A vontade de escrever sobre utopias surgiu ao perceber a relação existente entre duas ideias defendidas na postagem anterior. A primeira é a de que filmes podem servir de estímulo à reflexão e a segunda é a validade de algo dito pela Física Quântica. O que alguém chama de impossível é simplesmente algo que jamais tinha visto, diz uma mensagem passada na parte final do filme Amor além da vida. Não existem certezas, mas apenas ondas de possibilidades, diz a Física Quântica. Acredito nas duas afirmações, creio que elas têm tudo a ver e as relaciono também com a ideia de utopia.
O que são utopias? São coisas que, por ouvir dizer que são irrealizáveis, as pessoas nem tentam realizar. Mas achar que algo é irrealizável, sem sequer haver tentado, não deveria ser chamado de utopia, e sim de apatia. Infelizmente, em sociedades cuja maioria é constituída de seres apáticos qualquer coisa cuja obtenção necessite de algum esforço é considerada uma utopia.
Por crer que utopia e impossibilidade podem ser vistas como sinônimos, julgo conveniente lembrar do que Sêneca e Max Weber dizem sobre impossibilidade. Deixamos de fazer certas coisas por considerá-las impossíveis, mas, em verdade, elas tornam-se impossíveis apenas porque não nós dispomos a fazê-las, diz Sêneca. Toda experiência histórica confirma esta verdade: que o homem não teria alcançado o possível se repetidas vezes, não tivesse tentado o impossível, diz Max Weber. Portanto, utopias devem ser questionadas e derrubadas, digo eu. E para estimular tal atitude, repasso-lhes uma frase sobre cuja autoria há controvérsias, pois uns a atribuem a Jean Cocteau e outros a Mark Twain. Eles não sabiam que era impossível, então eles fizeram. Portanto, sugiro que deixem de lado a controvérsia quanto ao autor e concentrem-se na ideia que, aliás, também está presente na seguinte fábula que a amiga Júlia me enviou por e-mail.
A história dos sapinhos“Um grupo de sapinhos organizou uma competição cujo objetivo era alcançar o topo de uma torre muito alta. No dia da competição, uma multidão juntou-se em volta da torre para assistir e animar os competidores. Mas, como ninguém acreditava realmente que os sapinhos fossem capazes de realizar aquela impossível missão, a multidão logo começou a gritar coisas como: ‘Eles não têm nenhuma chance, pois a torre é muito alta’ e ‘Nenhum deles conseguirá alcançar o topo’. Ouvindo isso, alguns sapinhos começaram a cair; outros a desistir e apenas um deles prosseguiu na tentativa de alcançar o objetivo. Seu enorme esforço foi recompensado e ele chegou ao topo da torre. Ao conseguir, todos quiseram saber o que o fez prosseguir, mesmo vendo todos os demais desistirem, e a resposta que receberam foi surpreendente: o sapinho é surdo. Ou seja, por não conseguir ouvir a multidão gritar que a tarefa era impossível, ele a realizou”.
Não, não me venham com desculpas de que não agem como o sapinho porque não são surdos. Se não o são, façam-se de surdos quando alguém lhes disser que ideais capazes de transformar o mundo em algo melhor são utopias.
Comecei esta postagem dizendo que ela surgiu ao perceber a relação existente entre duas ideias defendidas na anterior e termino falando sobre uma relação que urge percebermos. É aquela existente entre o que fazemos na vida e o que resulta de nossas ações. Quando passarmos a dar a devida atenção a essa relação, deixaremos de aceitar como utopias coisas que a maioria acomodada considera como tal, e então estará provado que utópico é apenas aquilo que ainda não nos dispusemos (com todas as nossas forças) a realizar.
Tomara que os leitores deste blog consigam chegar até aqui, pois não quero que a leitura completa desta postagem (relativamente curta) seja vista como mais uma utopia.
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