Esta postagem apresenta a primeira parte de uma passagem do livro Transformando Pensamentos Em Ação, de Arnold Fox e Barry Fox, intitulada A meta é a felicidade.
A meta é a felicidade
“Era um lindo dia ensolarado em Roxbury Park, em Beverly Hills. Eu tinha ido ver meu filho Steven e a equipe de futebol que ele treina. Observar a partida no campo era divertido – garotos correndo de um lado para o outro, tentando acertar a bola entre as traves adversárias. No entanto, o jogo fora do campo era muito, muito mais interessante.
‘Falta! Foi falta!’, gritava Smith, um dos pais dos pequenos jogadores, querendo alertar o juiz.‘Como é que você deixa esse cara passar?’, berrou Jones ao seu filho. ‘Da próxima vez, vá mais para o lado! Mais para o lado!’‘Desculpe-me, senhor Jones’, disse meu filho. ‘Eu é que sou o técnico e dou as ordens’.‘Cale a boca!’, irritou-se Smith.‘Você diz que é técnico’, escarneceu Jones. ‘Veja só! Veja! Os adversários acabaram de marcar outro gol, e é tudo culpa sua!’‘Por que é culpa do técnico?’, perguntei. Eles não sabiam que Steven era meu filho.‘Porque esse técnico idiota deixa os piores jogadores entrarem em campo’, retrucou Jones. ‘E quando se coloca os piores jogadores em campo, a derrota é certa. O motivo é simplesmente este!’
Nesta altura, todos os pais presentes estavam envolvidos na disputa. Steven tentava explicar sua filosofia de treinamento: ‘Eu quero que todos os garotos se divirtam e aprendam a jogar futebol. Até mesmo os meninos menos talentosos devem ter uma chance. É impossível aprender a jogar e é impossível se divertir, se você ficar sentado no banco. Além do mais, se estamos nos divertindo, quem se importa em ganhar ou perder?’‘Quem se importa em ganhar ou perder? Quem se importa?’, repetiam os pais indignados. O berreiro estava se transformando num terrível grito de guerra, enquanto pais e mães, furiosos, avançavam contra Steven.
‘Você está arruinando a vida do meu filho não lhe ensinando a vencer, vencer, VENCER!’, exclamou Jones.‘Os piores jogadores simplesmente não deveriam sair do banco’, disse Smith.‘Mas justamente o seu filho é o pior da equipe inteira’, protestou Steven.‘Eu sei disso. E tenho certeza de que ele prefere ficar no banco de um time vencedor do que jogar num time perdedor’, afirmou Smith.‘Vencer! Vencer! Vencer!’, era o brado dos pais enfurecidos. Forcei meu caminho em meio à multidão para me colocar ao lado do meu filho, mas sem revelar quem eu era.‘Por que se preocupar com a vitória?’, perguntou Steven se defendendo.‘Por que se preocupar com a vitória?’, repetiram os pais indignados e incrédulos. ‘Por que se preocupar com a vitória?’‘Exatamente. A finalidade de todos é a diversão.’‘Diversão?’, gritaram os pais, incapazes de acreditar no que estavam ouvindo. ‘Diversão? Diversão?’
Eu achei que estava na hora de falar em defesa de Steven. No entanto, antes que eu pudesse dizer uma palavra sequer, um senhor idoso, muito bem vestido com um terno cinza listrado, de guarda-chuva e chapéu, me afastou do lugar.
‘Desculpe-me dr. Fox’, disse ele. ‘Eu sei o que o senhor vai dizer. Por favor, pense melhor.’‘Mas Steven está certo. A diversão é muito mais importante que a vitória.’‘Concordo’, disse o cavalheiro idoso, com um brilho especial nos olhos. ‘Concordo. Mas considere o seguinte. Nossa economia, nossa sociedade, todo o nosso estilo de vida depende do que acontece em campos esportivos como este, espalhados em todo o país. Veja aquele garoto ali. Ele é um dos piores da equipe. Em qualquer outra equipe ele não sairia do banco de reservas. Mas Steven deixa que ele jogue. O garoto adora jogar. Ele sempre se diverte muito, e não se importa em saber quem ganha ou quem perde. Ele é um garoto feliz e descontraído, da mesma forma como seus pais são adultos felizes e descontraídos.’‘E o que isso tem a ver com toda esta situação?’, perguntei impaciente, querendo voltar para a defesa de Steven.
‘Tenha paciência, dr. Fox’, disse o homem idoso, com uma certa dose de malícia presente em cada palavra. ‘Veja o filho de Jones. Ele certamente é o melhor jogador da equipe inteira. No entanto, tem a infeliz tendência de gritar com os adversários, de insultar o juiz e de humilhar seus colegas de time. Ele passa rasteira nos adversários e comete faltas quando o juiz não está olhando. Ele dá murros no próprio corpo quando comete algum erro. E xinga os companheiros quando eles fazem alguma coisa errada. Resumindo, ele é um garoto miserável e desajustado, exatamente como seus pais são adultos miseráveis e desajustados.’
‘Isto é pavoroso’, protestei. ‘Veja os pais dele. São pessoas agressivas e infelizes, que já se divorciaram algumas vezes, têm pressão sangüínea extremamente elevada, consomem grande quantidade de pílulas e vivem se entupindo de comida numa tentativa de esquecer a miséria interior. Ambos têm úlceras atualmente, e provavelmente sofrerão ataques cardíacos antes de completar cinqüenta anos!’‘Exatamente! Exatamente!’, concordou o senhor idoso quase aos berros, pulando de um pé para o outro. ‘Sem dúvida alguma, é o que acabará acontecendo. Sem dúvida alguma!’‘Por que o senhor está tão satisfeito com isto?’, perguntei, certo de que o homem era maluco.‘Eu fico feliz em saber que este garotinho miserável vai crescer para se tornar exatamente como seus miseráveis pais’.‘Mas isto é terrível!’‘Não’, exultou ele, continuando a pular de um lado para o outro. ‘É justamente isto que torna o nosso país tão grande.’”
Continua depois de amanhã
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