domingo, 22 de setembro de 2013

Dia Mundial Sem Carro

País de nascimento de muitas das coisas importantes para a humanidade, foi na França que surgiu, em 1997, o Dia Mundial Sem Carro. "Lembrado" em 22 de setembro, já no ano 2000 ele foi adotado por vários países europeus e desde então, a cada edição, recebe mais adesões de países de todos os continentes. Os objetivos principais de tal data podem ser descritos por três provocações: de reflexões sobre o uso excessivo do carro particular; de revisão da dependência criada em relação a esse tipo de mobilidade (cada vez menos eficiente e mais estressante); de estímulo à busca de alternativas de mobilidade que considerem o uso de transporte coletivo.
A primeira provocação (de reflexões sobre o uso excessivo do carro particular) pode ser justificada pelos inúmeros malefícios provocados pelo uso massivo do carro particular, dentre os quais cito alguns exemplos: poluições, atmosférica e sonora, e doenças delas decorrentes; perda cada vez maior de tempo em congestionamentos capazes de desencadear uma série de males que começa com irritabilidade, pode levar a agressões verbais, que por sua vez podem levar a agressões físicas e que muitas vezes termina em homicídios; acidentes que desgraçam a vida não só daqueles que morrem ou tornam-se inválidos (física ou mentalmente), mas também de seus familiares.
A segunda provocação (de revisão da dependência criada em relação a esse tipo de mobilidade) pode ser justificada por três coisas: o comprometimento de parcela cada vez maior da renda para arcar com os custos de compra e manutenção dessa coisa que mais do que um meio de transporte foi transformada em um meio de demonstração de status; o endividamento causado por sucessivos financiamentos para adquirir um objeto de desejo que, segundo a propaganda, transforma qualquer simples indivíduo em um feliz proprietário (sic) de uma dívida particular, digo, de um carro particular; a devastação causada pelo derrubamento de casas, edifícios e árvores para dar lugar à construção e ao alargamento de vias de transporte e de estacionamentos a serem usados por aqueles que se tornaram os donos da maioria dos espaços nas grandes cidades: os carros particulares.
A terceira provocação (de estímulo a busca de alternativas de mobilidade que considerem o uso de transporte coletivo) pode ser justificada pela necessidade urgente de levar as pessoas a enxergar a impossibilidade de resolver problemas coletivos aplicando soluções (sic) particulares. Se o problema de mobilidade é decorrente do crescimento da quantidade de pessoas que necessitam compartilhar determinados espaços, ou seja, se o problema é coletivo, como é que passa pela cabeça desses seres pertencentes a tal de espécie inteligente do Universo que ele pode ser resolvido usando carros particulares?
Detesto propagandas de carros e uma das que mais detesto focalizava o Citroën C4 e dizia o seguinte: "E se eu fosse o único ser humano da face da Terra? Corrigindo. E se eu fosse o único ... homem da face da Terra? É assim que você se sente como o novo Citroën C4."
Ou seja, o que tal propaganda pretendia era convencer o indivíduo de algo, simplesmente, absurdo: ser o único em um meio onde existem bilhões. Absurdo, mas que, pelo que pode ser visto no ensandecido trânsito das grandes cidades, é algo bastante aceito por uma imensa, e estúpida, quantidade de motoristas. Pensando melhor, o que tal propaganda fez foi mostrar algo implícito no comportamento não apenas de possuidores de um Citroën C4, mas também das outras marcas e modelos.
Estupidez! Creio que, até aqui, seja esta a palavra que melhor define o relacionamento entre seres humanos e carros particulares. E é em conformidade com esta crença que optei por, no dia de hoje, publicar uma postagem alusiva ao Dia Mundial Sem Carro. Por não ter conseguido terminá-la antes, a publicação só aconteceu no final do dia.
Portanto, peço desculpas aqueles que tenham visitado hoje este blog e não tenham tido a oportunidade de ler esta postagem e de refletir sobre este tema deveras importante, mas espero que o façam a partir de amanhã, pois, discordando da referida propaganda (não crendo que cada um de nós seja o único ser humano na face da Terra), entendo como necessária a contribuição de cada um de nós no enfrentamento dos problemas que afligem o coletivo. E é entre tais problemas que está incluído o repensar o uso do carro particular.
Considerando que o ser humano (quando é capaz de perceber que não é o único na face Terra) adora fazer "o que todo mundo está fazendo", segue uma informação que encontrei em um artigo de Marcelo Rubens Paiva publicado em sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo, na edição de 27 de julho de 2013 com o título Repensar o carro. Segundo ele, "Muita gente planeja viver sem carro; a página Como Viver em SP Sem Carro tem já 50 mil seguidores no Face". Tomara que esses 50 mil consigam concretizar seus planos e que muitos outros os imitem.

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