País de nascimento de
muitas das coisas importantes para a humanidade, foi na França que surgiu, em
1997, o Dia Mundial Sem Carro.
"Lembrado" em 22 de setembro, já no ano 2000 ele foi adotado por
vários países europeus e desde então, a cada edição, recebe mais adesões de
países de todos os continentes. Os objetivos principais de tal data podem ser
descritos por três provocações: de reflexões sobre o uso excessivo do carro
particular; de revisão da dependência criada em relação a esse tipo de
mobilidade (cada vez menos eficiente e mais estressante); de estímulo à busca
de alternativas de mobilidade que considerem o uso de transporte coletivo.
A primeira provocação (de reflexões sobre o uso excessivo do carro particular) pode ser justificada
pelos inúmeros malefícios provocados pelo uso massivo do carro particular, dentre
os quais cito alguns exemplos: poluições, atmosférica e sonora, e doenças delas
decorrentes; perda cada vez maior de tempo em congestionamentos capazes de desencadear
uma série de males que começa com irritabilidade, pode levar a agressões
verbais, que por sua vez podem levar a agressões físicas e que muitas vezes
termina em homicídios; acidentes que desgraçam a vida não só daqueles que
morrem ou tornam-se inválidos (física ou mentalmente), mas também de seus
familiares.
A segunda provocação (de revisão da dependência criada em relação a esse tipo de mobilidade)
pode ser justificada por três coisas: o comprometimento de parcela cada vez
maior da renda para arcar com os custos de compra e manutenção dessa coisa que
mais do que um meio de transporte foi transformada em um meio de demonstração
de status; o endividamento causado por sucessivos financiamentos para adquirir um
objeto de desejo que, segundo a propaganda, transforma qualquer simples indivíduo
em um feliz proprietário (sic) de uma dívida particular, digo, de um carro
particular; a devastação causada pelo derrubamento de casas, edifícios e
árvores para dar lugar à construção e ao alargamento de vias de transporte e de
estacionamentos a serem usados por aqueles que se tornaram os donos da maioria
dos espaços nas grandes cidades: os carros particulares.
A terceira provocação (de estímulo a busca de alternativas de mobilidade que considerem o uso de
transporte coletivo) pode ser justificada pela necessidade urgente de levar
as pessoas a enxergar a impossibilidade de resolver problemas coletivos
aplicando soluções (sic) particulares. Se o problema de mobilidade é decorrente
do crescimento da quantidade de pessoas que necessitam compartilhar determinados
espaços, ou seja, se o problema é coletivo, como é que passa pela cabeça desses
seres pertencentes a tal de espécie inteligente do Universo que ele pode ser
resolvido usando carros particulares?
Detesto propagandas de carros e uma das que mais
detesto focalizava o Citroën C4 e
dizia o seguinte: "E se eu fosse o único ser humano da face da Terra? Corrigindo.
E se eu fosse o único ... homem da face da Terra? É assim que você se sente
como o novo Citroën C4."
Ou seja, o que tal propaganda pretendia era
convencer o indivíduo de algo, simplesmente, absurdo: ser o único em um meio onde
existem bilhões. Absurdo, mas que, pelo que pode ser visto no ensandecido
trânsito das grandes cidades, é algo bastante aceito por uma imensa, e
estúpida, quantidade de motoristas. Pensando melhor, o que tal propaganda fez foi
mostrar algo implícito no comportamento não apenas de possuidores
de um Citroën C4, mas também das outras
marcas e modelos.
Estupidez! Creio que, até aqui, seja esta a
palavra que melhor define o relacionamento entre seres humanos e carros
particulares. E é em conformidade com esta crença que optei por, no dia de
hoje, publicar uma postagem alusiva ao Dia
Mundial Sem Carro. Por não ter conseguido terminá-la antes, a publicação só
aconteceu no final do dia.
Portanto, peço desculpas aqueles que tenham
visitado hoje este blog e não tenham tido a oportunidade de ler esta postagem e
de refletir sobre este tema deveras importante, mas espero que o façam a partir de
amanhã, pois, discordando da referida propaganda (não crendo que cada um de nós
seja o único ser humano na face da Terra), entendo como necessária a
contribuição de cada um de nós no enfrentamento dos problemas que afligem o
coletivo. E é entre tais problemas que está incluído o repensar o uso do carro
particular.
Considerando que o ser humano (quando é capaz
de perceber que não é o único na face Terra) adora fazer "o que todo mundo
está fazendo", segue uma informação que encontrei em um artigo de Marcelo
Rubens Paiva publicado em sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo, na edição de 27 de julho de 2013 com o título
Repensar o carro. Segundo ele, "Muita gente planeja viver sem carro; a
página Como Viver em SP Sem Carro tem
já 50 mil seguidores no Face". Tomara que esses 50 mil consigam
concretizar seus planos e que muitos outros os imitem.
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