restante.Além dos 15 bilhões de luvas, que equivalem, se usarmos o preço do barril praticado na capitalização via cessão onerosa, a cerca de 1 bilhão de barris. Ou seja, um bilhão de barris foram pagos adiantados ..."
"Se alguém me
convencer de que estou errado, prazerosamente me corrigirei, pois procuro a
verdade, que nunca prejudicou o homem." Por concordar com essa frase,
atribuída ao imperador Marco Aurélio, parece-me óbvio que eu nada tenho a
desculpar em um comentário que corrige um erro meu. Segundo tal correção, o
percentual do campo de Libra entregue ao capital estrangeiro é bem menor do que
aquele citado por mim, o que parece deixar o meu amigo satisfeito, mas
não a mim, e eu explico.
Saber que o percentual
do campo de Libra entregue ao capital estrangeiro é menor do que aquele citado
por mim, me fez lembrar uma piada contada por Jurandyr Czaczkes, (um antigo
compositor, músico e humorista brasileiro, mais conhecido como Juca Chaves) em
um de seus shows, e que é, mais ou menos, assim:
"Durante uma viagem de avião, um homem vira-se para a atraente mulher que viaja a seu lado e lhe faz a seguinte pergunta:- Por um milhão de dólares, você faria amor comigo?Animada com a proposta, ela responde:- Bem! Por um milhão de dólares!Diante de tal reação, o homem faz a segunda pergunta:- E por cem reais?Então, demonstrando indignação, ela responde:- Você está pensando que eu sou uma prostituta?Ao que ele responde:- Isso já ficou definido na resposta à primeira pergunta. Agora, nós estamos apenas discutindo o preço."
Mas o que tem essa
piada a ver com o assunto envolvendo os dois percentuais? É que tanto na piada
quanto no assunto dos dois percentuais, o fato de ser possível um acordo com base
em valores tão disparatados (em uma comparação entre eles) não impede que as
respectivas transações deixem de ser o que são. Vender o corpo é prostituição,
independentemente do valor que seja pago; entregar exploração de petróleo ao
capital estrangeiro é venda de soberania, independentemente do percentual que
seja entregue.
Há quase um século,
Woodrow Wilson (presidente dos EUA de 1913 a 1921) disse: "A nação que possui
petróleo em seu subsolo e o entrega a outro país para explorar, não zela pelo
seu futuro."
Há quase um mês, Maria
das Graças Foster (atual presidente da Petrobras) disse: "Petróleo é energia e
energia é soberania, por isso motiva o interesse mundial, sem dúvida."
Neste momento, eu (que nunca fui presidente do
que quer que seja), fundamentado no que foi dito pelos dois presidentes citados
acima, digo: a principal utilidade de conhecer o percentual correto de petróleo
a ser entregue para exploração por outro país, que tende a aumentar nos próximos
leilões, devido ao possível acréscimo de vantagens oferecidas com a finalidade
de atrair mais lances (no mais recente houve apenas um), é proporcionar uma
melhor estimativa de em quanto tempo, por meio de entregas parciais, a
soberania e o futuro do País serão, definitivamente, entregues.
Corrigir o
erro da postagem anterior não foi algo difícil; difícil será corrigir as desgraças
oriundas da entrega das riquezas deste País ao capital estrangeiro. "Um
país é possuído e dominado pelo capital que nele se tenha investido.", é mais
uma conhecida afirmação de Woodrow Wilson.
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