sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher - 2013

Sendo apologista do raciocínio sistêmico (segundo o qual qualquer coisa apresenta ligações com outras) tenho o hábito de publicar postagens consecutivas sobre determinado tema. Foi o que ocorreu com as três anteriores e que prosseguirá com esta, pois, no meu entender, uma postagem homenageando o Dia Internacional da Mulher tem tudo a ver com Mudar o amanhã.
Desculpando-me pela falta de inspiração, mas não querendo deixar de homenagear as mulheres em seu Dia Internacional optei por recorrer a um texto intitulado Ideal Feminino que eu gostaria de ter escrito. Ele foi publicado na edição de janeiro de 2009 do jornal Oxigênio, uma publicação distribuída gratuitamente que eu costumo encontrar em lojas de produtos naturais e restaurantes vegetarianos, e é atribuído a José Luiz, apresentado como estudante de teosofia, Ramana Mahashi e Krishnamurti.
Ideal Feminino
No século XIX, Helena Petrovna Blavatsky, ou simplesmente Blavatsky, como gostava de ser chamada, percebeu – ou foi orientada pelos Mahatmas que, por seu intermédio nos legaram, entre outros ensinamentos, a Doutrina Secreta – que o mundo ocidental deveria se voltar para o ideal feminino, perdido por ocasião da passagem do matriarcalismo, para o patriarcalismo, fato que assinalou a vitória do Cristianismo Teológico, a reboque do Império Romano, e, consequentemente da herança judaica.
Um Deus masculino emergia em substituição à visão de Deus que se apresentava também na forma feminina e das deidades femininas dos ditos povos pagãos, principalmente os orientais. Blavatsky sabia que ou o ocidente se voltava para os aspectos abandonados do matriarcalismo – tolerância, fraternidade, paz, sensibilidade, intuição, compreensão – ou estaríamos fadados ao malogro.
Na época de Blavatsky, bem como da sua sucessora, Annie Besant, a Sociedade Teosófica apoiou vários movimentos de cunho feminista, buscando a libertação da mulher do jugo patriarcal.
A mulher, ao longo do tempo, foi conseguindo finalmente se libertar de várias formas de opressão e, já no século passado e em nosso atual século, ocupou e ocupa cargos de poder. É certo que as funções mais importantes, aquelas que decidem os destinos do mundo, continuam nas mãos dos homens, mas, cada vez mais, a mulher ascende nessa escalada e, lamentavelmente, tudo indica também que formou-se uma nova onda de marketing político, principalmente na nossa América Latina.
A mulher no poder, na grande maioria dos casos, sucumbiu, tentou fazer a imitação do homem, tornando-se caricata nessa atitude. Ficaram ainda mais opressoras que os próprios opressores, mais masculinas (no sentido dos valores masculinos, de dominação: guerra, competição, controle, agressividade), do que o próprio homem. Hoje como disse, são objeto da mídia, que mais uma vez assimilou a mudança em nome do sistema.
Diante desse quadro, já não se trata de ter a mulher no poder, mas de buscar incorporar o “ideal feminino”; isso quer dizer que o sexo não importa, o importante são os ideais. Os ideais masculinos, certamente, em medida equilibrada, não são ruins, mas, exacerbados como estão, geram o que estamos vendo: uma civilização à beira do colapso total.
Se os ideais masculinos estão exageradamente exaltados, temos que fazer uma contrapartida urgente, promovendo a supremacia dos ideais femininos, para, numa etapa seguinte, corrigida a grave distorção, buscarmos o equilíbrio entre os aspectos masculinos e femininos.
No momento, pessoas, independentemente do sexo, alinhadas com a paz, a fraternidade, a sensibilidade, a intuição, compreensão, tolerância, compaixão, em resumo, com o aspecto feminino do ser, deveriam ser indicadas para essa mudança de paradigma.
Nosso erro fundamental, ao longo de todos esses séculos de domínio patriarcal, foi esperar que, formadas em uma cultura tão egocêntrica e competitiva, as pessoas pudessem ser sinceramente interessadas pelo bem comum, pelo próximo. Aconteceu e acontece que o discurso na prática é outro, pois das entranhas do egocentrismo não pode nascer o altruísmo.
A revolução interior de cada um se faz hoje mais do que necessária, a fim de que uma nova consciência, uma nova humanidade, possa renascer dos escombros da atual, e o autoconhecimento, é uma das principais (se não a principal) ferramenta dessa revolução silenciosa. Mudança de paradigma.
Então não se trata mais de termos a mulher no poder, mas sim de termos o ideal feminino no poder.
Quem sabe dessa forma ainda temos alguma chance?
*************
“O mundo que criamos hoje, como resultado de nosso pensamento, tem agora problemas que não podem ser resolvidos se pensarmos da mesma forma que os criamos.” Fazendo uma adaptação das sábias palavras de Albert Einstein, digo o seguinte: O mundo que criamos hoje, como resultado de ideais masculinos, tem agora problemas que não podem ser resolvidos se usarmos os mesmos ideais que os criaram. Ou seja, se desejarmos um amanhã melhor do que o hoje é imprescindível que haja espaço para o que José Luiz chama de aspecto feminino do ser: paz, fraternidade, sensibilidade, intuição, compreensão, tolerância e compaixão.
O problema é que nesta sociedade deficiente quanto à interpretação do que nela ocorre, o fato de a mulher passar a ocupar cargos e funções antes ocupados exclusivamente por homens proporciona a errônea impressão de que a sociedade está concedendo espaço para os ideais femininos. Fala-se em igualdade de direitos (o que envolveria o direito de exercer os ideais femininos), mas a igualdade concedida à mulher é apenas a de exercer as mesmas funções que os homens, o que a coloca inclusive em condições de igualdade para morrer em frentes de batalha nas guerras.
O sinistro, no meu entender, é que a mulher parece estar satisfeita com a igualdade recebida e sendo assim o que faz ela? Em vez de mostrar a superioridade dos ideais femininos para a construção de um amanhã onde todos (homens e mulheres) possam viver em harmonia, a mulher parte uma competição (um ideal masculino) cada vez mais feroz com a qual pretende mostrar que é superior ao homem em qualquer coisa que seja permitido que ambos façam. Ou seja, em vez de lutar para fazer com que o aspecto feminino seja incorporado à sociedade, ela parece ter capitulado e incorporado o aspecto masculino que moldou a insana sociedade na qual sobrevivemos. O que se vê hoje é a mulher perfeitamente adaptada aos ideais masculinos: competição, controle, agressividade, guerra. Conforme dito no parágrafo acima, hoje a mulher já aceita até morrer em frentes de batalha. Definitivamente, isto não é uma conquista; talvez seja até uma punição pelas tentativas de conquista.
A intenção desta postagem é homenagear as mulheres, principalmente as que sem abrir mão dos ideais femininos prosseguem atuando no sentido de mudar o amanhã, e conscientizar os homens de que construir um mundo onde homens e mulheres possam conviver harmoniosamente é tarefa a ser compartilhada pelos dois gêneros. Às mulheres cabe colocar em prática, em toda e qualquer atividade por elas desempenhadas, os ideais femininos (paz, fraternidade, sensibilidade, intuição, compreensão, tolerância e compaixão). Aos homens cabe abandonar os ideais masculinos (guerra, competição, controle, agressividade) e criar condições propícias para o desenvolvimento do aspecto feminino.
Reconhecer que sem as mulheres o mundo criado por eles tem agora problemas que não podem ser resolvidos se usarmos os mesmos ideais com os quais os criamos é um excelente começo. Aceitar a cooperação (um ideal feminino) das mulheres na construção um amanhã melhor do que o hoje é um ótimo segundo passo. Está completamente equivocado quem acha que homens e mulheres são sexos opostos. Eles são complementares, e é com a cooperação dos dois que chegaremos a um amanhã que preste. Quem sabe dessa forma ainda temos alguma chance? É com esta frase que José Luiz encerra o seu excelente texto, e é também com ela que encerro esta postagem.

Nenhum comentário: