quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Reflexões provocadas por "A história do Lançador de Estrelas"

Conheci A história do Lançador de Estrelas em um curso feito na Petrobras, há algumas décadas, e jamais a esqueci, pois ela é riquíssima em provocação de reflexões.
Era uma vez um homem sábio. Um homem muito especial, pois combinava o melhor de duas culturas: ele era um cientista e um poeta. Um homem que tinha o hábito de andar pela praia antes de começar o seu trabalho. Mas que apesar de ser um sábio, em uma de suas caminhadas matinais pela praia, foi surpreendido por uma resposta de um jovem que o deixou chateado, por não ter conseguido respondê-la. Desapontado, ele voltou para a sua casa de campo para escrever, mas...
"Durante todo o dia, enquanto escrevia, a imagem daquele jovem o assombrava. Ele tentou ignorá-la, mas a visão persistia. Finalmente, no final da tarde, percebeu que ele, o cientista, ele, o poeta, havia perdido a essência da natureza das atitudes do jovem. Porque ele percebeu que aquele jovem estava escolhendo não ser um observador do universo e o ver passando, mas ele estava escolhendo ser um ator do universo e fazer a diferença.
Ele estava envergonhado. Naquela noite ele foi para a cama, perturbado. Quando a manhã chegou, ele acordou sabendo que tinha que fazer alguma coisa. Então, ele levantou, se vestiu, foi para a praia e achou o jovem. E, com ele, passou o restante da manhã lançando estrelas-do-mar no oceano."
Sem conseguir responder ao jovem, o homem sábio se virou e voltou para a sua casa de campo para começar a escrever. Mas, durante todo o dia, enquanto escrevia, a imagem daquele jovem o assombrava. Ele tentou ignorá-la, mas a visão persistia. Essa passagem me faz lembrar uma frase inesquecível do filme A Praia: "É fácil dar as costas, mas não é tão fácil esquecer". Que frase perturbadora! Por mais que insistamos em dar as costas ao que presenciamos existe algo denominado consciência que, dificilmente, nos deixa em paz.
Foi ela, a consciência, que fez com que ele, o cientista, ele, o poeta, reativasse a sua sabedoria (talvez perturbada pela surpreendente resposta de um jovem) e o fizesse perceber que havia perdido a essência da natureza das atitudes do jovem. E ao reativar a sua sabedoria, ele ficou envergonhado e foi para a cama, perturbado. Mas como era um homem sábio, ele acordou sabendo que quando a consciência nos perturba é preciso fazer alguma coisa. Então, o que fez ele? Em uma demonstração de que apesar da sabedoria que se possua, a vida é um eterno aprendizado, ele absorveu a lição que lhe foi dada por aquele jovem.
Aquele jovem que, em vez de ser um mero observador do universo, escolhera ser dele um ator e fazer diferença, pois, ao contrário do cientista, ele entende que para fazer diferença não é necessário ser capaz de sozinho mudar o mundo, e sim apenas dispor-se a fazer a sua parte. Algumas vezes, parece-me que os cientistas têm dificuldade de entender que a mudança do todo é feita a partir da mudança das partes que o constituem. Lembram da postagem O homem como o centro do universo? Aquele jovem me faz lembrar do menino daquela postagem. E também de Madre Teresa de Calcutá: "Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor". 
Então, acordando consciente da necessidade de fazer alguma coisa, o cientista, talvez agindo mais como o poeta, levantou e foi para a praia ajudar o jovem a lançar estrelas-do-mar no oceano. E, dessa forma, contribuir para fazer uma diferença maior.
E nós, quando será que acordaremos conscientes da necessidade de fazer alguma coisa em prol de um mundo melhor? Quando é que deixaremos de ser meros espectadores e nos tornaremos atores dispostos a fazer diferença no universo? Espero que a leitura desta postagem consiga produzir efeito semelhante ao que a resposta daquele jovem causou no homem sábio. Ou seja, que ela os perturbe ao deitar e os faça acordar sabendo que têm que fazer alguma coisa, pois todos nós somos presenteados com a habilidade de fazer diferença.
Adoro esta história e adorei escrever esta postagem, pois ela se presta maravilhosamente bem a dois papéis: Reforçar a ideia das duas anteriores (A consciência de sua missão) e fornecer subsídios para a próxima: Mensagem de início de ano - 2012. Ficaram espantados com o título? Aguardem-na.

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