segunda-feira, 1 de setembro de 2025

Reflexões provocadas por "Quando você cala, alguém floresce"

Ao encerrar seu instigante texto com "... deixar o amor falar - e ressoar -, sem dizer uma só palavra", Jacqueline Pereira levou-me a encerrar a postagem anterior, na qual ele é reproduzido, "sem dizer uma só palavra", após a reprodução. Sendo assim, ficaram para esta postagem as palavras que não foram ditas na anterior.  
"Quem escuta não tem missão de resolver, tem missão de acolher. Porque há dores que não pedem solução, pedem apenas espaço para respirar.", diz Jacqueline Pereira.
Sim, "há dores (e também problemas) que não pedem solução, pedem apenas espaço para respirar", pois, a partir do momento em que conseguem respirar, as dores (e também os problemas) encontram a solução.
Ao dizer que "Quem escuta não tem missão de resolver, tem missão de acolher", Jacqueline faz-me lembrar do conceito de "não diretividade", desenvolvido por Carl Rogers (1902-1987), um conhecido psicólogo norte-americano. Segundo tal conceito, há problemas cuja solução não ocorre oferecendo ao atingido pelo problema a "solução pronta", e sim a cooperação para, junto com ele, encontrar a solução. A postagem intitulada "Os dois tipos de consultores", publicada em 03 de abril de 2012 (faz tempo, hein!), focaliza a "não diretividade" e a "diretividade", como formas de se lidar com problemas.

A atuação como Analista de Sistemas durante 3,5 décadas, tornou-me um entusiasta pela "não diretividade", pois sistemas de informação, que realmente solucionem o problema dos usuários, jamais poderão ser a eles oferecidos como uma "solução pronta", e sim desenvolvidos juntamente por analistas e usuários.

"E o mais surpreendente é que, ao escutarmos o outro com profundidade, algo em nós também se amansa e se transforma. É como se a alma, ao servir de abrigo, também fosse curada."
Extraído do instigante texto de Jacqueline Pereira, o parágrafo acima, faz-me, imediatamente, lembrar de um antigo provérbio chinês que diz: "Um pouco de perfume sempre fica nas mãos de quem oferece flores". Em outras palavras: algum benefício sempre fica conosco quando nos dispomos a beneficiar alguém. Sim, como diz Jacqueline, eis algo "surpreendente"; algo do qual, passada a surpresa, jamais deveríamos esquecer.
"Aprender a ouvir é um dos exercícios mais bonitos - e mais desafiadores - que a vida nos propõe. Isso porque escutar de verdade exige inteireza, e inteireza é mais do que atenção: é presença inteira, é deixar de ser o centro por alguns instantes para que o outro possa existir em nós." 
"Mas como aprender a escutar? Primeiro, é preciso desacelerar. Escutar não combina com urgência, com afobação. Depois, aprender a esvaziar-se. Tirar do caminho os próprios julgamentos, opiniões e respostas prontas. Estar ali, inteiro, para o outro. E, acima de tudo, cultivar o silêncio interno, aquele que não se apressa em responder, mas se abre para compreender."
Sim, como diz Jacqueline, "Aprender a ouvir é um dos exercícios mais desafiadores que a vida nos propõe.". Até porque, ainda usando palavras dela, é algo, simplesmente, contraditório, nesta insana sociedade (sic) na qual sobrevivemos. Afinal, se "escutar de verdade exige inteireza, e inteireza é mais do que atenção: é presença inteira, é deixar de ser o centro por alguns instantes para que o outro possa existir em nós.", escutar é algo que, simplesmente, "não combina com urgência, com afobação", duas coisas que, a cada dia que passa, estão mais presentes nas ações praticadas, pela maioria dos integrantes de uma pretensa espécie inteligente do Universo.
Dentre as inúmeras coisas interessantes existentes no instigante texto de Jacqueline, destaco o fato de ao mesmo tempo em que ela considera que "Aprender a ouvir é um dos exercícios mais desafiadores que a vida nos propõe.", ela propõe uma "receita" a ser usada na prática do desafiador exercício.
"Primeiro, é preciso desacelerar. Depois, aprender a esvaziar-se. Tirar do caminho os próprios julgamentos, opiniões e respostas prontas. Estar ali, inteiro, para o outro. E, acima de tudo, cultivar o silêncio interno, aquele que não se apressa em responder, mas se abre para compreender."
Afinal, ainda segundo Jacqueline Pereira:
"Escutar é uma forma de amor. Quando calamos para que o outro fale, estamos dizendo: 'Você importa, sua história merece lugar, seus sentimentos são válidos'. Sócrates dizia: 'Fala, para que eu possa te ver'. E talvez não haja forma mais bonita de ver alguém do que escutando com o coração."

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