Ao encerrar
seu instigante texto com "... deixar o amor falar - e ressoar -, sem dizer
uma só palavra", Jacqueline Pereira levou-me a encerrar a postagem
anterior, na qual ele é reproduzido, "sem dizer uma só palavra", após
a reprodução. Sendo assim, ficaram para esta postagem as palavras que não foram
ditas na anterior.
"Quem escuta não tem missão de resolver, tem missão de acolher. Porque há dores que não pedem solução, pedem apenas espaço para respirar.", diz Jacqueline Pereira.
Sim, "há dores (e também problemas) que não pedem
solução, pedem apenas espaço para respirar", pois, a partir do momento em
que conseguem respirar, as dores (e também os problemas) encontram a solução.
Ao dizer
que "Quem escuta não tem missão de resolver, tem missão de acolher", Jacqueline
faz-me lembrar do conceito de "não diretividade", desenvolvido por Carl
Rogers (1902-1987), um conhecido psicólogo norte-americano. Segundo tal
conceito, há problemas cuja solução não ocorre oferecendo ao atingido pelo
problema a "solução pronta", e sim a cooperação para, junto com ele,
encontrar a solução. A postagem intitulada "Os dois tipos de consultores",
publicada em 03 de abril de 2012 (faz tempo, hein!), focaliza a "não
diretividade" e a "diretividade", como formas de se lidar com
problemas.
A atuação como Analista de Sistemas durante 3,5 décadas, tornou-me um entusiasta pela "não diretividade", pois sistemas de informação, que realmente solucionem o problema dos usuários, jamais poderão ser a eles oferecidos como uma "solução pronta", e sim desenvolvidos juntamente por analistas e usuários.
"E o mais surpreendente é que, ao escutarmos o outro com profundidade, algo em nós também se amansa e se transforma. É como se a alma, ao servir de abrigo, também fosse curada."
Extraído do instigante texto de
Jacqueline Pereira, o parágrafo acima, faz-me, imediatamente, lembrar de um
antigo provérbio chinês que diz: "Um
pouco de perfume sempre fica nas mãos de quem oferece flores". Em outras
palavras: algum benefício sempre fica conosco quando nos dispomos a beneficiar
alguém. Sim, como diz Jacqueline, eis algo "surpreendente"; algo do qual, passada a surpresa, jamais
deveríamos esquecer.
"Aprender a ouvir é um dos exercícios mais bonitos - e mais desafiadores - que a vida nos propõe. Isso porque escutar de verdade exige inteireza, e inteireza é mais do que atenção: é presença inteira, é deixar de ser o centro por alguns instantes para que o outro possa existir em nós.""Mas como aprender a escutar? Primeiro, é preciso desacelerar. Escutar não combina com urgência, com afobação. Depois, aprender a esvaziar-se. Tirar do caminho os próprios julgamentos, opiniões e respostas prontas. Estar ali, inteiro, para o outro. E, acima de tudo, cultivar o silêncio interno, aquele que não se apressa em responder, mas se abre para compreender."
Sim, como
diz Jacqueline, "Aprender a ouvir é um dos exercícios mais desafiadores
que a vida nos propõe.". Até porque, ainda usando palavras dela, é algo,
simplesmente, contraditório, nesta insana sociedade (sic) na qual sobrevivemos.
Afinal, se "escutar de verdade exige inteireza, e inteireza é mais do que
atenção: é presença inteira, é deixar de ser o centro por alguns instantes para
que o outro possa existir em nós.", escutar é algo que, simplesmente, "não
combina com urgência, com afobação", duas coisas que, a cada dia que
passa, estão mais presentes nas ações praticadas, pela maioria dos integrantes de uma pretensa espécie
inteligente do Universo.
Dentre as
inúmeras coisas interessantes existentes no instigante texto de Jacqueline, destaco
o fato de ao mesmo tempo em que ela considera que "Aprender a ouvir é um
dos exercícios mais desafiadores que a vida nos propõe.", ela propõe uma "receita"
a ser usada na prática do desafiador exercício.
"Primeiro, é preciso desacelerar. Depois, aprender a esvaziar-se. Tirar do caminho os próprios julgamentos, opiniões e respostas prontas. Estar ali, inteiro, para o outro. E, acima de tudo, cultivar o silêncio interno, aquele que não se apressa em responder, mas se abre para compreender."
Afinal,
ainda segundo Jacqueline Pereira:
"Escutar é uma forma de amor. Quando calamos para que o outro fale, estamos dizendo: 'Você importa, sua história merece lugar, seus sentimentos são válidos'. Sócrates dizia: 'Fala, para que eu possa te ver'. E talvez não haja forma mais bonita de ver alguém do que escutando com o coração."
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